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O empreendedorismo e a maternidade possuem pontos em comum. Envolvem geração e crescimento. Exigem cuidados, em especial, nos primeiros anos, dedicação e investimento de tempo e de dinheiro. Viver as duas experiências simultaneamente é um desafio e tanto, mas tem demonstrado dois atributos maternos importantes também nos negócios: a capacidade de cuidar e de se adaptar rapidamente a situações de crise.

De acordo com o Sebrae, 74% das empreendedoras brasileiras são mães e, conforme a Rede Mulher Empreendedora (RME), 68% começaram a empreender depois de terem filhos. Muitas optaram por esse caminho como forma de ter mais tempo com a família. Mas muitas barreiras ainda precisam ser superadas. De acordo com o Mapa de Negócios de Impacto Socioambiental de 2021, apenas 25% das empresas fundadas ou gerenciadas por mulheres conseguiram captar investimentos, contra 55% das empresas com predominância masculina. Ainda assim, dados coletados pela First Round Capital mostram que empresas fundadas por mulheres têm um desempenho 63% melhor do que aquelas fundadas exclusivamente por homens, isto porque as mulheres dedicam mais tempo à capacitação em temas como gestão e empreendedorismo.

Conheça as histórias e os relatos de mães empreendedoras que possuem a marca da superação em suas trajetórias:

1 – Izabelly Miranda, fundadora e diretora da rede Cuidare

Após se formar em enfermagem, a potiguar Izabelly Miranda, de 31 anos, decidiu empreender criando com o marido, Etevaldo Miranda, a Cuidare em 2016, em Natal, projeto que começou ainda na faculdade a partir da carência percebida de serviços de cuidadores qualificados e de forma humanizada. A empresa cresceu rapidamente e, após dois anos liderando o mercado local, Izabelly decidiu formatar a franquia da marca e dar oportunidade para outras empreendedoras. Atualmente, as mulheres correspondem a 80% dos postos de liderança da rede. A marca se transformou numa das maiores redes de cuidadores do país, presente em 20 estados e no Distrito Federal, no Brasil, e em Lisboa, Portugal, com mais de 80 unidades, e operações em curso no Canadá e na Argentina. Atualmente, as mulheres correspondem a mais de 70% dos postos de liderança da rede, a maioria formada por mães. Com a pandemia do novo coronavírus e as regras de isolamento social, a procura pelos serviços da rede aumentou em 30%.

Mãe de uma menina de 5 anos e um menino de 2 anos, ela relata que conciliar a maternidade com o dia a dia do negócio exige muita dedicação e tempo, mas empreender possibilita um planejamento maior do seu tempo. “É um desafio, mas consigo me dedicar muito mais aos meus filhos, pois faço os meus horários e consigo flexibilizar muito mais. Não tenho dúvidas que trabalho muito mais, pois preciso dar conta de todas as demandas, porém consigo estar presente em todos os momentos da vida dos meus filhos e tenho certeza que isso é a maior satisfação do meu trabalho. Sou realizada profissionalmente e na maternidade”.

Site: www.cuidarebr.com.br

2 – Bianca Dewes, sócia-fundadora da rede Hey Peppers!

A marca gaúcha, fundada em 2013, pelas irmãs, empresárias e educadoras Tamara e Bianca Dewes, na cidade de Santa Rosa (RS), se consolidou no interior da região Sul em pouco tempo. Isto devido a seu crescimento impulsionado, em especial, pela “prata da casa”, ou seja, funcionários e alunos que se tornaram franqueados e correspondem, atualmente, a mais de 50% da rede. Com 29 unidades, 26 no Rio Grande do Sul, duas em Santa Catarina e uma no Paraná, a meta agora é ampliar a atuação por toda região Sul partindo da experiência bem-sucedida em cidades menores.

Bianca é mãe do Lorenzo, de 5 anos, e Joaquim, de 2 anos. Ela conta que a parceria com sua irmã nos negócios foi imprescindível para o crescimento da rede, e agradece muito pelo apoio que teve para dar conta da maternidade e dos negócios. Ainda assim, os desafios foram muitos, mas de qualquer forma, se sente realizada com suas escolhas:

– Ser mãe, sócia e executiva, é viver um malabarismo diário e, ao mesmo tempo, estar feliz, plena e realizada em cada importante função. Muitas vezes tenho a certeza que poderia me dedicar mais à maternidade ou ao trabalho, mas minha escolha é fazer o melhor que posso, nas condições que tenho agora, para ao final, ver e desfrutar de um lindo resultado na totalidade. Esta busca pelo equilíbrio é o que me move e, há quase seis anos sendo mãe e empreendedora, estou realizada com o resultado até aqui, mesmo que já tenha feito reunião via zoom, levando o filho para a escola – fala Bianca.

