O comportamento profissional tem modificado ao longo do tempo, na busca de praticidade e economias. Nessa tendência, o home office tem expandido seu lugar de destaque. De acordo com pesquisa realizada pela consultoria Robert Half, de São Paulo, com 1.675 diretores de Recursos Humanos em 12 países, sendo 100 brasileiros, nosso País teve um aumento de 44%, ficando acima da média mundial de 29%.
Apesar de a Lei 12.551, da CLT (Consolidação das Leis de Trabalho), deixar claro que “não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de emprego”, ainda há muitas discussões sobre possíveis impasses jurídicos.
Em levantamento realizado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), 73% dos entrevistados desejam trabalhar de casa ou fora da sede. Porém, apenas 42% dos profissionais com carteira assinada têm essa possibilidade, contra 74% dos trabalhadores informais, prestadores de serviços e pessoas jurídicas.
A pesquisa da consultoria Robert Half aponta boa percepção dos executivos com relação ao home office, 75% dos diretores brasileiros creem que a autonomia dos funcionários aumente a produtividade, criatividade, comunicação, colaboração e capacidade de gerenciar.
Além do aumento produtivo e benefícios ao funcionário, como fugir do trânsito e caos dos grandes centros urbanos, os empregadores ganham também em economia de energia, vale-transporte e outras despesas, pagando assim apenas as horas realmente trabalhadas.
O consultor de Sistemas Nathan Botelho, 22 anos, de Santo André, trabalha há três meses na modalidade e tem se adaptado bem. Os empregadores de Botelho exigem apenas um computador e internet funcional e compatível com as tarefas diárias. Ele acredita que o maior diferencial é a liberdade de escolha dos horários, que variam no dia a dia. “Não estar ‘preso’ na empresa me possibilita ser mais produtivo e entregar o trabalho com mais qualidade”, explica Nathan.
Muito se debate sobre as questões jurídicas envolvidas em trabalhar na sede da empresa ou em casa. A gerente executiva de relação do trabalho da CNI, Sylvia Lorena, 45, diz que a negociação coletiva, visando à flexibilização, está em pauta na confederação. “Empresas, funcionários e sindicatos precisam chegar em um acordo que favoreça a todos.”
A profissional detalha ainda que há um certo problema, pois pela CLT quando uma empresa possui mais que dez funcionários é preciso fazer um controle de frequência. “Isso gera uma insegurança jurídica por parte do empregador, por não saber bem como fazer essa fiscalização”, pontua Sylvia Lorena.
Já a consultora jurídica do Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micros e Pequenas Empresas) Cintia Bertão, 38, acredita que há um equívoco sobre o controle de frequência. “Porque se fosse assim, empresas com funcionários externos, como vendedores, não seriam válidos também, pois não fazem o controle mecânico”, salienta Cintia, que ainda ressalta que o maior problema do home office no Brasil é cultural, pois não há uma disseminação do trabalho feito em casa, e muitas pessoas precisam sair das residências para se concentrarem. Apesar disso, a consultora é otimista sobre a flexibilização. “Grandes empresas de consultoria têm boa parte do efetivo (35%) trabalhando como home office.”
Apesar da crescente demanda no modo de trabalho, o Sebrae reforça que muitos são os desafios de adaptação para quem está iniciando. Ter disciplina é o principal dele, além do controle de horas trabalhadas.
O jovem de Santo André, Nathan Botelho teve que se adequar a essas regras para ter uma boa produtividade. “Trabalho dentro do escritório, sozinho e sem distrações. Em outros cômodos tenho contato com minha noiva e acabo me distraindo, então acabo me isolando”, conclui o consultor de sistemas.
Dicas
Para quem deseja partir para o home office algumas orientações são fundamentais para adaptação e sucesso no desenvolvimento do trabalho, atingindo metas e propósitos da organização a qual presta serviços, ou até mesmo para a evolução do negócio próprio.
Dentre elas estão estabelecer e cumprir o horário de expediente. Não tentar colocar a casa em ordem ou resolver problemas pessoais entre uma tarefa do trabalho e outra, para não perder o foco, mesmo diante de atividades profissionais com longos prazos de entrega.
A consultoria da empresa Robert Ralf também reforça a importância de garantir que os demais moradores da casa entendam e respeitem o horário de trabalho. Manter o networking, tendo o hábito de marcar encontros com profissionais da área que atua, para se atualizar e trocar ideias sobre o meio e o mercado de trabalho, entre outros assuntos também é fundamental.
Planejamento também é atitude fundamental. A autonomia oferecida pelo home office exige maturidade do profissional, já que não há chefe supervisionando cada minuto do seu dia. Uma boa dica é estabelecer metas diárias e semanais. Saber escolher o local de trabalho ajuda muito na produtividade se tiver um espaço pré-determinado para trabalhar, com boa iluminação, acomodação confortável – ainda que simples – e os itens de trabalho à mão.
Matéria: Diário do Grande ABC
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