A divulgação dos resultados de crédito realizada pelo BACEN em 29 de julho de 2020 mostrou um cenário mais estável do que nos meses anteriores.
O primeiro indicador que é a relação Crédito X PIB voltou a superar o percentual de 50%, resultado este não atingido desde nov/2016.
Sabemos que tal indicador tem ainda a influência da queda do PIB, acompanhada desde o início da pandemia.
Percebemos que a queda na carteira de Pessoas Físicas foi paralizada e agora a carteira “anda de lado”.
As concessões, por outro lado, apresentaram crescimento de 14,3% de maio para junho, voltando quase aos patamares de 2019.
Todas estas características abordadas para PF são basicamente refletidas pela carteira e movimentos do produto cartão de crédito.
Os juros contiuam na tendência de queda, estes na PF, basicamente liderados pela queda dos juros do cheque especial, que desde jan/20 caíram praticamente pela metade e chegaram em jun/20 com queda de 59,5% em relação a 2019.
Em dez/2019 o BACEN estabeleceu medidas que derrubaram os juros de 247,5% a.a para os 110,2% demonstrados em jun/20.
Na carteira de Pessoas Jurídicas não observamos nenhum fato relevante, continuando sem alterações no mês (0,64% em relação a maio) e com um crescimento nas concessões em relação ao ano anterior de 22,4%, principalmente influenciado pelo crescimento ocorrido a partir de março pela demanda de capital de giro que ainda vem se mantendo.
E a inadimplência? A grande surpresa ainda deste período de pandemia. Na carteira de Pessoas Físicas, registramos queda no mês de -5,4% e um crescimento contra 2019 de 9,8%, porém importante dizer que a taxa de inadimplência atual de 5,25% (over 90) só é maior nos últimos dez anos do que as encontradas nos anos de 2018 e 2019.
Comparando este indicador, nota-se que em 2012 a taxa de inadimplência chegou a 7,15%.
Para a Pessoa Jurídica a notícia tem ainda maior destaque pois a taxa de inadimplência (over 90) registrou 1,9%, melhor resultado dos últimos 10 anos.
A pergunta que fica: será que o impacto da pandemia da Covid-19 não irá trazer efeitos de piora na inadimplência?
A divulgação do CAGED registrou o pior saldo de empregos acumulados desde de 2010. São 1.198.363 desligamento a mais do que admissões.
Muito se cogita que o Auxílio Emergencial do governo federal vem ajudando na manutenção da renda.
A grande questão será quando setembro chegar e a última parcela for paga. O que acontecerá?
Longe de criarmos qualquer situação de pânico, é hora sim de mantermos nossos processos estruturados, gerar cada dia mais canais de comunicação com os clientes e se antecipar a qualquer sinal de inadimplência crescente. Ainda é momento de atenção!
Por Eduardo Tambellini, Consultor de Negócios da FICO
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Fonte: Jornal Contábil
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