Por Lucélia Lecheta,
vice-presidente de Registro do Conselho Federal de Contabilidade
Entre 77 países, o Brasil é o segundo mais complexo para se fazer negócios, ficando atrás apenas da Indonésia, de acordo com dados de uma pesquisa recente (veja aqui). Do ponto de vista contábil, regimes fiscais diferentes em âmbitos municipal, estadual e federal; dificuldades relacionadas às variadas legislações; ameaças de penalidades; dezenas de obrigações acessórias; e muito outros fatores prejudicam o ambiente empresarial do País. Para os profissionais da contabilidade, essa é uma realidade com a qual se deparam todos os dias dentro das organizações.
Como se isso tudo não bastasse, somaram-se ainda, em 2020, os efeitos de uma pandemia totalmente inesperada, que atingiu o mundo de forma impiedosa.
Porém, diante desse cenário crítico, profissionais e organizações contábeis, de modo geral, têm mostrado que resiliência técnica e habilidade para se renovar são características da profissão, as quais têm sido fundamentais para conseguirmos responder, rapidamente e com uma abordagem orientativa, às demandas dos empresários e dos poderes públicos por informações e serviços.
A classe contábil tem sido bastante exigida e se mostrado proativa neste momento atípico da realidade econômica. Desde março, quando foi publicado o decreto que reconheceu o estado de calamidade pública no Brasil em decorrência da pandemia de coronavírus, foram editados vários atos normativos pelo Governo federal para tentar amenizar os efeitos da Covid-19 sobre a saúde das pessoas e para preservar a atividade econômica, impactando diretamente sobre o volume de trabalho na área contábil.
Alguns exemplos são a Medida Provisória nº 927 e a nº 936, entre várias outras, que trouxeram mudanças nas regras trabalhistas. O lançamento do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda (BEm), que já realizou cerca de 12 milhões de acordos; e do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), entre outros, também são ações governamentais que estão demandando novas rotinas e uma atuação fundamental dos profissionais e das organizações contábeis.
A atuação da classe se estende a um montante de 19.228.025 empresas do País (Datasebrae.com.br/totaldeempresas/), as quais estão recebendo, por parte dos profissionais e organizações contábeis, muito mais do que respostas aos processos operacionais estabelecidos em atos legais. O fornecimento de consultoria, orientação e planejamento financeiro tem agregado um valor estratégico aos serviços prestados às empresas de diferentes portes.
Reconhecer novas oportunidades de mercado e ocupar esses espaços, com ética e responsabilidade, são atitudes que, em movimento crescente, têm sido identificadas nas organizações da área contábil, ampliando as prerrogativas e os limites da nossa atuação.
Dados fornecidos pela Receita Federal mostram que, em 2018, havia o total de 67.613 empresas contábeis em atividade – os números de 2019 ainda não estão disponíveis –, que obtiveram, naquele ano, a receita bruta acumulada de mais de R$ 16 bilhões. Essa informação, que ilustra as dimensões que as organizações de contabilidade ocupam dentro do cenário da economia brasileira, foi obtida por meio da avaliação das Classificações Nacionais de Atividades Econômicas (CNAE): CNAE 6920601 – Atividades de Contabilidade e 6920602 – Atividades de Consultoria e Auditoria Contábil e Tributária
Na tabela abaixo, podemos ver as respectivas quantidades de empresas de serviços contábeis e a receita bruta acumulada em comparação às faixas da tabela do Simples Nacional. O campo de receita bruta é preenchido com valor igual a zero quando as empresas não declararam receita no período de apuração.
Além de ilustrar uma parte do cenário da profissão contábil no Brasil, esses dados servirão para o Conselho Federal de Contabilidade acompanhar, nos próximos anos, o impacto da crise provocada pela pandemia de Covid-19 na receita das empresas contábeis.
Enquanto isso, seguiremos atentos para auxiliar as organizações e profissionais da área a superarem os desafios atuais e a buscarem novas oportunidades.
Se tivermos sempre em mente os princípios da contabilidade e da ética profissional, aliados à responsabilidade social, dias como os de hoje – quando as dificuldades teimam em recrudescer o esforço necessário para superá-las – irão nos deixar um resultado positivo de aprendizado e prosperidade. Fora isso, conforta saber que 12 milhões de trabalhadores mantiveram os seus empregos e, com a nossa ajuda, a economia permanece girando.
Fonte: Contábeis
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