Em uma sociedade cada vez mais conectada e protagonista de seu consumo, as expectativas elevadas dos clientes pressionam os varejistas dos mais diversos segmentos a oferecerem experiências rápidas, competitivas e, praticamente, em tempo real. Contudo, proporcionar esse atendimento aprimorado pode ser difícil com a infraestrutura dos centros de distribuição tradicionais. Por isso, as dark stores se tornam alternativas supereficientes.
Os empreendedores precisam se reinventar a cada dia e, com os desafios de entrega aliados ao bomm do e-commerce na pandemia, um novo modelo de rede de distribuição omnichannel se desenha, trazendo novo sentido às estruturas de lojas físicas já existentes.
Se aqui no Brasil as dark stores ainda não são populares, em países como Estados Unidos e Reino Unido, já fazem parte da rotina de muitos negócios. O conceito surgiu nos anos 2000, na Inglaterra. Na década de 2010, espalhou-se para a França e o resto da Europa, bem como para a Rússia. Hoje, grandes players do mercado, como Walmart, Carrefour e Target, investem cada vez mais nesse modelo, em várias regiões do mundo.
Mas como esse sistema pode impulsionar os varejistas? Diferentemente dos grandes centros de distribuição, que precisam ser amplos e, consequentemente, não se adéquam aos centros urbanos, as dark stores ficam localizadas nas grandes cidades, funcionando como um minicentro de distribuição. Assim, é possível organizar o armazenamento até a separação e o envio dos produtos para os clientes. Funcionam como uma loja, inclusive no layout do espaço, mas têm as suas portas fechadas ao público – daí o termo dark store – ou loja escura, em português.
De acordo com uma pesquisa do Reclame Aqui, 51,2% dos consumidores não se importariam em pagar mais caro por um produto, desde que tivessem uma boa experiência de compra. É nesse ponto que se desdobram as vantagens das dark stores. O principal aspecto é a otimização das entregas. Por estarem localizadas dentro do circuito urbano, e não no interior como a maioria dos centros de distribuição, oferecem mais vantagens ao cliente no momento da entrega e em relação ao preço do frete.
Apesar de as dark stores serem fechadas ao público, permitem a retirada do produto no local. Com essa coleta BOPIS ou click-and-collect, é possível ter o item em mãos até mesmo no dia em que se fez a compra. Além disso, em um microhub, o processo de empacotamento é mais rápido, levando em média de dois a cinco minutos. Oferecer essas opções ao consumidor é um diferencial competitivo e uma das maneiras de garantir experiência personalizada e positiva.
Nesse modelo, o custo para o varejista também cai. Já na implantação se gasta menos, pois não exige o mesmo nível de planejamento ou de operacionalização que o de uma loja normal. Redução dos problemas já conhecidos relativos ao last mile do e-commerce, flexibilização no armazenamento, atendimento a regiões com alto volume de pedidos e mais precisão são outras vantagens para quem opta por essa categoria de logística.
Segundo a 43ª edição da Webshoppers, o e-commerce brasileiro ganhou mais de 13 milhões de novos consumidores em 2020, aumentando em 29% o total de clientes em relação a 2019. Nesse cenário, encurtar a distância entre o cliente e seus produtos pode ser a chave para a expansão do negócio. Além disso, investir em tecnologia e inovação nunca é demais em tempos de ressignificação social e surgimento da sociedade 5.0.
Os consumidores querem tudo. Há aqueles que estarão comprometidos com um tipo de experiência e aqueles que escolherão comprar com base na necessidade. Às vezes, o mesmo cliente vai querer cada coisa em momentos diferentes. Fato é: se o consumidor quiser tudo, a comunidade de varejo precisará não apenas ouvir os pedidos, mas também entregá-los de forma ágil e eficiente.
Por Vinicius Pessin, CEO da logtech Eu Entrego, startup de entregas colaborativas – e-mail: euentrego@nbpress.com
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Fonte: Jornal Contábil
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