Por Gabriella Avila, Poliana Nunes e Rhafael Padilha
Comunicação CFC

Em meio a planilhas, balanços e à busca incessante por números que revelam a saúde financeira de empresas e cidadãos, a comemoração do Dia do Profissional da Contabilidade é um reconhecimento merecido. Celebrar esta data é valorizar o olhar atento e a expertise indispensável daqueles que, com dedicação e precisão, transformam dados brutos em informações valiosas, guiando decisões e construindo um panorama econômico mais claro e seguro. A data também nos remete a refletir sobre outra questão: qual o perfil atual dos profissionais contábeis?

A resposta pode ser resumida numa simples busca na internet ou em aplicativos de inteligência artificial. Certamente, aparecem atividades como: elaborar e analisar balancetes contábeis, administrar tributos, realizar processos de legalização e encerramento de empresas, preparar obrigações ao Fisco, controlar registro de livros fiscais, entre outros. Contudo, as transformações ambientais a que empresas estão submetidas, entre elas o contínuo crescimento do nível de competição, novas exigências também se impõem, não só aos contabilistas, mas aos profissionais de qualquer área.

Em face da evolução da gestão empresarial, torna-se claro que o profissional de contabilidade deve incorporar novas e abrangentes atividades, habilidades, posturas e atitudes, consolidando seu papel como agente de valor para as organizações. Para o presidente do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), Aécio Dantas, a contabilidade é muito mais do que uma profissão. “Para mim, nós somos agentes parceiros que transformamos números em confiança com dedicação, compromisso e responsabilidade. É a área em que atuo desde os 17 anos e afirmo, com orgulho, que não me vejo em outra profissão”, celebrou Aécio.

Números da profissão

A Coordenadoria de Registro do CFC, em parceria com os conselhos regionais, mantém atualizado o número de profissionais da área e de organizações contábeis. Os dados apontam que há 529.505 – entre contadores e técnicos – registrados em todo País. Ao todo, o número de organizações contábeis atinge 97.836.

Vale destacar que os níveis de desemprego nessa profissão são irrelevantes. “A contabilidade é apaixonante exatamente por transformar vidas e fortalecer a sociedade, sendo uma das bases da credibilidade que move o país. Isso explica o nível praticamente zero de desemprego na área”, explicou o presidente do CFC.

Segundo dados publicados em um site de classificados de emprego, Catho Online, a média salarial da classe varia de acordo com a experiência, a especialização e o local de trabalho. Os valores giram em torno de R$3.000 a R$6.000 por mês. Entretanto, em áreas como a de auditor, os salários podem alcançar R$10.000 ou mais, enquanto em áreas mais básicas, como a de auxiliar, podem começar em torno de R$2.000.

Padrões normativos

Desde os anos 1980, o CFC aplica as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBCs), um conjunto de diretrizes que estabelecem os preceitos da conduta profissional, além de procedimentos técnicos necessários para o adequado exercício da profissão. As NBCs também estão em conformidade com os padrões internacionais e permitem que as empresas brasileiras possam ser analisadas pelo mercado financeiro internacional, facilitando as negociações no mercado mundial.

Para os profissionais da contabilidade que pretendem atuar com regulação e convergência de normas técnicas, o mercado é promissor. De acordo com a vice-presidente técnica do CFC, Ana Tércia Rodrigues, “temos um mercado aquecido e sedento de novos talentos que estejam dispostos a se manter constantemente atualizados às demandas globais do mercado de capitais e às especificidades inerentes a cada segmento”. Diversos setores, alguns com regulações, exigem uma verdadeira engenharia para atendimento dos padrões normativos internacionais e exigências regulatórias.

As Normas Brasileiras de Contabilidade classificam-se em profissionais e técnicas. As Normas Técnicas de Contabilidade (NTCs) estabelecem regras de exercício profissional. Já as Normas Profissionais de Contabilidade (NPCs) estabelecem conceitos doutrinários, regras e procedimentos aplicados de contabilidade.

Educação profissional continuada

“Eu costumo dizer que é mais fácil estudar física quântica do que contabilidade”, brinca o vice-presidente de Desenvolvimento Profissional do CFC, José Donizete Valentina. Isso porque a contabilidade exige o domínio de uma grande variedade de conhecimentos, que passam por área técnica, legislação, tributação, entre outras muitas informações. Além dessa base, ainda é necessário acompanhar as mudanças das normas padronizadas que regem a profissão, e frequentemente passam por atualizações a nível global e nacional.

Dessa forma, o CFC incentiva, por meio do Programa de Educação Profissional Continuada (PEPC), que os profissionais da contabilidade participem de atividades que visam desenvolver e manter a competência profissional necessária para prestar serviços de alta qualidade. Além de fortalecer a confiança pública na profissão contábil. O programa funciona a partir de pontos somados nessas atividades ao longo do ano, e é obrigatório para os profissionais das áreas indicadas na NBC PG 12 (R4), norma que rege o PEPC. 

