Após comemorar a vitória do Festival de Parintins deste ano, o Boi Garantido abriu as portas do espaço da sua Associação Folclórica para o projeto “Do Festival ao Futuro: Parintins Criativo”. A iniciativa idealizada pelo Sebrae busca transformar o potencial criativo dos artistas e empreendedores da cidade em novas oportunidades de renda e mercado para além da festa, considerada a maior manifestação cultural do país. Para isso, conta com o apoio e parceria das agremiações dos bois-bumbá da região, Caprichoso e Garantido.

Assim como aconteceu primeiramente na Escola de Arte Irmão Miguel de Pascale do Caprichoso, foi realizada uma oficina criativa, desta vez, com a participação de profissionais atuantes no Boi Garantido. Entre eles estavam artistas plásticos, figurinistas, artesãos, costureiras e empreendedores locais.

O encontro foi conduzido pelo designer Sérgio Matos, reconhecido dentro e fora do Brasil pelo seu trabalho carregado de brasilidade. A ideia foi proporcionar um momento de imersão na própria cultura local em conexão com o mercado de design de produto, principalmente nos segmentos da moda, movelaria e decoração.

“O despertar acontece quando visitamos o galpão do Boi e eles conseguem transmutar o que já faz parte do cotidiano deles e imaginar outras possibilidades de criação diante de tantas cores, formas e materiais”, considera Matos.

Durante a oficina, o grupo produziu peças de teste que serão desenvolvidas nas próximas semanas para apresentação final em meados de outubro. Os produtos prontos vão fazer parte de uma coleção comercial que será promovida no ano que vem.

Antes da oficina criativa os participantes do projeto visitam o galpão do Boi Garantido | Foto: Divulgação.

Novos caminhos

Membro da comissão de artes do Boi Garantido, Alder Oliveira, considera que o projeto é uma forma de apresentar novos caminhos, tanto artísticos quanto financeiros, para os profissionais, para além da arena dos bois-bumbá. Segundo ele, a maioria vive do festival e sustenta suas famílias ao longo de gerações.

“A experiência oferece um momento de autocrítica para que os artistas possam evoluir. É bom para os dois lados porque permite que o artista tenha uma visão mais ampla do seu trabalho e não tenha medo de fazer diferente. Para o Boi, com certeza, no ano que vem, esse grupo já vai aproveitar muitos dos materiais que seriam descartados para novas criações”, avalia.

A analista do Sebrae Nacional, Giselle de Oliveira, explica que a iniciativa fortalece o ecossistema criativo ao estimular a geração de renda, o reaproveitamento de resíduos do festival e a valorização da cultura local. De acordo com ela, a lógica do projeto e sua metodologia será replicada em outros estados onde são realizados festivais de grande porte.

Após esse mergulho na cultura e na tradição local, a ideia é que os produtos criados sejam a cara da cultura de Parintins.

Giselle de Oliveira, analista do Sebrae

A analista do Sebrae Amazonas, Lilian Simões, que está à frente do projeto na região, destaca que a Ilha da Magia, como Parintins é chamada, pulsa criatividade e inovação que pode impulsionar muito mais a economia criativa local. Ela adianta que as outras fases do projeto incluem capacitações voltadas para gestão, inovação, design de serviços e acesso à mercados.

“Estamos fazendo várias articulações com empresas e parceiros. Haverá um momento em que eles vão ter oportunidade de se apresentar para se conectar com o mercado”, explica.

Participantes da oficina criativa conduzida pelo designer Sérgio Matos | Foto: Divulgação

Novo despertar

Aos 60 anos, o artista plástico Afonso Filho conta que nunca havia participado de uma oficina como a do projeto. “Foi uma experiência muito proveitosa de valorização do nosso trabalho e abriu a nossa mente para produzirmos coisas diferentes”, enfatiza. Atualmente ele coordena o trabalho de confecção das indumentárias das tribos do Boi Garantido.

Com mais de 30 anos vividos junto do Boi Garantido, o artista conta que voltou a produzir artesanato diante da demanda durante o Festival. Ele acredita que o projeto é um estímulo à criação de novas peças para comercialização.

Muitos turistas procuram o artesanato local, mas geralmente é tudo muito parecido. Penso que o projeto nos ajuda a nos diferenciar.

Afonso Filho, artista plástico

Durante a oficina, ele produziu três produtos. Um deles foi uma fruteira inspirada no jabuti com uso de uma cuia e resina. “Com ajuda do Sérgio, consegui criar uma peça com outras cores e sair do convencional”, comenta.

Olhando para o mercado

Para a produtora de biojóias e artesã Regiane Lima, a participação na oficina permitiu que ela enxergasse novas possibilidades para vender seus produtos. “Foi incrível. Apesar de conhecermos várias técnicas e saber como fazer, nos falta esse olhar de mercado. Produzimos o ano inteiro para o Festival e nos faltava perceber que podemos ir além”, reflete.

Regiane começou a produzir artesanato desde a infância, como uma brincadeira que se tornou hobby e depois um negócio. O ofício faz parte da tradição das mulheres da sua família. Há oito anos ela se dedica ao comércio, produzindo acessórios e peças decorativas, principalmente para comercializar durante o Festival. Com apoio do Sebrae, ela já participou de algumas feiras nacionais.

Durante a oficina, ela desenvolveu uma linha de bolsas voltada à temática amazônica inspirada nos animais ícones como onça pintada, sucuri e gavião real. A coleção vai ser chamar Aramã que em tupi quer dizer realeza.

As peças serão apresentadas na próxima fase do projeto. “Tivemos apoio da equipe do Sérgio para desenvolver os desenhos técnicos e já vamos começar a produção”, complementa.

Fonte: SEBRAE
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