Segundo o balanço feito pela PwC em 2018, as empresas familiares são 90% dos 19 milhões de empreendimentos brasileiros, porém enfrentam dificuldades na hora de passarem o bastão da primeira à segunda geração. Ainda segundo o PwC, em nova pesquisa realizada este ano, 71,7% destas empresas sobrevivem sendo assumidas pelos herdeiros, mas com o tempo, a quantidade de familiares dentro dos negócios diminui: 28,7% na terceira geração e apenas 5,7% na quarta geração.

Marcos Sardas, conselheiro de empresas e sócio diretor da Exxe Consultoria Empresarial, explica o porquê deste fenômeno: “A maioria das empresas familiares começaram com interesses e propósitos comuns, com forte afinidade pessoal entre irmãos, ou de complementação de capacitações entre os acionistas, por exemplo: um tinha o capital, o outro tinha o trabalho. Essas empresas cresciam e cada um desempenhava seu papel de forma colaborativa e bastante enfática. Depois, quando a corporação passa para a segunda geração, aparecem muitos conflitos, pois os interesses pessoais não são os mesmos dos fundadores. A forma como as pessoas dessa geração se prepararam do ponto de vista da formação acadêmica, e convivem socialmente não são equânimes. Além disso os cônjuges participam de forma importante nas decisões e isso aumenta o número de conflitos”.

Outro problema que pode ocorrer é que na maioria das vezes os pais não confiam o suficiente nos filhos ou netos para cuidar da empresa que fundaram. Há um forte apego às coisas que construíram e a sua maneira de gerir. A estudante Isadora, de 26 anos, relata que teve dificuldades até de conversar com o pai depois que ele decidiu que a bicicletaria da família fundada a mais de 30 anos passaria a ser responsabilidade dela: “Quando fiz 24 anos, meu pai me chamou para trabalhar com ele, disse que estava cansado, queria se aposentar e estava na hora de me ensinar a administrar o negócio. Mas ele não escutava minhas ideias, queria tudo ao modo dele e isso afetou até nosso relacionamento pessoal. Ficamos sem nos falar direito por dois meses”.

Empresas Familiares: Herdeiros têm dificuldades de mante-las

Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), mostra que as empresas familiares estabelecem mais regras para a entrada de pessoas da família, do que para disciplinar suas saídas. E apenas 27,6% têm planos de sucessão para cargos-chave.

Isadora conta que mesmo depois de dois anos trabalhando ao lado do pai, ela ainda tem algumas dificuldades no relacionamento profissional e teme que isso comprometa o futuro da empresa: “Eu nunca pensei em seguir no negócio da família, mas depois que comecei, gostei e quero continuar, mas se eu e meu pai nunca entrarmos em um consenso, talvez seja melhor outra pessoa assumir a bicicletaria, acredito que o importante, no final, seja manter a empresa viva e conservar a família em harmonia”.

Marcos, que tem vários anos de experiência como conselheiro empresarial, explica que para manter a empresa nos eixos em situações como a de Isadora e seu pai, é fundamental que um conselheiro independente, com um olhar externo à empresa, dê equilíbrio, isenção de posicionamento e traga uma visão real sobre a necessidade da corporação.

“É importante privilegiar a empresa, a sobrevivência do negócio, a qualidade de trabalho e o clima dentro da organização. Essas questões são prioritárias a interesses de um ramo, um grupo familiar, ou de acionistas individualmente. A visão de alguém de fora deste contexto familiar é importante para dar o balanço adequado” finaliza o especialista.

Marcos Sardas possui mais de 35 anos de experiência como executivo de empresas e longa experiência como consultor. É sócio-diretor da Exxe Consultoria Empresarial.

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Fonte: Jornal Contábil
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