“É uma profissão que só evolui através da educação, do desenvolvimento técnico e científico. E também do desenvolvimento humano, da pessoa com a sua essência”, destaca o conselheiro, que também aponta para a realidade da tecnologia cada vez mais presente na vida dos profissionais. “Se a pessoa não estiver atualizada, sabendo usar essas ferramentas oferecidas pela tecnologia para dialogar com o mundo da contabilidade e com a sociedade, não terá espaço no mercado de trabalho, que exige competências, habilidades e atitudes  nesse sentido”, conclui. 

Ética, integridade e credibilidade

Sendo a Contabilidade uma profissão essencial para a integridade, a transparência e a segurança das informações econômico-financeiras, há profissionais que possuem papel estratégico na promoção desses valores: os que atuam na área de Perícia e Auditoria. 

Enquanto os auditores trabalham com a avaliação da eficácia dos controles internos e a conformidade dos registros contábeis com as normas legais e técnicas aplicáveis, os peritos contribuem diretamente para o combate à impunidade, a partir de processos técnicos que conduzem à resolução de litígios judiciais ou extrajudiciais.

A vice-presidente de Controle Interno do CFC, conselheira Ana Luiza Lima, explica a importância desses profissionais para o contexto contábil. “São profissionais que, com rigor, isenção e responsabilidade, asseguram que os demonstrativos contábeis traduzam, com fidedignidade, a realidade econômica-financeira, orientando decisões sustentáveis e contribuindo ativamente para a transparência e o controle social.

Ao aliarem um elevado domínio técnico à ética profissional, ambas as áreas fortalecem os pilares da governança nas organizações públicas e privadas, ampliando a confiança da sociedade nas instituições, e lidando com valores importantes para a profissão e para a sociedade, como justiça e equidade.

Sustentabilidade

Nos últimos anos, a Agenda ESG – sigla em inglês que engloba os aspectos ambientais, sociais e de governança – ganhou destaque no mundo dos negócios, transformando a maneira como as empresas operam. Nesse cenário, a sustentabilidade tornou-se elemento estratégico e uma preocupação crescente do mercado financeiro.

O incentivo à adoção de práticas sustentáveis pelas empresas e, principalmente, a evidenciação dessas condutas passaram a fazer parte da realidade dos profissionais da contabilidade. Àquelas que adotam boas práticas de ESG criam valor para os seus acionistas e a sociedade. Ademais, se preparam para um futuro onde a sustentabilidade será determinante na avaliação de seus negócios.

Atualmente, duas normas técnicas sobre sustentabilidade estão vigentes. A CBPS 01 –  Divulgação de Informações Financeiras Relacionadas à Sustentabilidade e a CBPS 02 – Divulgações Relacionadas ao Clima. A vice-presidente Técnica do CFC, Ana Tércia, ressalta que a classe contábil possui atuação fundamental na implantação da sustentabilidade nas empresas. “O profissional da contabilidade pode começar a inserir a temática no ambiente de gestão das empresas, sinalizando a importância de começarem a reunir essas informações e organizarem-se para divulgá-las de uma forma consistente”, orientou.

A Reforma Tributária e a Contabilidade 

Hoje, todas as atividades contábeis reúnem conexões entre a empresa e o fisco, portanto, o papel do contador influencia diretamente nas questões que dizem respeito à Reforma Tributária. O processo de mudança na forma como os impostos são cobrados ou administrados pelo governo possui três vertentes: desenvolver a economia brasileira de forma sustentável, gerando emprego e renda; tornar o sistema tributário mais justo; e reduzir a complexidade da tributação.

O presidente do Conselho Regional do Ceará (CRC-CE), Felipe Guerra, destaca a participação ativa da classe contábil durante o processo de tramitação da pauta no Congresso Nacional. “Ainda em 2023, quando a PEC 45 estava tramitando no Congresso, os profissionais da contabilidade participaram de várias audiências públicas. Eu, pessoalmente, participei de uma no Senado Federal”, explicou Guerra. Ele lembrou ainda que a classe contábil propôs alterações no texto da Proposta de Emenda Constitucional – PEC 45, que posteriormente, se converteu na Emenda Constitucional nº 132/2023. “Essas medidas geraram importantes transformações tributárias”, explicou.

Ainda na avaliação de Felipe Guerra, a Reforma Tributária vai proporcionar grandes transformações no mercado contábil, uma vez que os profissionais da contabilidade são os principais operadores do sistema tributário brasileiro. “Somos nós que cuidamos da relação “fisco-contribuinte” e sabemos que as rotinas operacionais serão impactadas pelo uso da inteligência artificial. Caberá ao profissional se preparar para enfrentar esses desafios e, obviamente, aproveitar um mundo de oportunidades que surgem. Não se trata de um assunto simples, portanto, as empresas também devem começar imediatamente a dar essa atenção.”

Fonte: Conselho Federal de Contabilidade
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