O Open Banking mal começou entre os bancos brasileiros e outro desafio, tão ou mais complexo, já surge no horizonte: o Open Insurance, isto é, o sistema aberto no ramo dos seguros.
Trata-se do maior projeto de dados e API aberta nesta indústria e, evidentemente, complementa o movimento já iniciado pelo Banco Central no Sistema Financeiro Nacional.
São transformações que, cedo ou tarde, iriam acontecer também no setor de seguros, estejam as empresas preparadas ou não, e representam uma grande chance de inovarem e melhorarem a experiência de seus clientes.
Quem encabeça o projeto é a Susep (Superintendência de Seguros Privados).
Em sua proposta, é o “compartilhamento padronizado de dados e serviços por meio da abertura e integração de sistemas no âmbito dos mercados de seguros, previdência complementar aberta e capitalização”.
O objetivo, evidentemente, é modernizar e simplificar o mercado de seguros, além de colocar o setor em consonância com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).
Em vigor desde setembro de 2020, ela garante a cada cidadão o direito à portabilidade dos seus dados, demandando ao fornecedor de produtos e serviços o compartilhamento deles quando consentir.
Mas o que se pode esperar do Open Insurance? Com ele, a pessoa decide quando e com quem deseja compartilhar seus dados, permitindo às empresas criarem produtos e serviços que atendam às necessidades desses usuários.
O compartilhamento, palavra imprescindível no ambiente digital, favorece a criação e a oferta de serviços bem mais certeiros aos clientes segurados.
Isso ocorre porque os dados passam a circular de forma segura e aberta, ou seja, as empresas do setor terão à disposição as informações dos usuários de outras companhias.
É uma excelente oportunidade para as seguradoras inovarem em seus serviços e, claro, se aproximarem de novos clientes.
Dessa forma, é possível ampliar a concorrência tanto para corretores quanto para seguradoras – principalmente a partir da entrada de novos players interessados na versatilidade dos produtos.
Essa é uma das bases, inclusive, do conceito de experiência do usuário.
Quem deseja oferecer um relacionamento mais personalizado a seus consumidores sabe que o primeiro passo é identificar suas preferências, desejos e necessidades.
Algo que, em um ambiente cada vez mais digital, somente a análise de dados pode oferecer com excelência.
O Open Insurance, portanto, representa uma via de mão dupla cheia de oportunidades.
Para as seguradoras, é a chance de ter mais dados à disposição para traçar melhores estratégias de negócios.
Para o segurado, é a possibilidade de acessar novos serviços e propostas sairão do papel e se tornarão realidade, promovendo uma reação em cadeia em que os demais segmentos do mercado também se beneficiam e enobrecem, ainda mais, o digno princípio da essência do seguro.
Os dados abertos na indústria de seguros ainda têm um longo caminho a percorrer.
O tema esteve em consulta pública pela Susep entre abril e maio de 2021.
Estima-se dois anos para que todas as fases do projeto estejam concluídas – algo semelhante ao que está acontecendo neste momento com as instituições bancárias. No total, são três fases aguardadas.
Na primeira, chamada de open data, há a disponibilização de dados de canais de atendimento e produtos disponíveis.
A fase 2 é o compartilhamento de dados pessoais e envolve o cadastro de clientes e representantes, movimentações dos clientes relacionadas aos produtos e registro de dispositivos eletrônicos.
Por fim, na fase 3 ocorre a efetivação de serviços, com as etapas de contratação, endosso, resgate ou portabilidade, pagamento de sorteio, aviso de sinistros, entre outros.
Independentemente disso, o Open Insurance já é realidade no Brasil e tem o desafio de simplificar e agilizar um mercado bastante complexo.
Nessa caminhada, ou as empresas ficam paradas ou resolvem andar e acompanhar a inovação. No fundo, é isto que está em jogo: é preciso privilegiar o segurado, garantindo a ele o acesso a produtos e serviços que realmente façam diferença em sua vida.
Quem perceber isso nesses primeiros movimentos certamente colherá ótimos frutos quando esse projeto sair do papel.
É uma nova mudança de paradigma. Que seja apenas o começo do Open Innovation no país, um novo conceito de desenvolvimento e disponibilidade de produtos, coberturas e garantias em diversos setores.
Por: Kleber Santos, sócio e vice-presidente de Transformação Digital e Inovação na FCamara, empresa especialista em criação de soluções customizadas e escaláveis para desenvolvimento de aplicativos, plataformas e integrações.
Sobre a FCamara
No mercado desde 2008 e eleito por três anos como a “Melhor empresa de serviços para e-commerce” pela ABComm, o Grupo FCamara é uma consultoria de TI que promove transformação digital, cultural e cognitiva oferecendo múltiplas soluções digitais. Especialista em transformação digital para os negócios e na promoção de inovação como cultura, o Grupo tem atuação nos principais players dos mercados de finanças, saúde, educação, indústrias, entre outros. Estratégia de dados como fator de crescimento também é uma expertise. Após imersão no Vale do Silício, fundou a Orange Ventures, sua própria Venture Builder, que já lançou mais de dez startups com foco B2B.
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Fonte: Jornal Contábil
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