Uma crise sanitária como a que estamos vivenciando desde março de 2020 tem impacto direto na atividade econômica com consequente aumento do desemprego e abertura de feridas no seio social.
E quanto mais profunda a retração, mais tempo para a cicatrização e retomada.
É um cenário ruim, mas que costuma ser marcado também por transformações positivas, com mudanças de rumos mais velozes do que quando os negócios caminham bem.
Um exemplo dessa movimentação pode ser observado no comércio eletrônico.
Ele já existia, mas ainda enfrentava desafios para deslanchar as vendas em determinadas categorias de produtos.
Com as restrições impostas à mobilidade e a implantação do trabalho no esquema home office foi dado um impulso para que o comércio eletrônico atingisse níveis que só atingiria em médio e longo prazos.
E o setor logístico foi um dos pilares que deram suporte a essa evolução, se beneficiando dessa demanda.
Assim, a logística, um dos termômetros da atividade econômica, desta vez caminhou em sentido oposto.
Enquanto o Produto Interno Bruto (PIB) encolhia, por conta da retração de diversos setores, as empresas nasciam e cresciam empurradas pela alta das vendas online.
Algo possível também graças à rápida inovação diante de uma nova dinâmica de mercado, como o que se tem chamado de “novo normal”.
Nesse caminho, as logtechs têm se posicionado como importantes agentes da cadeia de valor do comércio eletrônico. E ainda tem muito a contribuir.
Trata-se de um segmento bem jovem com quase 290 startups, segundo mapeamento Distrito Logtech Report 2020. Mais da metade foi fundada em menos de 5 anos.
Essa flexibilidade das novatas é que garantiu suporte no atendimento ao varejo quando as coisas mudaram.
De repente, empresas que já atuavam com o e-commerce se viram obrigadas a aumentar suas capacidades. Outras, ainda acostumadas aos modelos tradicionais, entraram no páreo com o desafio de se adaptarem em tempo recorde.
Mesmo na improvisação, a logística brasileira se adaptou.
Com o avanço da vacinação, em breve a circulação de pessoas voltará ao normal. Parte do comércio físico que fechou as portas voltará a funcionar.
Mas para o e-commerce é um caminho sem volta. Milhões de consumidores vão continuar a fazer suas compras online mesmo no pós-pandemia.
E o desafio agora é cumprir à risca os prazos de entrega sem que isso aumente seus custos operacionais e isto está intrinsecamente ligado à eficiência logística.
É um círculo virtuoso e é natural: o varejo online puxa a logística e vice-versa. Ambos, porém, dependem de tecnologia. Se o e-commerce é fruto do avanço tecnológico, por que o setor de logística não teria de seguir o mesmo caminho?
Softwares específicos que se utilizam de algoritmos avançados e de inteligência artificial para auxiliar na estratégia de negócio existem.
Eles otimizam a operação, possibilitam um melhor aproveitamento das potencialidades da empresa expandindo a capacidade operacional, o que se traduz em expressiva redução de custos.
O momento de crescer com base na mudança de paradigmas já aconteceu.
Agora o e-commerce começa sua fase de consolidação e precisa de um setor logístico devidamente preparado e munido das ferramentas certas para garantir sua eficiência e seu crescimento perene.
Afinal, a logística é o braço de sustentação do e-commerce, sem a qual as vendas à distância seriam inviáveis.
Por: Marcos Rodrigues, sócio da MRD Consulting.
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Fonte: Jornal Contábil
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