Atualmente, tem se falado muito, em todas as áreas de atuação, sobre os benefícios da tecnologia na nova Era Digital, que veio para mudar definitivamente a forma das pessoas se comunicarem, fazerem negócios e até realizarem suas atividades cotidianas de trabalho.
Para abordar os impactos da tecnologia na área de Recursos Humanos, participei do CONCARH (Congresso Catarinense sobre Gestão de Pessoas), realizado em Florianópolis e reconhecido como o maior evento da área na Região Sul do país. Na ocasião, as duas palestras que realizei sobre o tema contaram com o auditório lotado de profissionais interessados em se atualizar sobre as tendências do mercado de trabalho.
Não dá para falar sobre tecnologia e inovação sem antes mencionar algumas fases de nossa história. Demoramos três mil anos para atravessar a revolução agrícola e descobrir a cerâmica, e mais outros dois mil para construir a primeira cidade. Com isso, o que fica bastante claro é que a informação está por trás de todas as importantes descobertas ou processos evolutivos da humanidade. Ou seja, quanto mais informação as pessoas tinham, mais rapidamente elas conseguiam evoluir, inventar ou mesmo agir para a mudança.
A tecnologia avançou tanto que às vezes fica até difícil acompanhar. Agora as informações nos chegam a uma velocidade incrível e as inovações se sucedem, superando tudo que demorou milênios para acontecer. Por exemplo, o primeiro computador ocupava uma área de 180 m2, enquanto hoje temos um computador completo na palma de nossas mãos. Existem fazendas indoor que fabricam alimentos orgânicos com capacidade produtiva 100 vezes maior do que a agricultura tradicional, e a entrega com drones não é mais novidade – isso para mencionar só algumas das invenções que chegaram para beneficiar a humanidade.
Ao citar esses exemplos pretendo destacar a capacidade que a tecnologia tem de proporcionar evolução onde quer que seja aplicada. Trazendo essa perspectiva para a realidade de uma empresa, sabemos que não dá para passar um dia sequer sem o uso da tecnologia, mas também não se faz nada sem as pessoas.
E quem são os responsáveis não só por trazer as pessoas para as empresas, mas principalmente por geri-las? O profissional de RH.
Esse profissional é reconhecido por entender as pessoas e trabalhar para que elas tenham um clima organizacional saudável. Entender e saber lidar com as pessoas é fundamental para o sucesso em qualquer área da vida e no mundo corporativo, ainda mais, pois a união de talentos e esforços é o que consegue promover a transformação em qualquer ambiente.
Então se o profissional de RH tem essa imensa responsabilidade, o que ele deve fazer para continuar sendo um agente transformador nas empresas? A resposta é usar a tecnologia a seu favor!
Em 2015, o Fórum Econômico Mundial divulgou uma lista com as principais competências necessárias para o sucesso profissional no futuro. A lista foi revisada no começo de 2018 como forma de orientar sobre a empregabilidade no futuro, mas principalmente para direcionar as metodologias educacionais que vão formar tais competências.
Segundo o estudo, as competências essenciais para que um profissional se adapte aos novos modelos de negócios, com empresas cada vez mais ágeis e inovadoras, são: resolução de problemas complexos, senso crítico, criatividade, gestão de pessoas, coordenação com outros, inteligência emocional, análise e tomada de decisão, orientação para o cliente, negociação e flexibilidade cognitiva.
Eu arriscaria dizer que, de todas essas habilidades, as mais importantes são a inteligência emocional e a flexibilidade cognitiva, pois com elas entra em ação aquilo em que o ser humano é melhor do que a máquina, que é entender tudo o que está acontecendo ao redor e usar as experiências passadas para optar pela melhor decisão a ser tomada. A tendência é que essas competências passem a ser cada vez mais valorizadas, exatamente porque são as que diferenciam as pessoas as máquinas.
A velocidade da tomada de decisão na área de RH é outra questão que precisamos avaliar. Não dá mais para trabalhar com estruturas hierárquicas ultrapassadas, é preciso trazer pessoas com a capacidade de identificar problemas e resolvê-los com agilidade.
Estudos comprovam que, quando o recrutador se baseia apenas no histórico profissional do candidato, a chance de escolher errado é de 84%. Nesse sentido, o uso das ferramentas e testes de avaliação é importante para tornar o processo de seleção mais assertivo, elevando de 16% para 65% as chances de selecionar perfis mais aderentes a cada cargo.
Além da assertividade, o uso dessas ferramentas permite que todo o processo de seleção seja justo, porque elimina a subjetividade do processo e avalia todos os candidatos de forma igualitária. Com isso, o RH passa a ser um agente de valorização da diversidade na empresa, já que inclui candidatos diversos, minimiza os vieses inconscientes e baseia a escolha exclusivamente nas habilidades e competências do candidato, sem levar em conta raça, gênero, orientação sexual, histórico profissional etc.
Existem diversas ferramentas disponíveis no mercado, mas o RH precisa entender quais são as mais importantes para a sua empresa e até para o cargo em aberto. Se análise de personalidade me mostra o porquê de determinada pessoa ser de um jeito, a análise do comportamento vai me apresentar como ela lida e reage às situações. Por isso, usar um mix de ferramentas torna o processo mais eficiente.
Voltando à questão da evolução, um processo seletivo pode demorar até três meses, dependendo do nível para o qual estejam sendo selecionados profissionais. Com o uso dos testes desde o início do processo, podemos reduzir muito esse tempo.
A área de RH tem que começar a usar a inteligência artificial a seu favor, integrando todas as ferramentas com os sistemas de seleção para conseguir maior produtividade e eficiência, visando resultados mais efetivos e facilitando o dia a dia da área.
Quando o RH acerta no processo seletivo, todo mundo ganha: a empresa, o RH e os profissionais, que desempenharão melhor as funções para as quais foram contratados. Se é possível usar as tecnologias disponíveis para melhorar os processos da área, por que continuar batendo cabeça? Isso é, definitivamente, coisa do passado!
Marcelo Souza – CEO do Grupo Soulan e Country Manager da Thomas International Brasil.
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Fonte: Jornal Contábil