Grande parte das empreendedoras do Brasil (67%) têm filhos, segundo o estudo “Empreendedorismo Feminino”, elaborado pelo Sebrae. A necessidade de cuidar da prole influenciou mais a decisão de abrir o negócio entre as mulheres do que entre os homens que empreendem. Enquanto 68% delas disseram que a dedicação aos filhos “influenciou muito”, entre os homens esse índice foi de 56%. Outros 34% dos empresários apontaram que “não influenciou nada”.
A sobrecarga de tarefas e a dificuldade em conciliar o tempo dedicado ao negócio e os cuidados com os filhos continuam sendo desafios enfrentados pelas mulheres. O estudo do Sebrae, que foi publicado em novembro passado, contabilizou a quantidade de horas destinadas a mais pelas mulheres que empreendem nos cuidados com pessoas da família e nos afazeres domésticos. Elas dedicam 3,1 horas aos cuidados familiares e consomem 2,9 horas do seu dia nos afazeres domésticos, praticamente o dobro dos homens, que gastam 1,6h e 1,5h, respectivamente, com essas atividades.
Consequentemente, as mulheres empreendedoras acabam dedicando menos horas semanais ao empreendimento. A média fica em torno de 34 a 35 horas trabalhadas semanais, enquanto os homens que são empresários alcançam de 40 a 43 horas. Isso, no entanto, não implica que as mulheres são menos dedicadas aos seus empreendimentos, e sim que existe uma grande disparidade quando se analisa quem é encarregado do chamado “trabalho invisível”, aponta o Sebrae.
A desigualdade de gêneros fica clara em relação à sobrecarga com a jornada dupla: 76% das mulheres se sentiram mais sobrecarregadas e 61% já tiveram que deixar de fazer algo para si ou para a empresa para cuidar dos filhos, de idosos ou parentes. Esses resultados foram de 55% para os homens que se sentiram sobrecarregados e 48% para que os que afirmaram ter de sacrificar algo em favor dos filhos ou parentes.
Mãe e filha à frente do negócio
Maristela Mendes é dona da Bala de Banana Bananina, empresa que fica em Antonina (PR). A Bala de Banana é um produto legítimo do município no litoral do Paraná e recebeu, em dezembro de 2020, o selo de Indicação Geográfica concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Ela administra o empreendimento com a filha, Bárbara. O fato de já estar empreendendo numa empresa familiar antes de ser mãe ajudou Maristela a ter mais tempo com a filha quando pequena.
“É uma oportunidade que poucas mulheres têm. Eu podia trazer a Bárbara para o trabalho, ir em reuniões com ela, e até fiz uma salinha com um berço quando ela era pequena. Mas como eu tive a oportunidade de estar dentro de uma empresa familiar, de não precisar pedir permissão do chefe para amamentar, ficou muito mais fácil para mim.”
A menina que cresceu dentro da fábrica de balas de banana agora trabalha junto com a mãe e atua principalmente no marketing digital da marca. Hoje a produção da Bananina já atinge 6 toneladas por mês, conta com 15 funcionários e as donas planejam expansão do espaço físico para aumentar a fabricação de outros produtos.
Sebrae Delas
Para apoiar mulheres que querem abrir um negócio ou já está à frente de um empreendimento, o programa Sebrae Delas oferece cursos, workshops e consultorias. O objetivo é apoiar, incentivar e valorizar a jornada das empreendedoras, inclusive as mães. Elas também participam de redes de mulheres, por meio das quais trocam experiências, falam dos desafios e buscam soluções. Somente em 2023, mais de 150 mil mulheres foram atendidas por meio de cursos, consultorias e mentorias para o desenvolvimento de competências emocionais.
Fonte: SEBRAE
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