Por Erika Linhares

A produtividade da força de trabalho no Brasil não é novidade, está muito aquém da observada nas principais economias globais. Um levantamento feito pela Fecomercio-SP e divulgado em março deste ano mostrou que um trabalhador brasileiro leva uma hora para fazer o mesmo produto ou serviço que um norte-americano consegue realizar em 15 minutos e um alemão em 20 minutos.

Em geração de riqueza, isso significa que produzimos em uma hora o equivalente a US$ 16,75, enquanto os Estados Unidos produzem US$ 67 nos mesmos 60 minutos. Para fazer essa comparação de produtividade entre os países, os especialistas analisam fatores como capital físico, humano, financeiro, burocracia e acesso à tecnologia. Porém, há um aspecto por vezes menos tangível, mas com profundo impacto sobre a produtividade das companhias e, consequentemente, de um país: o comportamento dos colaboradores.

Comportamento profissional é principal motivo da baixa produtividade brasileira

Em mais de 20 anos de vida corporativa tenho observado com frequência organizações muito dedicadas ao cliente e pouco dedicadas a quem entrega soluções ao cliente, os seus funcionários. São, em geral, empresas que buscam oferecer produtos e serviços dinâmicos, inovadores e competitivos. Para conseguir isso, têm estratégias focadas na satisfação do consumidor e, na hora de contratar, na grade curricular e nas experiências do candidato. No entanto, o comportamento do profissional quase nunca entra na equação de sucesso da companhia.

Boas universidades, idiomas e experiência não são sinônimo de produtividade e entrega, mas comportamento sim. As pessoas que progridem em suas vidas pessoal e profissional não tiveram necessariamente as mesmas oportunidades e o mesmo estudo, mas têm o mesmo tipo de comportamento: um mindset progressivo. Por isso, mais importante do que o perfil de um colaborador é desenvolver seu comportamento corporativo, progredindo de um mindset fixo para um mindset progressivo, ou seja, um profissional que encara problemas como desafios, tem auto responsabilidade e é independente.

Normalmente isso funciona como uma pirâmide dentro de uma empresa: 10% não querem mudar e não há como educá-los de forma diferente; 20% já nascem com um mindset progressivo e não precisam de ajuda; e os outros 70% são aqueles profissionais que ainda tem o mindset fixo, mas podem ser educados de modo comportamental. Os benefícios dessa mudança estão muito além da produtividade, trazendo ainda mais leveza para funcionários que, por vezes, não sabem o que os impede de progredir e encontrar felicidade profissional.

A capacidade produtiva de um país é central para o crescimento das organizações e não pode ser um fator que impede as companhias de crescerem. Não são governos que progridem países, mas empresas e colaboradores que inovam, geram postos de trabalho e fazem a economia girar.

As organizações precisam se interessar genuinamente pela evolução do modelo mental de suas equipes. Pessoas com um mindset fixo não prosperam! O estudo é muito importante, mas sem atitude é desperdício! Transformar o comportamento torna os profissionais mais práticos e felizes e, logo, mais engajados e produtivos. A educação comportamental leva as pessoas a pensarem e serem autônomas, a técnica puramente as transformam em robôs esperando manutenção!

Erika Linhares é fundadora da B-Have, empresa que oferece mentoria especializada em mudança de comportamento humano nas empresas.

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Fonte Jornal Contábil