O hostel Ô de Casa, situado no badalado bairro da Vila Madalena, em São Paulo, costuma operar com a casa sempre cheia, que suporta até 90 hóspedes. Considerado como o melhor do Brasil pela plataforma Hostel World, o movimento por lá é certo. A não ser em tempos de coronavírus. Desde 13 de março, dia declarado como o começo da crise da pandemia aqui no Brasil, a gerente Sylvia Bisetto teve que lidar com um cancelamento de reserva atrás do outro.
Agora, o hostel abriga, em sua maioria, viajantes que estão remarcando voos cancelados e precisam de um lugar para ficar. Mas a previsão para os próximos dias volta a ser desanimadora. “A gente começou a ter muitos cancelamentos e estamos prevendo que isso vai continuar pelo mês de abril inteiro. Na semana que vem, a previsão é só de 3 hóspedes confirmados”, conta Sylvia, gerente do hostel Ô de Casa.
Os pequenos e médios negócios estão na mira do coronavírus: por conta da pandemia, o comércio desacelerou, principalmente para as empresas que dependem de ponto físico ou de mobilidade para seguir com as vendas. Além disso, algumas cidades já orientaram lojas e comércios a fecharem suas portas até a situação se regularizar: em São Paulo, por exemplo, o prefeito Bruno Covas assinou um decreto que determina o fechamento do comércio na cidade a partir desta sexta-feira (20) até o dia 5 de abril.
Com essa instabilidade, é de se esperar que a receita dos pequenos negócios diminua ou até mesmo que as empresas declarem falência. Por isso, a Azulis reuniu 7 ações que os empreendedores podem tomar para deixar esse período de pandemia um pouco menos doloroso. Confira.
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1. Estude as finanças do seu negócio
A primeira ação que você pode fazer pelo seu negócio é ver como está a situação financeira da sua empresa. Para isso, calcule os gastos que você terá no próximo mês (como folhas de pagamento e aluguel). Em seguida, veja se esses gastos são compatíveis com sua reserva de emergência. Já que as vendas diminuirão drasticamente, é importante contar com um plano B para sustentar seu negócio nesses tempos de crise.
Marcelo Reis, especialista em Gestão Comercial e fundador da consultoria MR16, aconselha o empreendedor a se fazer as seguintes perguntas:
- Até quando tenho caixa?
- Quais medidas posso tomar para reduzir despesas de forma mais drástica?
- Quando preciso tomar essas medidas?
- Tenho acesso a crédito caso precise?
Já Arthur Igreja, especialista em Inovação e Negócios pela FGV e Georgetown University, comenta que o empreendedor deve estudar as finanças do negócio pensando no pior cenário possível.
Todos têm que se preparar para o temporal, com corte imediato de custo, olhando fluxo de caixa, e buscando linhas de financiamento… tem sim que se preparar possivelmente para o pior cenário”, diz Igreja.
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2. Monte um plano de ação para o pior cenário
Apesar de o Brasil ainda não ter obrigado a população a ficar em quarentena, já foram tomadas medidas que mostram que caminhamos para essa realidade. Na quinta-feira (19), por exemplo, o País fechou suas fronteiras terrestres com os países vizinhos da América do Sul para tentar conter o avanço do COVID-19. Com isso, não é descartado o cenário de sermos obrigados a ficar em casa e de os negócios terem que fechar as portas.
Em tempos como esse, é essencial montar um planejamento para o pior cenário, incluindo cortes e contenção de gastos. Franklin Gomes, mestre em Direito Penal Econômico, lembra que fornecedores também podem estar passando por dificuldades, sendo necessário negociar amigavelmente para adiamento de pagamentos.
O mesmo vale se a sua empresa estiver na situação de fornecedor e demorar para receber um pagamento.
É importante avaliar a previsão de recebimento dos credores, pois eles podem estar passando por dificuldades também. Nesse caso, se antecipe, seja com o envio de faturas de trabalhos já realizados, como também já buscando uma aproximação para entender se há algum risco de os pagamentos não ocorrerem”, alerta Gomes. “Não deixe o caixa apertar para agir. Com planejamento, se antecipe e negocie prazos e diluição dos compromissos mais pesados, como dívidas e aluguéis”.
3. Aprimore as condições de higiene
Se o seu negócio é um ponto físico, e se a sua cidade ainda não orientou o comércio a fechar as portas, saiba que é de extrema importância adotar medidas de higiene agora. A empreendedora Daniela Andrade, que tem uma bomboniere na Vila Olímpia, bairro corporativo em São Paulo, contou à Azulis que sua loja implementou várias medidas de prevenção na loja. Dentre elas estão: álcool em gel ao longo do estabelecimento, funcionários em horários alternativos e uso de máscaras pelos funcionários nos transportes públicos.
A gerente Sylvia Bisetto também adotou providências de higiene no hostel Ô de Casa: “Nosso serviço de limpeza está redobrado. Limpamos a maçaneta toda hora e a dispensa de papel e os produtos de higiene são abastecidos sempre… tudo onde tem muito toque de mãos, onde tem contato, é limpo. Álcool gel também está espalhado pela casa inteira”, fala.
