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Os deputados da Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados questionaram a diretora do Departamento do Cadastro Único da Secretaria de Cadastro Único do Ministério da Cidadania, Angélia Amélia Faddoul, sobre o desenvolvimento de um aplicativo para o Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).

Eles temem que mudanças no sistema atual de cadastro, feito presencialmente pelas prefeituras, provoquem fraudes e a exclusão de cidadãos vulneráveis.

Angélia Faddoul participou de audiência pública realizada nesta sexta-feira (14).

O CadÚnico reúne os dados de beneficiários do Bolsa Família e de outros programas sociais, como a Tarifa Social de Energia e o Benefício de Prestação Continuada (BPC).

São quase 77 milhões de registros ativos de brasileiros em situação de pobreza.

Os deputados Eduardo Barbosa (PSDB-MG) e Flávia Morais (PDT-GO) lamentaram a falta de informações do Ministério da Cidadania.

“Se existe um trabalho paralelo no ministério, trazendo insegurança para gestores e atores do Cadastro Único, precisamos descobrir e ter informação concreta, até para colaborar”, cobrou Flávia Morais.

Eduardo Barbosa lembrou da dificuldade de acesso da população vulnerável a celulares com internet, além das dificuldades de preencher os dados em aplicativos.

“Na época do auxílio emergencial, meu gabinete tinha fila de gente pedindo ajuda para fazer o cadastro”, relatou.

Modernização

Angélia Faddoul afirmou que o aplicativo não vai substituir o contato humano e a avaliação realizada por profissionais qualificados da rede de postos de atendimento e centros de referência de assistência social.

“A modernização do cadastro está sendo pensada para ampliar a autonomia dos brasileiros para ter acesso às políticas sociais”, defendeu.

“A pandemia mostrou que essas tecnologias são extremamente aliadas à assistência social.”

Segundo a diretora, o atendimento também poderá ser feito por telefone, assim como foi realizado no cadastro do auxílio emergencial.

A diretora reconheceu que houve um conjunto significativo de erros, omissões e preenchimento equivocado no cadastro do auxílio emergencial.

No entanto, ela avalia que o processo pode ser fortalecido com a agregação de novas bases de dados e registros.

Foto: Marcello Casal Jr
Foto: Marcello Casal Jr

Municípios

A audiência pública também contou com a participação do presidente do Colegiado Nacional de Gestores Municipais de Assistência Social (Congremas), Elias de Sousa Oliveira, e da ex-ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome Tereza Campello.

Ambos disseram estar preocupados com declarações recentes do presidente Jair Bolsonaro de que o cadastro do Bolsa Família seria realizado por aplicativo e não mais pelas prefeituras.

“Preocupa tirar dos municípios a possibilidade de monitorar as condições de pobreza e as vulnerabilidades sociais.

Isso vai criar uma maquiagem na pobreza que assola o País”, alertou Oliveira.

Tereza Campello afirmou que a retirada dos municípios do processo de cadastramento seria uma ameaça ao pacto federativo.

“Isso não é modernização, é retrocesso. O Cadastro Único está sendo destruído, desorganizado e desumanizado. Estamos perdendo um mecanismo de inclusão”, acusou.

Ela lembrou que o cadastro presencial representa uma oportunidade para assistentes sociais identificarem outras vulnerabilidades da população, incluindo o abandono, isolamento, exploração sexual e trabalho infantil.

A ex-ministra sugeriu que a comissão solicitasse os estudos técnicos que embasam a alteração das operações do cadastro.

Outra preocupação é com reuniões que o ministério teria realizado com empresas de tecnologia, como Google e Facebook, para desenvolvimento do aplicativo.

“Temo que a base de dados do Cadastro Único já tenha sido oferecida para eles para que façam estudos. Se isto aconteceu, é gravíssimo. Está em risco o sigilo desta população. Não é porque a população é pobre que pode ter sua privacidade devassada.”

Ausência

Eduardo Barbosa lamentou o não comparecimento da secretária nacional de Assistência Social, Maria Yvelonia Barbosa, que havia sido convidada para a reunião.

Os deputados da comissão devem encontrar-se com a secretária na próxima terça-feira (18).

“Foi frustrante neste primeiro momento. Isto por si só é grave no meu ponto de vista. É uma omissão do ministério para com a comissão.”

Fonte: Agência Câmara de Notícias

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Fonte: Jornal Contábil
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