Pela primeira vez em seus 53 anos de história, o Encontro Nacional de Economia da ANPEC abriu espaço institucional para o Sebrae levar ao principal fórum da academia econômica brasileira uma leitura da conjuntura a partir da base produtiva. A participação ocorreu na Sessão Conjuntura, realizada ontem, dentro do evento que acontece ao longo da semana no Insper, em São Paulo, reunindo diferentes leituras sobre o momento econômico brasileiro, organizadas a partir de três eixos complementares.

Para Cássio da Nóbrega Bezarria, presidente da ANPEC, a presença do Sebrae amplia e qualifica o debate econômico ao aproximar a análise macroeconômica das decisões concretas tomadas por empresas e famílias. “O Sebrae traz um olhar profundamente conectado à microeconomia, ao comportamento das firmas e à realidade do empreendedor. Esse diálogo retroalimenta a pesquisa acadêmica e contribui para políticas públicas mais eficazes”, afirmou.

Cássio da Nóbrega Bezarria (centro) diz que a presença do Sebrae amplia e qualifica o debate no Encontro Nacional de Economia

Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, abriu a sessão com a apresentação “A conjuntura vista da base: pequenos negócios e o desenvolvimento do Brasil”, trazendo a perspectiva dos pequenos negócios como termômetro da atividade econômica. O economista propôs um deslocamento do olhar tradicionalmente centrado em grandes agregados macroeconômicos para a realidade onde a economia se materializa no cotidiano. “Inflação, juros e fiscal são fundamentais, mas existe uma dimensão da economia brasileira que só aparece quando mudamos a lente. É na base produtiva que decisões como investir, contratar ou sobreviver ganham forma concreta”, disse.

Os dados apresentados reforçam essa centralidade. Hoje, 97% das empresas brasileiras são pequenos negócios, responsáveis por mais de 55% do emprego formal privado e cerca de 26,5% do PIB. Em 2025, o país ultrapassou a marca de 24 milhões de empreendimentos ativos, com forte predominância de micro e pequenas empresas.

“Isso não é periferia do sistema produtivo. É a sua espinha dorsal”

Giovanni Beviláqua, coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae

A sessão também trouxe análises sobre o desempenho recente da economia brasileira. Para o professor e economista Marcelo Kfoury, apesar da perda de tração no terceiro trimestre e de indicadores de confiança mais fracos, porém estáveis, no quarto trimestre, o quadro geral segue positivo. Ele lembrou que o Brasil acumulou uma sequência de cerca de 17 trimestres de crescimento do PIB, interrompida apenas por um desempenho mais fraco nos meses finais do ano. Ainda assim, a expectativa é de crescimento em torno de 2% em 2025.

Kfoury destacou que o mercado de trabalho tem sido a melhor notícia recente da economia brasileira. A taxa de desemprego segue em patamares historicamente baixos, com forte criação de vagas formais. A massa salarial, embora tenha desacelerado de taxas próximas a 8% para cerca de 4%, continua crescendo em ritmo relevante, sustentando o consumo das famílias e o setor de serviços, principal motor da atividade econômica. Ao mesmo tempo, ele alertou para o aumento do comprometimento da renda das famílias, um ponto de atenção para os próximos ciclos.

O economista Frederico Turolla, sócio-fundador da PEZCO Economics, também contribuiu para o debate ao observar que o desempenho econômico pós-pandemia surpreendeu positivamente, provavelmente no lastro de mudanças estruturais, incluindo transformações no crédito, na infraestrutura e na organização produtiva.

Ao encerrar sua participação, Giovanni Beviláqua reforçou que compreender a conjuntura brasileira exige ir além dos indicadores agregados. “São milhões de pequenos negócios transformando esforço em renda, renda em dignidade e dignidade em projeto de futuro. A conjuntura do Brasil se lê na base que sustenta a economia todos os dias”, concluiu.

Fonte: SEBRAE
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