Responda rápido: que empresa emprega mais engenheiros no Brasil atualmente? Odebrecht? Petrobras? Vale? Pasme, nenhuma delas. A empresa que mais emprega engenheiros no Brasil atualmente é a Uber, que também já acomoda um grande volume de jornalistas, arquitetos, enfermeiros e professores, entre outras das chamadas “profissões tradicionais”. São pessoas que passam anos em sala de aula lutando por um diploma e, ao conquistá-lo, não conseguem mais emprego.
Piloto de drone, especialista de inteligência artificial, desenvolvedor mobile, analista de SEO, UX Designer, trader de de criptomoedas, influenciador digital, Youtuber e instrutor de zumba. Todas essas profissões são exemplos de carreiras que se desenvolveram no paralelo das novas tecnologias e de abordagens de direcionamento mais recentes no mercado. E nenhuma delas existia há cerca de dez anos.
Se dermos um salto para o futuro, teremos mais um dado bombástico: 85% das profissões que existirão daqui a dez anos ainda não foram criadas, segundo relatório do Institute For The Future. Se as instituições de ensino não se adaptaram a última década, como serão os próximos anos? Já que a intensidade das mudanças só aumenta, ficarão limitadas a ensinar só para os 15% das profissões “tradicionais”?
Na transição do analógico ao digital, muitas transformações se deram de modo veloz e inesperado. Na esteira dessa velocidade, a educação vem perdendo o timing e ainda reproduz um modelo de transmissão de conhecimento quase idêntico ao que vivenciaram nossos pais e avós.
Entre as consequências dessa disritmia, já lidamos com uma crescente evasão escolar e com uma relação cada vez mais truncada entre professores e alunos. Historicamente, nunca houve uma demanda tão urgente por inovação nos processos educacionais. E aí, vamos dar conta da corrida?
Em educação, inovar pode ter muitos significados. A inovação pode acontecer a partir de processos não necessariamente tecnológicos, como proporcionar mais a vivência do que é ensinado em vez de se limitar à apresentação teórica. Ou pode significar uma reviravolta completa no modelo vigente, com professores sendo substituídos por robôs e telas até a segunda metade deste século. Será?
O que já está claro é que a guinada que se anuncia no horizonte vem delineando um deslocamento de prioridades. Ao que tudo indica, o desafio será mover a ênfase do ensino para a aprendizagem. E aqui entra a construção de habilidades urgentes, como inteligência emocional, criatividade e pensamento crítico, competências apontadas neste ano pelo PNUD no relatório “O Futuro dos Empregos” como indispensáveis para os profissionais até 2020.
O prazo é curto e o caminho é longo. Andemos.
* Richard Vasconcelos CEO da LEO Learning Brasil, mestre em Tecnologias Educacionais pela University of Oxford e atua há 15 anos no mercado de educação. Neto do fundador da universidade Estácio, atuou na implantação do ensino à distância na instituição até 2009. Fundou a Me Digital, startup desenvolvedora de soluções para gestão escolar e é ex-CEO e sócio da rede de escolas de inglês Britannia, vendida para a Cultura Inglesa em 2018.
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Fonte: Jornal Contábil
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