As frequentes mudanças no mercado exigem das empresas métodos cada vez mais versáteis e dinâmicos. Estamos vivendo uma transformação digital, que mobiliza todos os setores: o mundo está se modificando de forma cada vez mais volátil e as profissões estão se moldando conforme as novas necessidades do mercado e em uma velocidade extremamente alta. Tal cenário exige muito trabalho em equipe, além de diversidade de pensamentos e perfis de profissionais mais flexíveis e autônomos, que sejam capazes de agregar valor e enfrentar desafios, como: novos concorrentes, novos negócios, avanços das tecnologias e a urgência em inovar para crescer.
A cultura ágil nasceu para moldar a esse novo cenário, a forma como trabalhamos e investimos tempo em projetos, produtos e serviços. Apesar dos métodos ágeis ainda estarem muito ligados com a cultura de startups e existir uma complexidade maior de grandes empresas se adaptarem e alinharem seus processos, há uma vasta gama de oportunidades para abandonar a antiga “metodologia cascata” e abraçar o novo. Isso já não é mais tendência, mas uma necessidade. Alguns setores já se apresentam mais engajados em relação aos benefícios desses conceitos, como é o caso de grandes instituições financeiras e de grandes magazines.
No começo, quando as metodologias chegaram ao Brasil, existia certa resistência à sua adoção, mas quando os bancos começaram a constatar a velocidade com que as fintechs – um dos setores que mais inseriram a cultura ágil – entregavam seus produtos e serviços, e ainda entendiam e resolviam as “dores” dos clientes, houve um boom de interesse sobre como se encaixar. Por isso, acredito que o maior desafio para que os métodos ágeis despontem em grandes empresas, assim como aconteceu com o segmento financeiro, ainda é cultural. A parte mais difícil dessa mudança é conseguir envolver todas as áreas responsáveis. Organizar times em equipes multidisciplinares, ter os escritórios decorados pelos conhecidos post-its coloridos ou definir entregas mais curtas de projetos são iniciativas que não bastam para alterar a forma de trabalhar.
Na Kroton, por exemplo, decidimos entender com profundidade o significado e os impactos de um processo de transformação digital. Chegamos à conclusão de que, para continuarmos proporcionando entregas que apoiem o sucesso dos alunos, o crescimento e a manutenção da nossa eficiência operacional precisaríamos ser mais ágeis e inovadores na utilização de tecnologias para conseguirmos englobar todas as áreas da companhia nessa mudança. Uma das premissas da cultura ágil é mobilizar as empresas e substituir o modelo de planejamento tradicional, que normalmente define projetos longos e a entrega do produto completo, por planejamentos mais curtos e que priorizem a entrega do MVP (Minimum Viable Product), possibilitando a conclusão de produtos e novidades muito mais rápidas e com mais valor agregado. Esse novo modelo também estimula a colaboração das pessoas nos rituais frequentemente que são realizados pelos times e permite que o produto seja adaptado rapidamente as necessidades dos clientes e do mercado.
Assim como é na Kroton, existem muitas outras empresas, de diferentes setores, que já iniciaram os processos de transformação digital e estão aprendendo com essa realidade. A verdade é a seguinte: é preciso saber se adaptar ao novo cenário, fomentar interações ao invés de gastar horas em burocracias, testar os produtos e tolerar os erros, ouvir o cliente e o negócio durante o desenvolvimento de um projeto, criar novas formas de organizar times e estruturar projetos, além de entender que é imprescindível se desapegar do tradicional para aderir ao novo estilo de trabalho. Pode levar tempo e ser difícil no início, porém, os resultados da mudança são cada dia mais evidentes.
*Anderson Hass é gerente sênior de desenvolvimento organizacional da Kroton.
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Fonte: Jornal Contábil
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