Site: https://www.heypeppers.com.br/

3 – Natalie Pavan, fundadora e CEO da rede MyCookies

A advogada Natalie Pavan é sul-mato-grossense, tem 33 anos e sua trajetória como empreendedora começou de forma despretensiosa em 2016, quando decidiu vender uma receita própria de cookie (guardada a sete chaves, por sinal) nas portas das escolas e para complementar a renda. O biscoito crocante por fora e macio por dentro acabou virando febre no seu bairro e, em seguida, na sua cidade, Campo Grande. O sucesso foi tão rápido que, em pouco tempo, o negócio ganhou loja, fábrica própria, tornou-se franquia em 2018 e hoje conta com mais de 50 unidades espalhadas pelo país. Em 2021, a rede faturou R$ 16 milhões e a expectativa para 2022 é chegar a R$ 33 milhões com 120 pontos em todo território nacional.

Para conseguir conciliar a demanda crescente da MyCookies com a família, a empresária e mãe largou o trabalho em uma grande empresa, mantendo-se focada na produção e na busca de soluções para enfrentar os problemas que surgiam no processo de construção da marca. “Hoje, com muito orgulho, gero emprego para mais de 200 famílias, com 80% de mulheres”, completa Natalie. Além da sua atuação empresarial, Natalie dá palestras falando da sua experiência para empoderar mulheres a empreenderem.  

Site: https://mycookies.com.br/

4 – Liana Segal, fundadora e CEO da healthtech Espaço Médico Brasil 

Liana Segal inovou há mais de 20 anos ao criar o primeiro coworking dedicado exclusivamente aos profissionais da saúde, o Espaço Médico Brasil, no Rio de Janeiro. A pandemia veio, mas não assustou a empresária, que decidiu investir na ampliação do negócio por meio da tecnologia. Do coworking médico, tornou-se uma empresa de soluções tecnológicas na área da saúde, uma healthtech, disponibilizando franquia, telemedicina, sistema de marcações de consultas e call center. Em breve, lançará uma plataforma, nunca vista no mercado, que conecta médicos a consultórios ociosos com a pandemia para locação por período, reduzindo os custos do profissional com o espaço para atender seus pacientes em até 90%. “A rotina do médico é intensa, trabalham em vários hospitais e clínicas, subutilizando o consultório e mantendo o custo com aluguel e assistente altíssimo. Manter essa estrutura ficou inviável para os profissionais da área”. A empreendedora projeta que, até o fim de 2021, a plataforma impacte mais de 200 consultórios e 2 mil médicos, movimentando cerca de R$ 20 milhões anuais. 

“Com 61 anos, dois filhos e três netos”, como costuma dizer, ela atribui à experiência trazida pela maternidade ao longo do tempo, com tantas transformações, o fator fundamental para conseguir encarar desafios como o de 2020 de forma tão destemida. “Tive a primeira filha aos 24 anos e empreendi quase que simultaneamente ao nascimento do meu segundo filho, aos 26. Passado todo esse tempo, como mulher, mãe e avó, me vejo uma empreendedora mais amorosa nos negócios, com mais empatia, mas firme para atingir os objetivos”. 

– Ser mãe e abraçar a carreira empreendedora com garra não é tarefa nada fácil, cansativa por muitas vezes, mas me fez e faz muito realizada e plena. O empreendedorismo demanda muita observação, conclusão e ação. Para empreender, temos que ter uma grande dose de ousadia, coragem e credibilidade em si, pois não é sempre que se acerta ao empreender. E, como mulher e mãe, temos que ter a medida do risco que podemos correr para não arriscarmos o bem-estar da família – revela.

