A Americanas (AMER3), em recuperação judicial, comunicou nesta manhã de terça-feira (13) que suas demonstrações financeiras vinham sendo fraudadas pela diretoria anterior. Essas informações constam no relatório preliminar de assessores jurídicos apresentado na véspera ao conselho de administração da varejista.
Os documentos que deram origem ao relatório demonstram ainda os esforços da diretoria anterior da Americanas para ocultar do conselho de administração e do mercado em geral a real situação de resultado e patrimonial.
A Americanas afirmou que o efeito dos ajustes decorrentes das fraudes nos resultados da companhia ao longo do tempo ainda está sendo apurado, “mas a expectativa da administração é de que o impacto nos resultados mais recentes seja significativo”.
O relatório indica, ainda, a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex- diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Documentos internos
Os registros internos da empresa indicam que os executivos da área negaram a existência de operações de “risco sacado” em pelo menos quatro ocasiões em 2020 e 2021.
O “risco sacado” é um mecanismo comum no varejo, no qual os bancos abrem linhas de crédito para que os fornecedores descontem suas faturas com desconto, cobrando depois o valor da Americanas.
Assim, esse tipo de financiamento aparece no balanço da companhia como passivo, ou dívidas. No entanto, as dívidas que somavam R$ 20 bilhões em janeiro não apareciam nas demonstrações financeiras desde pelo menos 2016.
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Todavia, no relatório informa que foram identificados diversos contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC), incentivos comerciais usualmente utilizados no setor de varejo, que teriam sido artificialmente criados para melhorar os resultados operacionais da companhia como redutores de custo, mas sem efetiva contratação com fornecedores.
Esses lançamentos, feitos durante um significativo período, atingiram, em números preliminares e não auditados, o saldo de R$ 21,7 bilhões em 30 de setembro de 2022.
E vai mais além, apurou-se que “como forma de gerar o caixa necessário para a continuidade das operações das Americanas, a Diretoria anterior da companhia contratou uma série de financiamentos nos quais a Companhia é devedora perante instituições financeiras. Isso sem as devidas aprovações societárias, todas inadequadamente contabilizadas no balanço patrimonial da companhia de 30 de setembro de 2022 na conta fornecedores”, complementou o documento.
Por fim, o Conselho de Administração recomendou a apresentação do relatório às autoridades e a avaliação de medidas para o ressarcimento dos danos causados.
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Fonte: Jornal Contábil
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