Em meio ao agravamento da crise econômica decorrente do coronavírus, os três principais bancos públicos devem liberar um total de aproximadamente R $ 230 bilhões para ajudar setores da economia afetados pela pandemia. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou um pacote de emergência de R $ 55 bilhões, enquanto o Banco do Brasil (BB) e a Caixa Econômica Federal (CEF), juntos, serão responsáveis por R $ 175 bilhões.
No caso do BNDES, R $ 5 bilhões serão destinados a capital de giro para pequenas e médias empresas. O valor deve ser canalizado para 150 mil empresas, que possuem 2 milhões de funcionários. O restante do dinheiro será utilizado na transferência de recursos do PIS / Pasep para o FGTS, suspensão de pagamento para operações diretas e indiretas, entre outros.
O Banco do Brasil deve priorizar, além das empresas, segmentos como pessoas físicas, agronegócios, prefeituras e governos estaduais. No caso deste último, o financiamento deve ser direcionado à aquisição de suprimentos médicos.
A Caixa contemplará carteiras de crédito consignado, crédito agrícola, imobiliário, micro, pequenas e médias empresas, além de prever a liberação do FGTS para situações de emergência.
Para o presidente da Federação Nacional das Associações de Pessoas da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, a iniciativa ajuda a contrariar o discurso orquestrado pelo governo Bolsonaro sobre uma eventual necessidade de cortar a Caixa “Acho que essa crise acabou matando, quebrando a tese do atual governo de que é necessário vender tudo.
Agora está comprovado que isso não resolve e que os bancos públicos são essenciais no momento ”, diz Ferreira.
O presidente lembra que, em momentos de crise acentuada como essa, os bancos privados tendem a reduzir sua participação no mercado devido ao alto risco anunciado pelo contexto brasileiro, marcado pelo encolhimento do Produto Interno Bruto (PIB) e pelo fechamento de empresas, com consequentes demissões. “Do jeito que estamos, do jeito que a economia já estava indo mal, e agora com essa pandemia, se não houver bancos públicos e estaduais, não sairemos dessa emboscada tão cedo”, acredita, observando que a Caixa Econômica Federal e O Banco do Brasil está entre os cinco maiores bancos do país.
Para o professor Victor Leonardo Araújo, do curso de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), o momento ainda não permite certas previsões sobre a dinâmica dos investimentos econômicos diante do avanço da pandemia. Ele enfatiza, no entanto, que os bancos públicos seriam essenciais para gerenciar problemas econômicos.
“A tendência é que os bancos privados reduzam a oferta de crédito inclusive pra capital de giro. Nessas situações, os bancos públicos sempre costumam ser a tábua de salvação, exatamente porque são motivados pra realização de políticas públicas”, destaca.
No caso da Caixa Econômica Federal, o banco responde por cerca de 70% do financiamento de todo o setor de habitação no país, com essa participação chegando a 90% no caso dos financiamentos para pessoas de baixa renda.
Para o professor Fábio Sobral, do curso de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC), o aporte anunciado pelos três bancos públicos pode não ser ainda o suficiente para conter a crise, que, em sua avaliação, demanda uma participação maior do Estado brasileiro por conta da necessidade de garantir o pagamento de salários na iniciativa privada. Mas, na ausência deles, o economista acredita que o buraco econômico aberto pelo coronavírus poderia ser maior.
“Os bancos públicos são essenciais nisso. Sem a existência de crédito deles hoje, a crise seria muito mais profunda. Já se avalia que, no mundo, a atividade econômica pode recuar de 20% a 30% só neste ano. É o FMI [Fundo Monetário Internacional] que tem dito isso”.
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Fonte: Jornal Contábil
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