Site: www.espacomedicobrasil.com.br

5 – Bia Willcox, fundadora e CEO do curso WOWL

A carioca Bia Willcox, 53 anos, é educadora, empresária, jornalista, palestrante, advogada e membro da comissão OAB VAI À ESCOLA, projeto que tem como objetivo conscientizar alunos das escolas públicas sobre a importância dos direitos humanos e da cidadania, através de palestras e debates realizados por advogados voluntários nas salas de aula. Desde 2009, possui sua própria escola bilíngue, a Wowl Education, que possui metodologia própria e oferece programas internacionais semelhantes aos das escolas estrangeiras, mesclando o ensino em inglês com matérias como matemática, história, biologia e educação socioemocional. Durante a pandemia, a empreendedora idealizou e criou a plataforma do curso com aulas ao vivo para crianças e adultos. Hoje, o projeto conta com alunos de todo o Brasil e também de Portugal. Sempre criativa, Bia junto com o ilustrador Atlan Coelho, criou a série de livros infantis em inglês, o “The W Street Family”, que teve seu primeiro livro publicado pela Amazon este ano. Nas obras serão abordados temas da cultura inglesa/americana e também temas atuais ligados às diversidades do mundo. Bia como palestrante aborda diferentes temas, como empreendedorismo, tecnologia na educação e o desenvolvimento da criatividade, os novos paradigmas das relações sociais, Geração Z e empreendedorismo nas escolas públicas. Além disso dá aulas de Marketing e é professora na plataforma Descomplica e ICL (Instituto Conhecimento Liberta).

– Comecei a empreender aos 24 anos com dois filhos pequenos. Por mais apoio que tenhamos, a vida se torna um desafio. Passei por planos econômicos, recessão, inflação, separação, nova paixão, e também decepção em diversos campos. As dificuldades me fazem querer inovar e fiz disso um hábito em minha vida. Esbarrei em machismos e pessoas tóxicas. Mas também fiz ótimas parcerias, e conheci tantos que me ajudaram em minha trajetória. Não dá para romantizar escolher ser uma mulher empreendedora, são muitas horas de trabalho, investimento de tempo e dinheiro. Há caminhos mais fáceis com certeza, mas nesse meu caminho, há algo que me faz acordar todo dia renovada em querer continuar a escrever esta história – finaliza Bia.

Site: https://2022.wowl.com.br/

6 – Monique Rodrigues, fundadora e CEO da rede Clinicão 

 Com quase 30 anos no mercado, a Clinicão é a primeira franqueadora de serviços veterinários do Brasil. Comandada pela carioca, Monique Rodrigues, o processo de criação do negócio começou em 1987, quando Monique foi aprovada no vestibular para veterinária na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Em 1994, inaugurou a sua primeira clínica, em Guaratinguetá (SP), e inovou com procedimentos que se tornaram tendências no atendimento aos pets. Com o apoio do Sebrae e muito estudo, fez da clínica uma referência e ingressou no Franchising com o propósito de desenvolver veterinários empreendedores. Isto porque um aspecto marcante no negócio é que, além do suporte padrão de uma franqueadora para a franqueada, Monique, que também tem MBA em Gestão Empresarial e Economia, dá todo o suporte para o franqueado ou a franqueada – em geral, profissional da área da saúde animal – na sua formação e preparação para administrar um negócio. Esse desenvolvimento acompanhou um nascimento, o de Letícia Cesário, hoje com 23 anos. “A maternidade exige muito da mulher. Eu levava minha filha para o trabalho. Foi criada dentro da clínica”, conta Monique. Essa rotina acabou sendo decisiva para o futuro da filha, que segue os passos da mãe e hoje cursa medicina.  

Hoje, a rede conta com 05 unidades nos estados de São Paulo e Minas Gerais e possui um modelo de clube de assinaturas, o Clinicão Plus. A franqueadora aumentou seu faturamento bruto em 8% em 1 ano e, atualmente, conta com mais de 140 assinantes. O plano oferece assessoria virtual com uma equipe selecionada de veterinários, valores diferenciados nos atendimentos nas unidades Clinicão e farmácias de manipulação parceiras, além de conteúdos pet exclusivos. Em 2021, mesmo com o cenário de pandemia, a rede apresentou um crescimento médio de aproximadamente 35% no faturamento bruto de suas unidades e pretende para 2022 intensificar sua expansão pelo sudeste do país.

– O desafio de empreender é ainda maior para nós mulheres e mães, ao ter que gerenciar a nossa carreira profissional e função materna. Infelizmente, a responsabilidade dos cuidados com a prole ainda recai mais sobre as mulheres. Para mim, o que me ajudou a atender a todos estes aspectos foi a organização, e acredito que meus filhos têm orgulho de ver a mãe deles empreendendo e gerando emprego e renda – finaliza a CEO.

Site: www.clinicao.com.br 

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Fonte: Jornal Contábil
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