Por Ricardo de Freitas (com assistência parcial de IA, e talvez por isso você nunca leia isso no topo do Google)
Vamos começar com uma ironia de bilhões: o mesmo Google que diz apoiar o jornalismo e a informação de qualidade é quem mais o asfixia. E isso não é teoria conspiratória – é um fato documentado, registrado em processos judiciais, com bilhões de euros em jogo, principalmente na Europa. Aqui no Brasil, a guilhotina já está afiada, e os blogs, sites independentes e jornais digitais estão sendo colocados contra a parede, sem ar, sem alcance, sem voz.
Isso tudo enquanto a big tech lucra com os cliques que deveriam ser nossos.
A farsa do “apoio à imprensa livre”
Sabe aquele papo de “Google News Initiative”, de “parcerias com o jornalismo local”? Parece bonito, né? Pois saiba que, ao mesmo tempo em que distribui esses baldes de tinta colorida para acalmar os jornalistas do mundo, o Google:
- Ignora leis de direitos autorais;
- Rebaixa conteúdos legítimos que não seguem seus critérios algorítmicos misteriosos;
- E monopoliza a publicidade, esvaziando por completo as receitas que antes sustentavam redações inteiras.
Isso é novo? Nem um pouco. O que é novo é a sutileza: o Google não mata o jornalismo de uma vez. Ele o obriga a morrer de fome — lentamente.
Europa tentou frear. Spoiler: Não deu certo (ainda)
Você sabia que o Google enfrentou diversos processos bilionários na Europa por:
- Uso de conteúdo de veículos sem remuneração;
- Abuso de posição dominante no mercado publicitário;
- Manipulação de resultados de busca?
Em 2021, por exemplo, foi condenado na França por não negociar de forma justa com veículos de imprensa. A multa? 500 milhões de euros.
A União Europeia já aprovou a Diretiva dos Direitos Autorais para tentar obrigar plataformas como Google e Facebook a pagar pelo uso de conteúdo jornalístico. Adivinha quem resistiu com todas as forças? Claro, o Google. Porque no fundo, ele sabe: se depender de pagar o conteúdo que entrega, o lucro desce a ladeira.
E agora, com IA? Bem-vindo ao pesadelo automatizado
Com o avanço das inteligências artificiais, a situação piorou. O Google agora começa a mostrar respostas prontas no topo da busca, em vez de indicar links de matérias jornalísticas. Ou seja: ele extrai a informação dos sites (muitas vezes com IA), entrega o conteúdo direto na busca e… quem precisa clicar no seu blog agora?
Resposta: ninguém. O seu site vira o repositório secreto de onde a IA puxando tudo.
E o mais cômico (ou trágico) de tudo: se você usar IA para gerar conteúdo, corre o risco de ser penalizado nas buscas por usar IA. Mas o Google pode. Você, não.
As novas “regras” do Google para produtores de conteúdo
Quer continuar visível? Obedeça.
- Escreva como o Google manda.
- Publique no ritmo do Google.
- Use título, subtítulo, palavras-chave como o Google define.
- Não use IA, mas escreva como se fosse IA.
- Produza conteúdo humano 100%… e torça para um robô te aprovar.
O resultado? Um jornalismo domesticado, obediente, robótico — mas com nome e sobrenome no byline. E aí vem a parte mais debochada: se você ousar criar um conteúdo realmente humano, livre, fora do script, prepare-se para desaparecer do mapa.
Por que isso importa (e sim, você deveria se importar)
A cada nova atualização de algoritmo, milhares de sites e blogs caem no limbo da visibilidade digital. Muitos jornalistas e pequenos veículos não conseguem mais pagar o café com a receita de AdSense. Isso não é uma previsão. Está acontecendo agora.
E por isso mesmo, projetos que priorizem o conteúdo humano real, a crítica autêntica e a independência editorial estão sendo sufocados. Criar projetos sem IA virou quase uma rebelião — uma tentativa desesperada de preservar a relevância e a humanidade num ambiente cada vez mais programado para a conveniência algorítmica.
Um pensamento livre (se é que isso ainda existe)
Esta matéria foi escrita por um humano, mas contou com IA para compor parte do raciocínio e estruturar a crítica. Isso, segundo o Google, pode ser um problema. Não porque haja erro, nem porque haja mentira. Mas porque não é ele que está no controle.
Então, se você chegou até aqui, é porque ainda existe espaço para a liberdade no jornalismo digital. Ainda que pequena, sufocada, sabotada.
E se você também acredita nisso — junte-se à resistência.
Fazendo um paradoxo com a liberdade de impressa… é isso mesmo, o poder controlando a mídia.
Há! Tem um pequeno errinho de português no texto, quem sabe o Google não vai achar que um humano escreveu sozinho…
O post Como o Google Está Engolindo o Jornalismo Online — E Chamando Isso de “Evolução” apareceu primeiro em Jornal Contábil – Independência e compromisso.
Contabilidade em SBC é com a Dinelly. Fonte da matéria: Jornal Contábil