Muito se tem comentado sobre as dificuldades que as empresas enfrentam para conseguir linhas de crédito de qualidade, com prazos e taxas que se enquadrem ao fluxo de caixa. Também se fala, da necessidade urgente de que as linhas de crédito com subsídio do governo federal cheguem mais rapidamente às empresas antes que elas morram.
Contudo, já é hora de falar sobre as oportunidades. O que está acontecendo com a oferta de crédito por parte dos bancos? Passados pouco mais de dois meses de distanciamento social e do agravamento da crise, temos ouvido muito sobre um “novo normal”. Afinal, existirá um novo normal no crédito?
Se existirá, ainda não é possível afirmar com segurança. Entretanto, é fato que algumas coisas mudaram. O medo da inadimplência tem sido o grande inibidor da oferta de crédito por parte dos bancos. Se o receio de não receber é muito grande, a liberação de crédito é mais seletiva, os prazos são menores, juros maiores e há uma maior exigência no volume de garantias.
Para melhorar esse cenário, será fundamental a implantação de algum mecanismo de mitigação de risco, no qual governo e bancos possam dividir o custo de eventuais inadimplências.
Passada a fase de postergação de 60 dias nas parcelas dos financiamentos dos empréstimos (aqui cabe uma observação: alguns bancos estão prorrogando para além de 60 dias essa parcela) e para folha de pagamento, já percebemos uma melhora na oferta de crédito, principalmente se comparada o mês de março e início de abril.
Os grandes bancos, ou bancos de varejo, embora com algumas diferenças e ainda muito cautelosos, começam a se abrir um pouco mais. Nenhum deles está parado. Alguns com o processo um pouco mais rápido, com menos restrição. Outros com maior apetite para um ou outro setor. Há também aqueles que oferecem condições melhores (sempre considerando o cenário de crise, é claro).
É fato que no mês de abril observamos uma disposição crescente por parte de alguns grandes bancos para analisar novas operações de crédito. A consequência desse cenário foi uma maior aprovação de linhas de crédito para nossos clientes, comparado ao mês de março.
Apesar de no Brasil o mercado de crédito ser muito concentrado nos grandes bancos, os bancos médios, que são de grande importância nesse mercado de crédito para empresas, também começam a dar sinais mais claros de que estão voltando. O processo de operações de crédito já começa a ser analisado neste mês de maio.
Diferentemente dos bancos de varejo, os bancos médios costumam trabalhar com alguns nichos de mercado, que pode variar de acordo com o porte da empresa (faturamento), ramo de atividades, preferência por determinadas garantias ou operações e outros fatores.
Independente o tamanho do banco, cautela parece ser a palavra que continuaremos a ouvir quando o assunto for crédito para empresas, principalmente para as pequenas e médias. A inadimplência e eventual mecanismo de mitigação de risco também darão o tom ao mercado de crédito nos próximos meses.
Carlos Ponce de Leon – Economista especializado em Finanças e Gestão Empresarial. Sócio da Loara – Referência em Crédito para Empresas. Ex-presidente e ex-CFO do jornal Valor Econômico.
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Fonte: Jornal Contábil
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