Os amantes dos pastéis de feira dos quatro cantos do Brasil nem imaginam tudo que está por trás daquelas delícias. Além dos segredos do recheio, empreendedores fazem girar a economia das feiras livres, seja no comércio dos produtos ou das embalagens que os acompanham. Luís e sua esposa, Kelly, começaram trabalhando na feira com os pais dela. Hoje, eles lideram a loja Rio Descartáveis, no bairro Realengo, zona oeste do Rio de Janeiro, atendendo os feirantes do Rio de Janeiro.

“Ficamos por dois anos trabalhando aos domingos na feira e, de segunda a sábado, ficávamos na loja, até conseguimos nos manter só com a loja”, relembra. Por ironia do destino, foi na pandemia da Covid-19 que o negócio dobrou de tamanho devido à alta demanda por todo tipo de descartáveis. O casal conseguiu empréstimo de R$ 120 mil do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e investiu todo o dinheiro em estoque.

Trabalhamos bem os recursos e nosso faturamento mensal pulou de R$ 50 mil para R$ 180 mil.

Luís Fernando, empreendedor

Com as vendas em alta e o financiamento do Pronampe sendo pago sem atrasos, Luís Fernando e Kelly tiveram a oportunidade de comprar o imóvel onde a loja está instalada. Foram, então, procurar a AgeRio, agência de fomento do estado do Rio de Janeiro, onde foram informados de mais uma oportunidade de financiamento, desta vez com o apoio do Fundo de Aval para a Micro e Pequena Empresa (Fampe), do Sebrae.

Luís Fernando e Kelly compraram o imóvel onde a loja está instalada e investiram em melhorias. Foto: Divulgação.

“Fiz um simulado e conseguimos R$ 190 mil para comprar mais computadores e fazer melhorias na loja. O dinheiro saiu logo”, conta Luís Fernando. Hoje, a Rio Descartáveis possui três funcionários e um estagiário e fatura R$ 230 mil mensais. Segundo o empresário, o sucesso resulta também do controle de processos: “Tenho formação em TI e faço todos os controles de estoque, mapa das áreas para a logística de distribuição, tempo de entrega. Tudo é muito organizado”.

O casal segue querendo crescer. Mais de 70% do seu faturamento é referente aos materiais utilizados pelos pasteleiros de feira, mas atendem também demandas variadas de embalagens.  Eles contam com dois imóveis próprios e já vislumbram a compra de um lote vizinho à loja. “Contamos também com a ajuda do Sebrae e, se tudo der certo, a nossa história vai ser contada numa publicação da instituição”, comemora Luiz Fernando.

Tradicional bolo de rolo mudou a vida da empreendedora Vera Peixoto. Foto: Divulgação.

Bolo de Rolo é sucesso de vendas

Vera Peixoto iniciou sua jornada na fabricação de bolos, salgados e outras iguarias em 1996. Trabalhava na informalidade e mantinha uma pequena lanchonete nas proximidades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), zona oeste de Recife. A pandemia da Covid-19, porém, mudou a rotina de Vera, como a de milhões de empreendedores Brasil afora. Diabética e hipertensa, ela passou seis meses sem ir à rua com medo de se contagiar.

Após esse tempo sem trabalhar, Vera decidiu abrir uma fábrica do bolo de rolo, iguaria introduzida pelos portugueses em Pernambuco, que ganhou fama em todo o país. Com a decisão, formalizou-se e passou a atuar como Microempreendedor Individual (MEI). O ano era 2020 e, segundo Vera, o faturamento mensal girava em torno de R$ 20 mil, com as vendas só aumentando.

Fomos crescendo com o dinheiro das vendas. Quando vendia mais, comprava uma mesa. Dividi o pagamento da batedeira em várias parcelas. Não tinha dinheiro para capital de giro.

Vera Peixoto, empreendedora

Três anos depois, o negócio virou em microempresa e foi aumentando a quantidade de funcionários, gradualmente. As vendas para mercados e padarias alavancaram a empresa e demandaram investimentos. “Na propaganda, tudo é lindo. Mas, na prática, é muito difícil conseguir crédito. Precisa ter CNPJ antigo, ter uma certa movimentação no CNPJ. Esse conjunto de exigências dificulta”, comenta Vera.

Quando um banco privado aprovou o primeiro crédito para a empresa, Vera fez as contas e desistiu. “Os juros eram muito altos. Não valia a pena”, conta. Depois dessa experiência, ela foi ao Sebrae, que indicou a Agência de Empreendedorismo de Pernambuco (AGE). Lá, realizou sua primeira operação de crédito em 2023. “Comprei insumos e deixei um pouco para capital de giro”, conta Vera. O negócio emprega hoje dez trabalhadores com carteira assinada e fabrica 8 mil unidades de bolo de rolo por mês, com faturamento médio mensal de R$ 70 mil.

Programa Acredita

Nos três primeiros meses de 2024, 6,5 milhões de pequenos negócios tomaram empréstimo no Brasil, de acordo com levantamento do Sebrae com base nos dados do Banco Central. O valor chega a R$ 109 bilhões. A maioria dos tomadores de crédito está entre os donos de microempresas, correspondendo a 4,35 milhões de CNPJs, seguidos dos microempreendedores individuais (MEI), com 1,4 milhão.

Em Pernambuco, assim como em outros estados brasileiros, o Programa Acredita, do governo federal, impulsionou a procura por crédito, sobretudo com a garantia do Fundo de Aval para as micro e pequenas empresas (Fampe), do Sebrae. “A partir de 2024, as instituições financeiras passaram a operar de forma mais célere e ampliada, liberando mais recursos para que os empresários de pequenos negócios continuem investindo na sua produção e serviços”, comemora José Carlos Elias, analista de Políticas Públicas do Sebrae Pernambuco. Segundo o analista, a meta do estado é chegar a R$ 30 milhões financiados até dezembro de 2024.

Momento Crédito Consciente

Esta é a sétima reportagem da série Momento Crédito Consciente, um oferecimento do Sebrae Acredita. A proposta é levar conhecimento sobre o crédito para donos de pequenos negócios de todo o país. Confira o lançamento semanal de novos episódios e a série completa na Agência Sebrae de Notícias (ASN).

Fonte: SEBRAE
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