O Censo da Educação Superior 2021, divulgado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) no final do ano passado, aponta que os números de ingressantes e matriculados em cursos de graduação na modalidade EaD (Educação a Distância) aumentaram significativamente nos últimos 11 anos, enquanto a procura por graduações no formato presencial apresentou queda, nesse mesmo período.

A preferência pelo estudo a distância foi notada também nos cursos de Administração e Gestão (tecnólogos). Segundo os microdados da pesquisa, em 2010, do total de 1.165.066 alunos matriculados nessas áreas, 23,64% estudavam no formato EaD, enquanto 76,36% estavam no modelo presencial. Porém, em 2021, o número de matrículas alcançou a marca de 1.286.694 e, desse total, mais de 805 mil alunos aderiram ao curso remoto, o que representa 62,61%; e apenas 37,39% dos estudantes optaram por cursos presenciais.

Segundo o Adm. Taiguara Langrafe, conselheiro e vice-presidente de Relações Externas do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP, a maior procura pela EaD deve-se à mudança estrutural acelerada pela pandemia. Atualmente, a sociedade compreende melhor o que é aprender a distância, assim como suas vantagens e desvantagens. Contudo, ele considera válido observar o perfil e as condições de cada aluno. 

“Um ponto de acomodação dessa mudança estrutural está no fato de que grande parte dos estudantes estão matriculados na EaD por conveniência e, principalmente, pelos preços serem muito menores do que os praticados nos cursos presenciais. O ideal seria que a escolha fosse em função do estilo de aprendizado, afinal, a modalidade EaD exige disciplina e autogestão, que muitos dos que a escolhem ainda não desenvolveram. Com isso, há forte risco do sistema educacional como um todo gerar desenvolvimento de competências aquém do necessário”, alega Langrafe.

O censo mostrou, ainda, que o número de matrículas na área de Administração em instituições da rede privada é quase três vezes maior quando comparado à rede pública. Tal crescimento, que teve início na década de 90, foi puxado pela expansão da oferta das Instituições de Ensino Superior – IES privadas. “Atributos como a oferta de cursos em locais próximos às residências e locais de trabalho dos estudantes, portfólio amplo de cursos, processos seletivos simplificados, políticas de bolsa e financiamento, além da própria expansão da EaD, justificam a maior procura pelas instituições privadas”, explica o Langrafe.

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Administração em alta

Das 10 maiores graduações do Brasil, o curso de Administração se destaca entre os primeiros da lista no número de matrículas nas modalidades presencial e a distância, tanto na rede pública quanto na rede privada.

De acordo com o censo, a Administração aparece em primeiro lugar, com o maior número de alunos no modelo presencial, nas instituições da rede pública, seguido dos cursos de Pedagogia e Direito. Já na rede privada, o curso se encontra na quarta colocação, atrás apenas das graduações de Direito, Psicologia e Enfermagem.

Na educação a distância, da rede federal, a Administração surge na quarta posição, depois dos cursos de Pedagogia, Matemática e Letras. Entretanto, na rede particular, a área aparece em segundo lugar, sendo Pedagogia o primeiro. 

“Se antes contávamos apenas com a oferta dos cursos de graduação em Administração presenciais, hoje, um candidato pode escolher entre presencial, EaD, tecnólogo em alguma das especialidades de gestão (presencial e EaD), além dos cursos híbridos”, completa o conselheiro do CRA-SP.

Embora novos cursos tenham surgido nos últimos anos, as graduações clássicas, como a Administração, continuam em alta e estão entre as mais escolhidas pelos estudantes. Para Langrafe, desenvolver as competências para tornar-se um administrador é, por si só, um atrativo, seja para os estudantes que almejam ser executivos, consultores, conselheiros ou até mesmo empreendedores.  

No entanto, o conselheiro comenta que ainda há um grande caminho a ser percorrido, no sentido de ampliar o acesso de estudantes ao ensino superior como um todo, pois a taxa de jovens brasileiros nessa etapa educacional é muito abaixo do desejado. “Estudar e aprender é bom e faz bem para o indivíduo e para a sociedade. A vida de quem estuda é muito mais rica em diversas dimensões”, conclui Langrafe.

O Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP é uma autarquia federal, criada em 1968 (três anos após a regulamentação da profissão de Administrador) que, atualmente, reúne cerca de 65 mil registrados, entre pessoas físicas e jurídicas.

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Fonte: Jornal Contábil
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