A combinação da alta na taxa básica de juros (Selic) com a projeção de avanço da inflação nos próximos anos tem impactado os pequenos negócios, que já sentem os efeitos no crédito, na compra dos insumos e, principalmente, no comportamento dos consumidores. Em Camamu (BA), a fábrica de mordedores de látex 100% natural Textoy está com dificuldades devido ao aumento nos custos de produção e na captação de investimentos. “Isso pode pressionar nossos preços e reduzir o poder de compra do consumidor”, justifica o proprietário Ícaro Magalhães.
Quando a Selic está alta – como atualmente, em 13,25% ao ano, segundo o último Boletim Focus do Banco Central –, os empréstimos ficam mais caros, tornando mais difícil para os empreendedores acessarem financiamentos para capital de giro, expansão e investimentos. Além disso, a inflação elevada – com projeções de 5,60% em 2025 e 4,35% em 2026 – encarece matérias-primas, aluguel, energia, transporte e outros custos essenciais para o funcionamento do negócio.
Para enfrentar esse cenário, estamos adequando nossa forma de produzir, priorizando brinquedos mais acessíveis para manter a competitividade e minimizar perdas no faturamento, sem comprometer a qualidade e segurança dos nossos produtos.
Ícaro Magalhães, empreendedor.
Para quem tomou financiamento que tem como base a Selic, como é o caso da Limp Quality, que existe há mais de 20 anos em São Paulo (SP), o pagamento das parcelas também afeta as finanças. “Pegamos dois créditos pelo Pronampe [Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte]. Você faz um cálculo, uma média, porque a gente sabe que a Selic oscila, mas não para tanto que nem agora”, comenta Jorge Uchinokura, que é sócio da empresa juntamente com Edimar Teles. “Isso atrapalha bastante o faturamento, o fluxo de caixa.”
A taxa Selic e a inflação têm um impacto significativo na rotina das micro e pequenas empresas, explica o coordenador de Acesso a Crédito e Investimentos do Sebrae, Giovanni Beviláqua. No entanto, há caminhos para lidar com esse cenário.
“Buscar alternativas de crédito mais acessíveis, como programas específicos para pequenos negócios, pode ser uma solução viável. Além disso, otimizar a gestão financeira, renegociar prazos com fornecedores e investir na eficiência operacional são estratégias que ajudam a reduzir o impacto da inflação e dos juros altos”, enumera Beviláqua.
Muita calma nesta hora
O especialista do Sebrae recomenda que os empreendedores foquem no planejamento e na inovação. “Oferecemos capacitações e consultorias especializadas para ajudar os empresários a estruturarem suas finanças, encontrarem novas oportunidades de mercado e fortalecerem seus negócios. Com as ferramentas certas e uma boa gestão, é possível enfrentar desafios e transformar este período em um momento de crescimento sustentável”, reforça. Conheça mais dicas:
- Renegocie dívidas: pode ser um caminho para aliviar o fluxo de caixa e evitar a inadimplência. O primeiro passo é organizar todas as informações sobre os débitos atuais, incluindo valores, taxas de juros e prazos. Depois, é importante buscar o banco ou instituição financeira para negociar melhores condições, como alongamento do prazo ou redução da taxa de juros.
- Cautela no aumento dos preços: em alguns casos, o repasse da alta ao consumidor pode ser inevitável. No entanto, essa decisão deve ser tomada com cuidado para não afastar clientes.
- Invista em diferenciação e valor agregado: mostre ao cliente que o produto ou serviço tem um benefício extra que justifica um possível reajuste de preço. “A palavra-chave nesse momento é equilíbrio”, enfatiza Beviláqua.
Acredita
Em um momento de crédito mais caro e restrito, programas de apoio financeiro são fundamentais para ajudar os pequenos negócios a acessarem recursos em condições mais favoráveis. O Acredita, iniciativa do governo federal, tem o objetivo de facilitar o acesso ao crédito para micro e pequenas empresas, oferecendo taxas mais acessíveis e condições especiais. Com essa linha de crédito, os empreendedores podem obter capital para manter o negócio funcionando, investir em melhorias e superar dificuldades financeiras.
Para apoiar nessa trajetória, o Sebrae, que coordena o Fundo de Aval para Micro e Pequenas Empresas (Fampe), disponibilizou R$ 2 bilhões para fornecer R$ 30 bilhões em garantias para operações de crédito contratadas junto a instituições financeiras conveniadas.
“Com essas ferramentas, os pequenos negócios podem obter o fôlego necessário para crescer e se fortalecer, mesmo diante de um cenário econômico desafiador. O importante é buscar informação, planejar bem e utilizar os recursos disponíveis de forma estratégica. O Sebrae está à disposição para orientar e apoiar os empreendedores nesse processo, ajudando a transformar desafios em oportunidades”, reitera Beviláqua.
Fonte: SEBRAE
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