Por Sheylla Alves
Comunicação CFC
É cada vez mais comum que o profissional da contabilidade detenha conhecimentos que vão além das competências técnicas. A palavra skills, em inglês, que significa habilidade, traz a dinâmica de aptidões presentes no corpo de colaboradores de diversas instituições. As hard skills e soft skills são denominadas, respectivamente, como habilidades técnicas e habilidades comportamentais indispensáveis para um bom profissional, desenvolver essas qualidades envolve conhecimento e controle. As hard skills são as mais fáceis de identificar, é por meio delas que o recrutador de uma organização fica ciente das suas técnicas, da formação, das habilidades adquiridas. Um curso superior ou de idioma, uma certificação ou até mesmo uma participação em palestra são itens facilmente visualizados em um currículo. Agora, as soft skills, ou seja, as habilidades comportamentais e sociais são mais difíceis de mensurar.
O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) convidou Fabiana dos Santos, conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul (CRCRS), embaixadora da Rede de Contadoras Negras (Recon), analista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e fundadora do Instituto Transmutar para falar sobre como as organizações estão lidando com essas habilidades e como os profissionais podem se preparar para essa demanda. Segundo Fabiana, as habilidades comportamentais, ou seja, as competências que se relacionam com a maneira como as pessoas interagem com outras, como se comunicam, resolvem conflitos, lideram, trabalham em equipe, gerenciam o tempo e o estresse são fundamentais em qualquer contexto, sejam pessoais ou de negócios.
“As empresas que prezam pela governança geralmente buscam colaboradores que possuam um conjunto de habilidades que equilibrem tanto as técnicas como as comportamentais. Os profissionais que possuem as soft skills adequadas tendem a ser mais colaborativos, proativos, confiáveis e respeitosos com os outros, o que pode levar a um ambiente de trabalho mais saudável e a uma cultura organizacional muito mais positiva”, destacou.
Outro ponto tratado pela conselheira é a progressão de carreira profissional, já que para ela a governança nas empresas está relacionada diretamente às habilidades desenvolvidas por seus líderes. “Isso porque a governança envolve o gerenciamento de processos e tomadas de decisão em uma organização, o que requer habilidades de comunicação efetiva, colaboração, pensamento crítico e resolução de problemas, todas estas diretamente ligadas às soft skills“, afirmou, e detalhou que a governança também envolve a identificação e mitigação de riscos “ter esse pensamento crítico e analítico é o que faz com que líderes sejam capazes de tomar boas decisões e garantir a conformidade com as normas e regulamentos”.
Segundo a conselheira, existe uma tendência mundial das organizações, sobretudo em uma ótica de Environmental, Social and Governance (ESG, na sigla em inglês) que se priorize um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo, seguro e eficiente para todos os colaboradores. Aqueles profissionais que estiverem atentos a essas questões têm vantagem competitiva em relação a outros que somente desenvolveram competências técnicas. Para os que desejam otimizar o crescimento profissional e aproveitar as softs skills, Fabiana deixa a dica de não se afastar da sua própria personalidade, isto é: do que cada um realmente é.
“Esse caminho passa fundamentalmente pelo autoconhecimento, para que então o profissional seja capaz de reconhecer as habilidades que ele precisa desenvolver. É preciso conhecer seus pontos fortes, saber o lugar que se pretende alcançar e reconhecer seus sentimentos. Observar a si, o contexto de atuação e, assim, definir um plano de crescimento pessoal para atingir as posições que se almeja. Para além de sermos melhores profissionais, seremos também pessoas muito melhores”, detalhou.
Quais soft skills são indispensáveis?
Fabiana também citou e definiu algumas características consideradas indispensáveis para um profissional atualmente, sobretudo para os que pretendem se destacar. Para ela, algumas dessas habilidades foram necessárias durante a sua trajetória. Confira:
– Comunicação: é fundamental que o profissional seja capaz de comunicar o resultado do seu trabalho. Seja essa uma comunicação escrita por meio de relatórios claros e coesos, por meio da comunicação falada e ainda por meio das redes sociais. A base da boa comunicação é a escuta ativa e a capacidade de adaptação para o público. Na nossa profissão, a depender do tipo de comunicação necessária, vai ser preciso desenvolver desde aprendizagem de marketing digital, storytelling para relatórios ou ainda habilidades de palestrantes para uma apresentação ao cliente muito mais segura e clara.
– Colaboração: a habilidade de trabalhar em equipe é fundamental, mas distribuir tarefas não é mais o suficiente. O profissional colaborativo é capaz de contribuir com as outras pessoas, ouvindo e respeitando as ideias dos outros de forma que o grupo todo se sinta motivado e respeitado.
– Inteligência emocional: muitas vezes, vemos profissionais com grandes habilidades técnicas e que carecem de desenvolvimento de sua inteligência emocional. As capacidades de gerir as próprias emoções e de identificar as emoções dos outros evitam conflitos e criam relações mais harmoniosas.
– Resolução de conflito: nas relações pessoais e profissionais, é normal que surjam pontos de discordância, inclusive técnicas. O profissional que tem habilidade de avaliar, identificar e oferecer solução para o conflito tem melhores resultados individuais e para a equipe como um todo.
– Liderança: todo profissional precisa entender que a liderança não depende do cargo, ao contrário, o profissional que já desenvolveu liderança está apto para subir de nível. Isso inclui a capacidade de motivar e orientar os outros, delegar tarefas de forma eficaz e fornecer feedback construtivo. É preciso desenvolver liderança desde sempre em qualquer estágio de carreira.
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Fonte: CFC
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