Mas o dono de negócio precisa ficar atento às diretrizes da Prefeitura e do Governo do Estado de onde está o estabelecimento, para saber se deve ou não fechar a loja. “Se houver quarenta vamos fechar…trabalhamos com pessoas; precisamos cuidar dos nossos funcionários e dos nossos clientes. Várias medidas de segurança já foram tomadas, mas se tiver quarentena vamos acatar”, diz Daniela da loja +Kidoces. (No momento em que a Azulis falou com a empreendedora, a Prefeitura da cidade de São Paulo ainda não havia orientado os comércios a fecharem.)
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4. Pense nos seus funcionários
Em momentos de crise, como a pandemia do coronavírus, é importante pensar em como ficará a rotina e o pagamento dos funcionários. O consultor de negócios Marcelo Reis recomenda que o empreendedor faça os seguintes questionamentos:
- Como eu consigo operar com o mínimo de staff possível?
- Posso espaçar a escala de horário para evitar o rush e a consequente aglomeração?
- De quantos funcionários efetivamente preciso? E para quê?
Em algumas situações, o dono do negócio perceberá que é necessário fazer um corte no quadro de funcionários, mesmo que seja uma decisão difícil de ser tomada. A equipe do hostel Ô de Casa optou por pagar a jornada somente dos funcionários que comparecerem ao estabelecimento – que não poderá fechar as portas por conta de viajantes que não conseguem sair do País. Outros negócios decidem utilizar a reserva de emergência da empresa para arcar com a folha de pagamento dos funcionários.
Uma alternativa também é adiantar as férias dos colaboradores, como sugere Franklin Gomes. “Caso tenha colaboradores com férias a serem gozadas nos próximos meses, avalie a possibilidade de antecipação, já que a redução de trabalho é algo quase certo”, recomenda o advogado.
5. Encontre formas de diversificar as vendas
Com o avanço do novo coronavírus no Brasil, o movimento nas ruas diminuirá drasticamente e as pessoas ficarão muito mais tempo em casa. Com essa realidade para os próximos meses, pedidos por aplicativos como Rappi e iFood serão cada vez maiores. Se você dá consultorias ou aulas, por exemplo, ofereça o mesmo serviço pelo Skype, Zoom ou Google Hangouts– assim, seu cliente continua consumindo seu produto sem sair de casa.
Devemos procurar oportunidades na crise sem pôr a saúde de ninguém em risco”, diz Susette Souza, assessora financeira e influencer de negócios. “Temos que reinventar o negócio e apostar nas novas formas virtuais e digitais, com plataformas de serviços a domicílio, por exemplo, para as pessoas não saírem de casa”.
O especialista em inovação Arthur Igreja lembra que esse momento nos mostra a importância de estar sempre atento às novas tendências de negócios.
“Quem se prepara nos bons tempos acaba tendo um pouco mais de blindagem nos períodos ruins. Tiveram empresas que passaram muito tempo fazendo investimentos em e-commerce, acesso a canais de marketplace, parcerias com aplicativos de entrega. Então, quem fez isso tem agora que potencializar esses canais. Quem não fez vai ter que correr, pois as pessoas vão consumir mais, ficarão mais tempo em casa”, diz Igreja.
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6. Comunique seus clientes do que acontecerá com o negócio
Em tempos de incerteza, é primordial que você avise seus clientes dos próximos passos que seu negócio vai tomar. Se você começou a oferecer seus serviços digitalmente ou está vendendo produtos por delivery, informe a nova medida para os seus consumidores por mensagens no WhatsApp ou por email e em posts no Facebook e do Instagram. O mesmo vale se você tiver que suspender as suas vendas por um período.
E lembre-se: não é porque as vendas pararam por um tempo que o contato com o seu cliente também tem que parar!
Você deve mostrar que, depois que a pandemia passar, o seu negócio ainda estará disponível para ele. A influencer e assessora financeira Susette Sousa diz que outra boa prática é enviar aos clientes, por mensagens, emails ou em redes sociais, precauções contra a disseminação do vírus. Assim, você mostra que se preocupa com a higiene na sua empresa e que se preocupa, também, com a saúde do consumidor.
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7. Faça contenção de gastos
Por último, tenha em mente que este é um período atípico e difícil para o caixa da empresa, sendo necessário corte de gastos tanto nas finanças do negócio, como na vida pessoal. Afinal, bancos e consultorias já preveem uma recessão para a economia brasileira em 2020 e, economistas como Jeffrey Frankel, da Universidade de Harvard, dizem até que estamos perto de uma “recessão global”.
“O empreendedor precisa se preparar para momentos de turbulência muito forte. A oscilação da bolsa já é um demonstrativo disso”, diz Igreja, especialista em inovação pela FGV. “A economia passará por situações altamente contraditórias, mas a certeza que temos é que a ‘pancada’ no próximo trimestre será monumental. Todos têm que se preparar para o temporal”, finaliza.
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Fonte: Azulis
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Fonte: Jornal Contábil
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