O vice-presidente de Governança e Gestão Estratégica do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Joaquim Bezerra Filho, explicou – em artigo publicado na Folha de São Paulo desta quinta-feira (18) – o papel central da contabilidade para o desenvolvimento do ambiente de negócios no País.
Leia, abaixo, a íntegra do artigo (ou clique aqui para acessar diretamente no site da Folha):
Reforma tributária: a contabilidade como investimento e promoção de vantagem competitiva
Empresa que enxergar o contador apenas como responsável por guias e obrigações ficará para trás; Reforma exige que contadores e gestores sentem juntos à mesa de decisão
Por Joaquim Bezerra Filho*
*Contador, consultor de negócios e vice-presidente do Conselho Federal de Contabilidade
Mais do que uma reorganização do sistema de tributos, a reforma tributária representa um ponto de virada para a contabilidade brasileira. Com ela, abandona-se um modelo essencialmente burocrático, até então focado em obrigações acessórias e no cumprimento de regras dispersas, para avançar rumo a uma lógica muito mais conectada à estratégia dos negócios. Esse movimento, já consolidado em países que ocupam posições de destaque em produtividade e governança, emerge com força no Brasil e exigirá uma mudança cultural profunda na estratégia de mercado, alcançando tanto os profissionais da contabilidade quanto empresários e empreendedores, especialmente os donos de pequenas e médias empresas.
A unificação de tributos sobre consumo (IBS, CBS e o Imposto Seletivo), a padronização de processos, a transparência das alíquotas e a rastreabilidade das operações criam um ambiente em que decisões financeiras, comerciais e operacionais ficam diretamente ligadas à estrutura tributária da empresa. Isso significa que, a partir de agora, apurar corretamente créditos, analisar o fluxo de operações, revisar margens, entender o impacto de regimes específicos (como o tratamento diferenciado para determinados setores) e projetar cenários, com o impacto no fluxo de caixa das empresas, serão ações tão estratégicas quanto definir preços, expandir unidades ou renegociar contratos.
É justamente por isso que a contabilidade passa a ocupar o centro da estratégia. E o papel do contador assume uma posição diferenciada no cenário econômico do país, passando a agir como analista de impacto financeiro e fiscal, parceiro de crescimento e guardião da conformidade, algo essencial em um cenário mais simplificado, inovador e transparente, em virtude da integração dos sistemas. Em outras palavras: não haverá mais espaço para improviso, será necessário precisão técnica, visão de negócios e capacidade de orientar decisões.
Para as empresas, especialmente as menores, essa transformação exige uma postura proativa. Será preciso entender como o novo sistema afeta o preço final dos produtos, quais créditos podem ser aproveitados, como reorganizar operações para reduzir perdas e quais processos internos precisam ser transformados. Um restaurante, por exemplo, terá de revisar a cadeia de fornecedores para calcular créditos de insumos; uma pequena indústria deverá mapear todo o fluxo de produção para modelar corretamente a incidência do IBS; um e-commerce precisará integrar estoque e emissão de notas para garantir rastreabilidade. Não é um trabalho de bastidores, é decisão estratégica.
Fonte: Conselho Federal de Contabilidade
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