Após um ciclo de manutenção de juros de 9 meses, o Federal Reserve reduziu a taxa de juros na reunião de setembro. Entretanto mais do que a magnitude da redução em si, algumas considerações econômicas e teóricas podem ajudam a compreender os fundamentos dessa decisão. Embora o movimento contrarie parte das expectativas de manutenção, ele pode ser interpretado como uma resposta estratégica às condições conjunturais da economia norte-americana e aos riscos prospectivos.
Em primeiro lugar, a desaceleração da atividade econômica tem se tornado mais evidente. Indicadores como o payroll mostram uma geração de empregos abaixo do esperado, enquanto a taxa de desemprego apresenta tendência de alta, aproximando-se ou mesmo superando o nível natural (NAIRU), estimado em torno de 4,5%. A elevação do desemprego sugere que o hiato do produto está se ampliando, o que implica em menor pressão inflacionária futura, e como descrito pela Regra de Taylor, esse movimento se justificaria em uma redução da taxa de juros, visando reequilibrar o nível de atividade.
Em sua decisão o Fed pode optar por um corte como forma de evitar que a taxa real de juros se torne excessivamente restritiva , ao considerar a inflação de bens duráveis e energia já mostra sinais de retração, e mesmo os serviços, tradicionalmente mais rígidos, começam a perder força diante da menor demanda agregada. Em especial os núcleos do CPI e do PCE, também indicam uma trajetória de desaceleração, com os índices convergindo gradualmente à meta de 2%. Com a inflação em queda e o risco de deflação marginal em alguns segmentos.
Outro aspecto relevante éfoio papel das expectativas. A política monetária moderna, especialmente após os anos 2000, passou a operar fortemente através do canal das expectativas, conforme proposto pelos modelos de Nova Economia Keynesiana. Ao reduzir os juros, o Fed sinaliza ao mercado seu compromisso com a sustentação do ciclo econômico e com a prevenção de uma recessão mais profunda. Essa sinalização pode ajudar a estabilizar os mercados financeiros, a curva de rendimentos e os investimentos privados, mesmo que o efeito direto da redução seja modesto.
Do ponto de vista teórico, a decisão também pode ser interpretada sob a ótica da função de reação do banco central, que incorpora não apenas os dados correntes, mas também os riscos futuros. A decisão de corte de juros pelo Federal Reserve se justifica por uma combinação da desaceleração da atividade, convergência da inflação à meta, aumento do desemprego, necessidade de preservar expectativas e atuação preventiva diante de riscos futuros. O Fed adotou uma postura preventiva, reduzindo os juros como forma de mitigar choques adversos antes que se materializem plenamente. Essa abordagem é coerente com o princípio da “política monetária preemptiva”, defendida por economistas como Ben Bernanke
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Contabilidade em SBC é com a Dinelly. Fonte da matéria: Jornal Contábil