Levantamento recente da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), mostrou que o período de recessão econômica entre os anos de 2015 e 2018 fez com que no Brasil houvesse perda de dezessete fábricas por dia.
Esses dados revelam que essa ‘extinção’ de unidades industriais é decorrente do acúmulo de perdas na produção da indústria de transformação brasileira entre 2014 e 2016. Em 2017 houve uma ligeira recuperação, mas não o bastante para se sustentar em ascensão em 2018.
Este estudo da CNC também aponta que em 2014 no Brasil havia 384.721 unidades industriais de transformação, em 2018, esse número caiu para 359.345, queda de 6,6% no total de unidades. No Rio de Janeiro houve a maior queda (-12,7%), representando perda de 2.535 unidades em quatro anos. São Paulo foi o estado com a maior perda de unidades reprodutoras, houve redução de 7%, representando menos 7.312 unidades.
A crise na indústria em 2020 persiste. Embora haja expectativa de crescimento em torno de 2% no decorrer do ano, restam dúvidas quanto à geração de 12 mil unidades produtivas em 2021.
Comportamentos que apontam a crise na indústria brasileira
Durante a minha trajetória no mundo corporativo e atuação como consultor empresarial à frente da T4 Consultoria, destaco dois comportamentos que explicam a crise na indústria em 2020 e que podem nortear quanto a possíveis soluções para o recobramento da economia no setor nos próximos anos.
Inflexibilidade a mudanças
O setor industrial é um dos mais competitivos e constantemente requer mudanças, em tecnologia de automação, máquinas, equipamentos, processos e treinamentos. As mudanças são constantes, em razão não somente da velocidade das inovações tecnológicas, para se obter produtos de melhor qualidade, produtividade e principalmente porque os hábitos e costumes do consumidor estão mudando.
Em uma indústria que apresenta um cenário para uma reestruturação financeira, por exemplo, vale destacar alguns pontos de análise, como grau do endividamento, resultado, produto, mercado, geração de caixa e capacidade de crescimento. Não existe uma receita de bolo, cada empresa tem as suas particularidades e peculiaridades. Um exemplo bastante simples é o de uma empresa que apresenta condições de crescimento, mas não consegue porque precisa realizar um investimento muito alto para mudar a planta industrial, reformas, compras de máquinas e equipamentos, em razão da alta da produtividade, de forma que uma terceirização do processo industrial, passa a ser uma solução rápida e estratégica.
Qualquer mudança para muitos empresários pode significar uma tortura, o apego ao modelo de trabalho tradicional, ao jeito de sempre de fazer, ao conforto do modelo de gestão atual, entre outras questões, leva muitos negócios à estagnação.
Cada vez mais se tem falado sobre as questões comportamentais na área dos negócios, isso por uma questão de simples entendimento, se tratamos a empresa como uma ‘organização viva’ composta por seres humanos, que desempenham importantes funções vitais para a saúde do negócio, é preciso que os comportamentos sejam constantemente revistos.
O ambiente das organizações de sucesso não tem lugar para a inflexibilidade a mudanças, para o excesso de egocentrismo, para ausência de visão e propósitos futuros. Aceitar que o modelo tradicional não dá mais frutos é fundamental, e claro, começar a repensar o papel dessa empresa no mercado e na sociedade.
Resistência à inovação tecnológica
Não se pode falar sobre tecnologia na indústria sem mencionar a indústria 4.0, também tratada como Quarta Revolução Industrial. Explicado de maneira bem resumida a indústria 4.0 representa um ‘salto tecnológico’, permitindo a automação a uma máxima potência, ou seja, os robôs conseguirão desempenhar funções cada vez mais complexas.
Há seis princípios presentes na indústria 4.0: tempo real; virtualização; descentralização; orientação a serviços; modularidade e interoperabilidade.
Desses princípios destaco a interoperabilidade, que se utiliza do conceito da internet das coisas (IoT) em que máquinas e sistemas conseguem se comunicar entre si e, também, orientação a serviços, em que softwares são orientados a disponibilizar soluções como serviços, conectados com toda a indústria.
Não se pode competir no mercado das indústrias no Brasil sem rever a tecnologia utilizada, um dos pontos que acho importante destacar na crise na indústria em 2020.
Governança corporativa e questões familiares
A tomada de decisão entre as empresas familiares não é uma tarefa fácil. A falta de alinhamento de pontos de vista no que diz respeito a reestruturação, mudança na cultura empresarial e crescimento, pode ser altamente prejudicada, contribuindo para a estagnação do negócio.
O que observo é uma dificuldade imensa de comunicação focada, estratégica e flexível, deixando de lado padrões antigos e modelos disfuncionais perpetuados por muitos anos, por se tratar de empresas familiares, passada por gerações conseguintes.
Há pouca consonância entre os sócios, prevalecendo a luta de egos, no lugar da busca por um caminho administrativo focado na reestruturação e consistência da empresa no mercado. Esse é mais um ponto delicado que pode levar a falência e estagnação das indústrias.
Não ignore o Mundo VUCA
Em algum momento você pode ter lido ou ouvido falar no mundo VUCA, do inglês (Volatility, Uncertainty, Complexity e Ambiguity), e parte dessa crise no setor industrial está em ignorar esse cenário de volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade.
Um dos efeitos do mundo VUCA é a dificuldade por parte das empresas ao se planejar diante das frequentes mudanças. Constantemente surgem novos modelos de negócios e a concorrência é disruptiva.
Esse cenário de imprevisibilidade costuma parar muitas empresas, que não se sentem preparadas para lidar com as dificuldades que surgem e, pior, não conseguem agir de maneira assertiva tomando decisões rapidamente (afinal, não há muito tempo, é preciso entender o dinamismo do mercado).
Rever a gestão da empresa é fundamental, a crise na indústria em 2020 também decorre de dificuldades em governança corporativa, isso quando a empresa conta com uma governança sólida como base de sua gestão.
Outra questão importante em um cenário de tantas mudanças, que requer tantas transformações por parte das empresas é que se mantenha o propósito de expansão e que estratégias sejam traçadas para esse fim.
Muitas vezes, grandes indústrias fecham as portas porque não quiseram acompanhar as mudanças no mercado e não tiveram firmes propósitos de expansão, sendo engolidas pelo mercado e concorrência.
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Marcelo Viana – Diretor da T4 Consultoria, especialista em finanças empresariais.
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Fonte: Jornal Contábil
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