Por Lorena Molter
Comunicação CFC

O painel de encerramento do 3º Seminário de Contabilidade Aplicada às Entidades Esportivas abordou a adoção das International Financial Reporting Standards (IFRS) na área das práticas contábeis do futebol. A apresentação aconteceu, na tarde dessa quinta-feira (30), na sede do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP). A atividade é uma iniciativa do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).

O assunto foi apresentado pelo professor dos cursos de Gestão, Compliance do Esporte da CBF Academy, Carlos Aragaki, e pelo sócio da área de Finance & Accounting Advisory Services da KPMG, Caio de Castro Silva. Os profissionais trabalharam o tema “IFRS – insights relevantes das práticas contábeis no futebol. Desafios de convergência”.

Castro Silva falou sobre a convergência para as IFRS e a adoção desses normativos pelos clubes de futebol. O profissional ressaltou que o mercado já tem trabalhado para aderir à IFRS 18 (CPC 51), contudo, afirmou que ainda não viu os clubes se preparando para isso e explicou o cenário atual. “Uma vez que temos essa convergência para IFRS, os clubes vão ter que adotar também as CPC/IFRS. A gente teve aquela grande onda com a IFRS 16, com a IFRS 15, com a IFRS 9. A gente está antecipando uma nova onda para, em 2027, termos a adoção da IFRS 18 (CPC 51). A gente já tem IFRS 19, IFRS 20. Para quem é companhia aberta, tem a S1 e S2. Podemos até esperar que algum clube decida adotar, de forma voluntária, a divulgação dos aspectos ASG”, contextualizou.

Sobre a IFRS 18, Castro Silva pontuou algumas mudanças que o normativo trará. “Primeiro, [sobre] a DRE [Demonstração do Resultado do Exercício]. Então, subtotais adquiridos, uma classificação muito próxima da DFC [Demonstração do Fluxo de Caixa], entre atividades operacionais de investimento e financiamento”, citou.  

Em seguida, lembrou que, no contexto dos clubes de futebol, há muita transação de venda de jogador em moeda estrangeira. Sobre essa temática destacou dois elementos, o “receber” e o “pagar”, influenciados pela variação cambial e relacionou o fato com a CPC 51. “É uma mudança que teremos que perceber: a classificação desses saldos que estão no resultado financeiro hoje para uma linha operacional, para a parte de cima da DRE. Podemos ter descontos e outros assuntos que mudem efetivamente a classificação na DRE”, disse.  

Castro Silva ainda lembrou que a receita é um indicador financeiro que os clubes devem divulgar, como receita bruta, receita recorrente, o Lucro Antes de Juros, Impostos, Depreciação e Amortização (EBITDA, na sigla em inglês).  

Dando continuidade, alertou sobre a questão do intangível. “Outro aspecto relevante da IFRS 18 é a desagregação e agregação de itens de resultado. Então, a gente sabe o quanto que o intangível aqui é importante. E um dos requerimentos da própria IFRS 18 é você ter uma informação mínima de mutações em relação a itens como impactam o resultado especificamente”, destacou.

O papel estratégico dos profissionais da contabilidade no contexto do futebol também foi abordado pelo painelista. O profissional refletiu sobre o trabalho em um instrumento que gere um retorno para quem investe, que não se restrinja apenas à paixão pelo clube. “Criar um instrumento que gere um retorno para o detentor daquele papel, que seja um retorno associado ao desempenho esportivo, talvez, seja algo que possamos ver no futuro próximo”, antecipou. E completou: “A complexidade contábil por trás disso é como classificar isso no seu balanço: é um item patrimonial ou item de equity? Então, a gente vê esse papel de protagonismo do contador em apoiar, de forma mais estratégica. Não é só preparar o balanço para arquivar essa DSF, mas, sim, utilizar a Contabilidade, a IFRS ser mais comparável com os clubes lá de fora que são empresas de capital aberto e também utilizar isso para gerar valor para o próprio clube”, orientou.

Em continuidade, Aragaki afirmou que a questão das receitas deve ser um ponto de atenção para os profissionais da contabilidade que atuam na área. “Nós temos dois tópicos importantes em IFRS para o futebol que para mim são os mais relevantes: o CPC 49 – IFRS 15 – e o CPC 4 de intangível. Esses são os que mais levam a destoar a questão do clube de futebol”, alertou.

O profissional ainda fez um alerta relativo ao universo dos contratos. “Para quem estiver atuando em clube de futebol, grande atenção em termos de IFRS, especialmente no [CPC] 47. Nós temos muitos contratos com contraprestação variado”.

O painelista ainda fez análises referentes a contratos LIBRA e Liga Forte União. Aragaki ainda compartilhou algumas orientações no campo das BETs.

Para assistir ao painel, clique aqui.

Fonte: Conselho Federal de Contabilidade
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