Em 2021 as empresas brasileiras realizaram 179 transações de Fusões & Aquisições (M&A) outbound, atingindo o valor total de R$ 49 bilhões, volume bem acima do registrado em 2020, quando foram 68 operações desse tipo, segundo dados do Transactional Track Record (TTR). Além do crescimento agudo desse tipo de transação, acompanhando a tendência do mercado mundial, os números apontam para um processo crescente de internacionalização das empresas brasileiras, conforme explica o economista Adam Patterson, sócio da Redirection International, empresa especializada em assessoria de Fusões & Aquisições.
“Os dados demonstram uma mudança no cenário internacional, com as corporações brasileiras investindo mais na aquisição de empresas estrangeiras, desconstruindo a visão comum que se tinha de que as transações cross-border (entre países) envolviam apenas empresas de fora comprando as nacionais”, destaca Adam Patterson.
A pesquisa da TTR ainda revela que os principais destinos dos investidores brasileiros foram os Estados Unidos, os países latino-americanos e o Reino Unido. Das 179 transações internacionais realizadas pelas empresas brasileiras em 2021, 58 foram nos Estados Unidos, 17 na Argentina, 16 no México, 15 na Colômbia, 12 no Chile e nove no Reino Unido. O setor de tecnologia lidera o ranking, concentrando 47 operações de aquisições outbound, seguido do setor de finanças (38) e de internet (12).
As vantagens da Internacionalização
Ainda de acordo com Adam Patterson, algumas das vantagens das operações de M&A internacionais são obter acesso rápido a novos mercados e clientes. “São muitos os motivos que levam uma empresa a investir em M&A. Pode ser para ampliar o mercado geograficamente ou para ter acesso mais rápido a novas tecnologias, por exemplo. O fato é que percebemos cada vez mais este movimento de aceleração da internacionalização por meio das fusões e aquisições”, explica.
Porém Patterson destaca que as empresas precisam pesar os riscos e as recompensas antes de investirem em aquisições internacionais. “O que se observa é que as corporações que realizam a internacionalização com investimentos greenfield, com escritórios próprios, iniciando as operações do ‘zero’, apresentam um crescimento mais lento em relação àquelas que iniciam o processo de internacionalização por meio de aquisições de empresas estrangeiras. Por isso, este é um movimento que deve se fortalecer nos próximos anos”, destaca.
Um exemplo de caso de sucesso em relação à internacionalização é a paranaense Gauss, especializada em peças eletrônicas veiculares, que desde a sua fundação em 1990 vem se tornando uma empresa global no mercado de reposição de componentes automotivos, expandindo sua atuação geográfica. Líder no mercado brasileiro, além da sua fábrica e três centros de distribuição no Brasil, a Gauss inaugurou uma nova planta na China e um Centro de Distribuição na Alemanha.
De acordo com o CEO da empresa, Claudio Doerzbacher Junior, a Gauss tem realizado operações de M&A para ajudar na estratégia de crescimento e desenvolvimento. Ele destaca a aquisição (no Brasil) de uma fábrica de circuitos eletrônicos que era até então sua fornecedora e também a aquisição de uma fábrica de bobinas de ignição na China. “Ambas as aquisições deram força na nossa caminhada de internacionalização: a primeira reduziu os nossos custos, trouxe mais competitividade e aumentou as vendas no exterior e, a segunda, permitiu ampliar nosso portfólio de produtos e alcançar mais mercados”, destaca.
Cenário favorável em 2022
O cenário internacional também está favorável para a internacionalização de empresas brasileiras, segundo o economista, principalmente devido aos bons resultados do comércio exterior e à abertura de capital das empresas nas bolsas de valores. Para ele, a performance das exportações brasileiras em 2021, com crescimento no volume exportado e recorde de US$ 280,4 bilhões, possibilita o aumento da escala de produção, a aquisição de conhecimento e o aproveitamento de ganhos para as empresas.
Além disso, o ano registrou aumento de ofertas iniciais de ações no Brasil em valores absolutos, superando o recorde anterior registrado em 2007. “O IPO acaba sendo um passo importante de internacionalização em dois sentidos. De um lado, empresas planejando a abertura de capital se mobilizam para ter uma presença geográfica mais abrangente, de outro, após a venda das ações é possível usar os recursos levantados para acelerar este processo, muitas vezes por meio de M&A”, explica Adam Patterson.
O economista destaca também que com o mercado cada vez mais globalizado e competitivo, é fundamental que as empresas coloquem os planos de expansão em suas estratégias. Para ele, independentemente da forma como o processo de internacionalização vai começar, o importante é garantir uma presença fora do Brasil, mesmo que seja inicialmente de modo tímido, para turbinar o seu crescimento e aproveitar as oportunidades globais.
A Redirection é uma consultoria especializada em assessoria de Fusões & Aquisições para empresas locais e internacionais do middle market.
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Fonte: Jornal Contábil
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