Com tema “Cerrado”, o artesão popular Viníciu Fagundes e o artesão de Novo Gama João Gomes, mais conhecido como Juão de Fibra, realizaram oficinas de imersão e de tramas para um grupo de oito professores de uma escola particular do Rio de Janeiro. O grupo, incluindo a proprietária da escola, foi a Pirenópolis, cidade turística que fica a 130 quilômetros de Goiânia, em busca de conhecimento sobre o segundo maior bioma do Brasil.
O encontro aconteceu no dia 22 de janeiro com a imersão artística e cultural “Cerrado em Nós”, no alto da Serra dos Pireneus, na Reserva Ecológica Caraívas. Com o objetivo de sensibilizar e apresentar aspectos não óbvios do bioma, a imersão aconteceu em três momentos: “sentir, conhecer e imergir”.
Vendados, os participantes manusearam cápsulas de sementes e frutos secos do Cerrado com texturas e formas diferentes, conversaram sobre as impressões e depois ouviram como raizeiros, benzedeiros e a população utiliza o bioma para diversas finalidades, inclusive os artesãos.
Na terceira parte, da imersão, Viníciu, que também é engenheiro ambiental, conduziu o grupo em uma trilha ecológica e explicou os aspectos e vários conceitos do meio ambiente. “As expectativas foram tão bem alcançadas que os professores voltaram para o Rio de Janeiro e replicaram a oficina com os demais colaboradores que não participaram aqui”, comemorou.
No período da tarde, foi a vez da Oficina de Trama, realizada por Juão de fibra, um dos goianos reconhecidos na 5ª edição do Prêmio Top 100 de Artesanato realizado pelo Sebrae Nacional em novembro de 2022. O artesão, que alia produção com preservação, ensinou os participantes dois tipos diferentes de tramas com fibras do Cerrado, entre eles o capim colonião.
Tanto para Viníciu como para Juão de Fibra as oficinas foram resultado da visibilidade tanto do Prêmio Top 100 de Artesanato como da exposição promovida pelo Sebrae Nacional chamada “Brasil Central do Cerrado ao Pantanal”. “O Sebrae Goiás colabora desde sempre e coloca nossos trabalhos em evidência. Tanto que eu e o Juão já pretendemos desenvolver esse trabalho com outros grupos e ter outra fonte de renda. E mais, trabalhar com nossos colegas para que a economia criativa cresça cada vez mais”, frisa Viníciu.
Goiás é um dos mais ricos estados que associam cultura popular, fibras, sementes, cerâmica, palha, madeira e outros vários elementos à produção de artesanato. Para Viníciu, os artesãos goianos respeitam a natureza, e o meio ambiente é considerado como fonte básica de inspiração, mas também de obtenção de matéria-prima. “Isso reflete na riqueza do nosso trabalho”, avalia.
A analista e gestora do projeto de artesanato do Sebrae Goiás, Daniela Caixeta, conta que em 2002 a unidade mapeou o artesanato goiano e identificou todos os potenciais empreendedores desse segmento. Com o mapeamento foi possível realizar ações de capacitação, inovação de tecnologia e também acesso ao mercado. “Com os treinamentos, cursos e apoio, os artesãos conseguem melhorar a gestão, o produto e têm acesso ao mercado por meio de missões, feiras e exposições”, explica.
“As ações do Sebrae Goiás são importantes para os artesãos do setor porque fomentam o empreendedorismo, preparam esse profissional para negociações desde local até internacional do seu produto e geram resultados para todo segmento”, explica.
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Artesanato goiano na posse presidencial
Depois de premiado no Top 100 de Artesanato, Juão de Fibra foi convidado para participar de um grupo de artesãos para produzir roupas para a primeira-dama Janja Lula da Silva. A roupa da posse, por exemplo, foi produzida pelos estilistas com as bordadeiras de Timbaúba, do Rio Grande do Norte, e com enfeites de Juão de Fibra, com capim colonião, que embelezaram ainda mais o traje.
Aos 52 anos, nascido no Ceará, mas criado em Novo Gama, Juão de Fibra disse que o convite e o resultado foram um reconhecimento de quem sempre trabalhou com o “DNA” nas fibras. “Para mim foi o ‘Oscar’ do artesanato. Me sinto lisonjeado, e muitas peças foram feitas e serão mostradas em eventos que virão. Agradeço ao Sebrae por sempre fortalecer a bandeira do artesanato no estado”, diz.
Fonte: SEBRAE
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