Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi internado e passou por um procedimento para a retirada de uma leucoplasia —lesão branca na garganta.

A cirurgia foi bem sucedida e o petista recebeu alta nesta segunda-feira (21). Mas, afinal, o que é leucoplasia?

A leucoplasia, doença diagnosticada dia 12/11, no presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, é o desenvolvimento de manchas ou placas brancas principalmente nas pregas vocais ou também em outras regiões da laringe. Essas lesões são consideradas pré-malignas, mas a evolução para um câncer ocorre em menos de 20% dos casos.

O resultado da nasofibroscopia, um dos exames feitos pelo Presidente eleito, mostrou, segundo informações divulgadas na mídia, “alterações inflamatórias decorrentes do esforço vocal e pequena área de leucoplasia na laringe”.

Esse tipo de lesão ocorre pelo depósito de queratina sobre a mucosa da laringe, decorrente de agressões provocadas pelo tabaco, consumo de álcool, refluxo  e abuso vocal.

O principal sintoma da leucoplasia é a rouquidão, que tem caráter progressivo, podendo ter como sintomas ardência, fadiga ao falar e sensação de corpo estranho na garganta.

A leucoplasia na laringe afeta, normalmente, homens com mais de 40 anos de idade que fumam ou consomem, com frequência, bebidas alcoólicas. O tratamento tradicional é o cirúrgico, principalmente quando não controlada com medidas clínicas.

Em 2011, Lula teve um câncer na laringe, que o fez passar por mais de 30 sessões de radioterapia e foi associado a quimioterapia para preservar as cordas vocais. O tratamento o curou da doença.

A laringe é o órgão que abriga as cordas vocais (glote) e é responsável, entre outras coisas, pela fonação. Ela pode ser dividida em três compartimentos: subglote, glote e supraglote. O câncer de laringe é o câncer de se origina nesse órgão e é predominante em homens acima de 40 anos.

O que é câncer de laringe

Os principais fatores de risco para câncer de laringe são:

  • Tabagismo – eleva em cerca de 10 vezes o risco de desenvolver câncer de laringe;
  • Consumo excessivo de bebidas alcoólicas – especialmente se associado ao hábito de fumar.

É um dos cânceres mais comuns da região da cabeça e pescoço (25% dos tumores malignos da região e 2% de todas as neoplasias malignas).

Subtipos de câncer de laringe

O câncer de laringe tem dois subtipos mais importantes:

  • Carcinomas de células escamosas – quase todos os cânceres de laringe se desenvolvem a partir das células escamosas do epitélio, a camada de revestimento interno do órgão. A maioria dos cânceres de células escamosas da laringe se inicia como uma lesão pré-maligna, chamada displasia, e evolui para um tumor invasivo (câncer). No entanto, isso nem sempre acontece e a displasia pode inclusive desaparecer sem qualquer tratamento, especialmente se o fator de risco, como por exemplo, o hábito de fumar, for afastado;
  • Câncer de glândula salivar menor: é uma neoplasia rara que se origina em pequenas glândulas conhecidas como glândulas salivares menores, localizadas na laringe. Estas glândulas produzem muco e saliva para lubrificar e umedecer a área.

Sintomas do câncer de laringe

É importante mencionar que muitos dos sintomas abaixo também podem estar associados a condições benignas. Por isso, a qualquer sinal é importante consultar um médico ou mesmo um dentista para avaliar o local. Os principais sintomas são:

  • Rouquidão e mudança de voz persistente;
  • Irritação da garganta que não passa;
  • Nódulo no pescoço;
  • Tosse constante;
  • Dor ou dificuldade para engolir;
  • Dificuldade para respirar;
  • Perda de peso sem razão aparente.

Diagnóstico do câncer de laringe

No câncer de laringe, o diagnóstico é feito por meio do exame clínico com a laringoscopia. Se for visualizada alguma lesão suspeita e em que seja possível a biópsia, esta deve ser realizada para confirmar o diagnóstico. Caso não seja possível a realização da biópsia durante a laringoscopia, o paciente deverá ser encaminhado para um local onde a biópsia possa ser feita sob anestesia geral.

Confirmada a doença, os outros exames são realizados para definir a extensão (estágio) e o melhor tratamento. Podem incluir:

  • Tomografia computadorizada ou ressonância nuclear magnética: traz informações importantes quanto à extensão das estruturas comprometidas, bem como auxilia no diagnóstico diferencial com lesões benignas;
  • PET/CT: realizado em alguns casos para avaliar se há lesões relacionadas à doença em outros órgãos (metástases);
  • Exames de sangue: os exames de sangue não podem diagnosticar tumores da laringe. No entanto, são solicitados para avaliar o estado de saúde geral do paciente, especialmente antes do tratamento.

Tratamento

O câncer de laringe em estádios iniciais pode ser tratado apenas com radioterapia ou cirurgias minimamente invasivas (endoscópicas). Em estádios mais avançados, dependendo da extensão da doença, pode ser necessária a cirurgia seguida de radioterapia com ou sem quimioterapia, ou apenas radioterapia combinada com quimioterapia.

Quando o tratamento cirúrgico envolve a retirada de todo o órgão (laringectomia total), há perda da voz laríngea e a necessidade do traqueostoma definitivo.

Outras formas de tratamento importantes para o câncer de laringe são:

  • Radioterapia IMRT: é um tipo de radioterapia que tem maior precisão na hora de tratar o tumor. Com isso, o paciente apresenta menos efeitos colaterais e os resultados são mais expressivos;
  • Terapia alvo: são drogas que funcionam de maneira diferente da quimioterapia padrão. Elas tendem a ter efeitos colaterais diferentes (e menos graves), impedindo que a célula tumoral se multiplique, retardando ou mesmo interrompendo o crescimento das células cancerosas. Esta terapia pode ser combinada com a radioterapia para alguns tipos de câncer em estágio inicial ou quimioterapia em casos avançados;
  • Imunoterapia: esse tipo de tratamento aumenta a atividade das células de defesa do paciente para combater a doença. Pode ser utilizada combinada ou não com quimioterapia a depender de características clínicas do paciente e da expressão do PDL1, que é uma proteína presente na superfície do tumor.

Prevenção

A melhor forma de evitar o câncer de laringe é se afastar de seus principais fatores de risco: o cigarro e a bebida alcoólica em excesso.

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Fonte: Jornal Contábil
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