Aquela percepção de que o profissional acima dos 50 anos não tem mais lugar no mercado de trabalho está definitivamente ultrapassada e até bem equivocada.

Empregabilidade para profissionais maduros, um caminho sem volta

Dados do instituto de pesquisa Datafolha comprovam que a fatia de brasileiros com 60 anos ou mais empregados ou em busca de emprego cresceu de 20% em 2007 para 26% em 2017. Nesse mesmo período, dentro do mercado formal, o número de profissionais de 50 a 64 anos passou de 10,5% para 16,5%.

Com isso, as empresas que ainda não perceberam esta tendência precisam começar a se adaptar e iniciar internamente um processo de valorização da diversidade no que se refere à contratação de profissionais maduros, o que pode incluir até mesmo a abertura de posições exclusivas para esse público.

Isso se faz necessário porque, apesar de já estarmos vendo empresas atentas a esta questão e mais inclusivas para esses profissionais, esse tipo de contratação ainda não está avançando como poderia no país. Acredito que essa “timidez” tem se dado por uma questão cultural do brasileiro, que sempre valorizou os mais jovens.

Como especialista, fico feliz em saber que, apesar de incipiente, este é um caminho sem volta, já que as estatísticas confirmam que a população está vivendo mais e com melhor qualidade de vida. Segundo dados de IBGE, o número de idosos no Brasil vai triplicar nos próximos 40 anos e chegará a 66,5 milhões de pessoas em 2050, representando cerca de 30% da população.

Um aspecto interessante que tenho percebido é que a maior parte das vagas destinadas a esse público é na área de atendimento ao público. O motivo está no fato de que profissionais maduros têm, em geral, mais tolerância e empatia – habilidades comportamentais imprescindíveis para quem trabalha atendendo pessoas.

Para o profissional maduro que conseguiu se recolocar no mercado de trabalho, minha dica é: aproveite qualquer oportunidade para ampliar sua capacitação, refletindo sobre quais conhecimentos deve ter para contribuir, de forma eficiente, com as atuais demandas e modelos de negócios existentes.

Além disso, se atualize. Você não precisa ser um heavy user de internet, mas ter conhecimento sobre o mundo tecnológico é fundamental. Estar por dentro de inovações e tendências facilitará até mesmo sua interação e relacionamento com colegas de outras gerações.

Também deixo aqui uma dica para aqueles profissionais mais velhos que ainda vão passar pelo processo seletivo. O mais importante é chegar de alto astral para a entrevista com o recrutador. Afinal, ter sido convocado é o primeiro e mais importante passo. Não se esqueça de valorizar sua história de vida e sua sabedoria. Aproveite para fazer um resumo de sua trajetória profissional, destacando as principais conquistas, e demonstre o quanto aquela oportunidade é importante para você. Mostre-se disposto e com vontade de assumir a vaga.

Já para as empresas que vão contratar ou trabalhar com profissionais mais velhos, minha sugestão é investir em processos de aprendizagem contínua e promover ações para que a equipe seja receptiva e aberta às diferenças geracionais.

Antes de dar os primeiros passos nesse caminho, o mais importante é que as empresas avaliem se realmente têm políticas inclusivas que possibilitem um clima organizacional harmonioso para a diversidade e se os profissionais de todas as gerações estão realmente aptos e dedicados a trabalharem juntos, somando esforços e experiências em prol dos objetivos do negócio. Caso contrário, o que poderia ser uma bela iniciativa de inclusão acabará se tornando um grande desafio a ser superado.

Angelina Assis – Psicóloga e gerente de Relacionamento com o cliente do Grupo Soulan

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Fonte: Jornal Contábil
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