Quando se tornou uma empresa de capital aberto e estreou na Bolsa de Valores de Nova Iorque (NYSE, na sigla em inglês), o valor de mercado do Nubank era estipulado em cerca de U$ 41 bilhões – suas ações, à época, foram comercializadas por U$ 9 cada. O preço da fintech brasileira surpreendeu analistas: a empresa, durante sua Oferta Pública Inicial (IPO), superou o Itaú, maior banco brasileiro na época, e se tornou a instituição financeira mais valiosa da América Latina.
Desde então, o preço das ações do Nubank vem caindo lentamente e, com a queda de 16,25% registrada na última segunda-feira (9), atingiu U$ 4,35 – menos da metade do preço estipulado durante a IPO. Com isso, o banco digital chegou a um valor de mercado total de U$ 20,5 bilhões, abaixo do Santander (U$ 24 bilhões) e com menos da metade do Itaú (U$ 40,6 bilhões), que hoje ocupa o posto de maior banco privado do Brasil. Em número de clientes, o Nubank segue bastante à frente de todos os bancos digitais, seus concorrentes diretos: conta com 54 milhões de usuários, superando Next, Inter e C6, com 21, 19 e 11 milhões de clientes, respectivamente.
De acordo com Rodrigo Lima, analista de Investimentos da Stake, o principal problema do Nubank é a dificuldade da fintech de atingir uma lucratividade que seja atrativa para os acionistas. Segundo Lima, o banco digital teve prejuízo líquido de US$ 66 milhões no último trimestre de 2021. Para Gustavo Pazos, analista do time de research da Warren, monetizar a base de usuários é a maior dificuldade para empresas como o Nubank. Bancos tradicionais, explica Pazos, conseguem gerar uma receita por cliente dez vezes maior do que as iniciativas digitais.
Apesar do fenômeno estar acontecendo de forma semelhante também em outras fintechs brasileiras, como o PagSeguro e a Stone, alguns fatores específicos explicam a queda intensa no valor de mercado do Nubank. A liberação das vendas de seus papéis, que estavam bloqueados desde a IPO e deve acontecer na próxima terça-feira (17), é uma das possíveis razões para a movimentação negativa do banco digital na NYSE.
Além disso, analistas do Goldman Sachs e do Bank of America esperam alta na inadimplência e nas provisões para calotes. Isso deve ocorrer por causa do crescimento das operações de crédito – seja em cartões ou empréstimos pessoais – em um momento de juros em alta. Com isso, todos os maiores fornecedores de cartões de crédito do país devem mostrar cautela e privilegiar a fidelização de clientes em detrimento de um crescimento acelerado, principalmente na concessão de crédito por meios digitais – principal produto do Nubank.
Crise nos unicórnios
Além do Nubank e dos já citados PagSeguro e Stone, diversos outros unicórnios – startups e empresas de tecnologia que ultrapassam valor de U$ 1 bilhão antes de serem cotadas na bolsa – brasileiros também apresentaram fortes instabilidades nas últimas semanas. A Vtex, empresa de softwares, vale 79% a menos do que valia na sua IPO. A XP Investimentos também caiu 44% desde sua estreia como uma empresa de capital aberto. Só durante as últimas semanas de abril, 179 pessoas foram desligadas da Loft, 170 da QuintoAndar e, segundo ex-funcionários, a Facility também demitiu cerca de 100 funcionários.
De acordo com os responsáveis pelas empresas, os principais culpados são as taxas de juros voláteis, o que complica qualquer espécie de financiamento para empresas de capital de risco – especialmente startups que não têm fluxo de caixa positivo. Outras razões também podem incluir tendências geopolíticas e macroeconômicas, como a alta inflação, a desvalorização do dólar e a guerra na Ucrânia.
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Fonte: Jornal Contábil
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