Conhecida como a Cidade das Tortas, Carambeí, na região dos Campos Gerais, dá um passo para a busca da Indicação Geográfica (IG) na modalidade Indicação de Procedência (IP) para as Tortas de Carambeí. Com a criação da Associação dos Produtores de Tortas de Carambeí (APTC), a expectativa é protocolar o pedido da IG junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) até julho de 2024.
Um dos requisitos para se protocolar a solicitação junto ao INPI é que o setor esteja organizado. Com a criação da Associação, é possível trabalhar estrategicamente para que isso ocorra. Em paralelo, conforme explica o presidente da APTC, Christian Dykstra, serão trabalhadas ações para potencializar a comercialização e o turismo gastronômico.
“Com a IG, temos a possibilidade de formalizar aquilo que é reconhecido informalmente, tal como a reputação das tortas, ou seja, teremos um ‘selo’ de garantia de procedência que, por si só, comunica de forma mais efetiva ao mundo a existência do nosso produto diferenciado, potencializando e consolidando o turismo gastronômico em Carambeí e fomentando a economia local e regional”, comenta.
A consultora do Sebrae/PR Nádia Joboji explica que, antes da pandemia da Covid-19, foi realizado o diagnóstico técnico que avaliou o potencial de IG das Tortas de Carambeí. Em 2023, o trabalho foi refeito para verificar o interesse dos empresários do setor, a notoriedade do produto, como a comunidade enxerga esse reconhecimento, bases históricas e técnico-científicas, entre outros diversos aspectos.
“O Sebrae/PR oferece todo o apoio técnico para que a cidade tenha essa chancela da IG, pois acreditamos que os pequenos negócios têm muito a ganhar com mais acesso a mercados, aumento da competividade e mais desenvolvimento local”, pontua a consultora.
História
As tortas são produzidas na cidade desde 1911, época da colonização holandesa e, com o passar dos anos, as receitas evoluíram até alcançar o nível atual. A tradição da confeitaria entre os imigrantes e seus descendentes se popularizou localmente. Até mesmo aqueles que não possuem ligação com famílias de imigrantes encontram, na produção de tortas, uma fonte de renda. Os produtos são feitos com base em receitas de imigrantes holandeses e descendentes, receitas de famílias que se tornaram patrimônio imaterial e posicionam a cidade na rota do turismo gastronômico.
As tortas são produzidas de forma artesanal, com insumos não industrializados e regionais. O presidente da APTC e diretor da Frederica’s Koffiehuis, Christian Dykstra, iniciou suas atividades no setor em 2012, com o negócio da família já em andamento. Segundo ele, é possível observar uma busca contínua de novos turistas que estão à procura de experiências gastronômicas e que visitam também os demais negócios instalados na cidade, como o Koffiehuis do Parque Histórico de Carambeí, a Tortas Wolf e a Het Dorp Vilarejo Holandês, todos associados à APTC.
Cidade das tortas
O título de Carambeí Cidade das Tortas surgiu com incentivo da Prefeitura Municipal, com a criação do Festival de Tortas. O evento reúne confeiteiras artesanais e confeitarias consolidadas de Carambeí. Devido à realização do evento, turistas de diversas regiões conheceram a cidade como a Rota das Tortas e estendem as visitas durante o ano todo.
Há dez anos no mercado, o empresário Diego Wolf conta que iniciou as atividades no setor após participar da segunda edição do Festival de Tortas. As receitas são criadas pela matriarca da família, sendo que algumas delas tiveram auxílio do empreendedor.
“Após a participação no Festival, eu me apaixonei por essa ideia. Incentivei minha mãe a fazer as tortas, a montarmos um café e abrimos o empreendimento na frente da casa dela”, comenta. Para ele, a busca pela IG é importante pela visibilidade que proporciona para a cidade e para os negócios locais, além de ampliar o leque de fornecedores para a compra de insumos com preços mais atrativos.
A opinião é compartilhada pelo gerente geral do Museu Parque Histórico de Carambéi, Froukje de Jong Bueno. Ele defende que as tortas trouxeram notoriedade e inseriram o município na rota do turismo gastronômico.
“Com a IG das Tortas de Carambeí, os produtos artesanais serão distinguidos dos comercializados no mercado e terão garantia de procedência. Sendo assim, os produtores terão suas tortas protegidas e o público a segurança de consumir um produto de qualidade”, pontua.
Há cerca de um ano, o empresário Paulo Ricardo Los viu a oportunidade de investir na cidade com a abertura de um lavandário (campo de plantação de lavanda) A princípio, conforme ele conta, não havia o projeto de instalar um café no local, mas diante da demanda dos turistas que gostariam de consumir tortas, a atividade teve início.
“Algumas de nossas tortas têm inspiração em receitas de família, que são modernizadas e atualizadas para surpreender o paladar dos consumidores. A qualidade dos produtos, aliada ao processo artesanal de manufatura, faz com que as tortas sejam reconhecidas como um produto único. Acredito que esses fatores aquecem o turismo na cidade e, consequentemente, a economia local”, frisa Paulo.
Produtos com IG no Paraná
O Paraná possui 13 produtos com registro de IG. São eles: a Cachaça de Morretes, o Barreado do litoral do Paraná, a Bala de Banana de Antonina, o Melado de Capanema, a Goiaba de Carlópolis, o Queijo de Witmarsum, as Uvas de Marialva, o Café do Norte Pioneiro, o Mel do Oeste, o Mel de Ortigueira, a Erva-mate São Matheus – do Sul do Paraná, o Morango do Norte Pioneiro e os Vinhos de Bituruna.
Pedidos protocolados
O Paraná conta com dez produtos depositados, aguardando o reconhecimento pelo INPI, que são: Camomila de Mandirituba, Broas de Centeio de Curityba, Mel de Prudentópolis, Urucum de Paranacity, Queijos do Sudoeste do Paraná, Cracóvia de Prudentópolis, Carne de Onça de Curitiba, Café de Mandaguari, Ponkan de Cerro Azul e Ovinos e Caprinos da Cantuquiriguaçu.
Fonte: SEBRAE
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