Com a temporada de Imposto de Renda ainda fresca na memória dos contribuintes, quem possui aplicações financeiras já deve começar a se preparar para as mudanças que entram em vigor a partir de 2026 com a medida provisória publicada pelo governo que modifica a cobrança de impostos. Uma delas é a adoção de uma alíquota única de 17,5% para investimentos financeiros. Até lá, é importante entender quais são as mudanças, como é afetado nesse contexto e se planejar para a organização dos documentos para a próxima declaração sem cometer erros.

Com a mudança na tributação programada para janeiro de 2026, muitos investidores já se perguntam se vale a pena antecipar vendas para aproveitar as alíquotas mais baixas da tabela regressiva atual. “O investidor precisará realizar uma análise fina e estratégica para não comprometer o desempenho global da carteira”, explica Alexandra. Ela lembra que, hoje, aplicações mantidas por mais de 720 dias são tributadas a 15%, enquanto os investimentos de curto prazo podem chegar a 22,5%. Com a alíquota única de 17,5% em vigor, o investidor que tem ativos atualmente enquadrados na menor alíquota poderá ver sua rentabilidade líquida reduzida se mantê-los após a mudança.

Nesse contexto, o planejamento tributário ganha papel central. A recomendação da especialista é clara: é preciso avaliar o tempo restante da aplicação, comparar os benefícios fiscais e considerar os impactos sobre a liquidez, o rendimento e a estratégia da carteira. “O investidor deve ponderar o ganho fiscal imediato versus possíveis perdas, sejam elas de rendimento, de liquidez ou em termos de estratégia de carteira, além de considerar as especificidades dos produtos financeiros e os cenários de mercado até a implementação da nova alíquota”, orienta.

Outra dúvida recorrente entre investidores diz respeito ao uso de créditos de imposto de renda. Poderão esses créditos ser utilizados para compensar o impacto do aumento da alíquota ou do fim das isenções? Segundo Alexandra, se o investidor já acumular créditos de IR, estes deverão ser utilizados conforme as regras anteriores, sem uma extensão automática para reduzir futuros débitos decorrentes das novas alíquotas. A única possibilidade prevista na Medida Provisória 1.303/2025 é a de que, a partir de janeiro de 2026, perdas não compensadas com ganhos líquidos possam ser abatidas de outros rendimentos de aplicações financeiras no país, desde que observadas as regras específicas da nova legislação.

Já para quem possui títulos incentivados — como LCI, LCA e CRI — emitidos antes de 2026, a regra continua sendo a isenção. No entanto, isso não significa menos responsabilidade na hora da declaração. “O investidor deve manter uma rigorosa organização dos informes de rendimentos e dos dados cadastrais desses investimentos”, alerta a consultora tributária. Isso inclui a correta identificação dos ativos na seção de “Bens e Direitos” e a declaração apropriada dos rendimentos isentos em “Rendimentos Isentos e Não Tributáveis”, conforme exigido pela Receita Federal.

Em um cenário de transição fiscal, a melhor defesa continua sendo a informação e a organização. Para investidores pessoa física, preparar-se desde já é a chave para evitar erros e preservar a rentabilidade diante de um sistema tributário cada vez mais atento e detalhado. “Sem dúvidas, a desorganização na consolidação das informações dos informes e extratos dos investimentos pode resultar em erros no preenchimento e complicações na declaração do Imposto de Renda”, afirma. A dica de ouro é reunir todos os documentos com antecedência, conferindo se os dados estão corretos e mantendo cópias digitalizadas dos arquivos.

Alexandra Tejkowski, contabilista e consultora tributária do Grupo MBW Advocacia

Leia também:

O post MP de impostos e IOF: como se planejar para a próxima declaração de imposto de renda? apareceu primeiro em Jornal Contábil – Independência e compromisso.

Contabilidade em SBC é com a Dinelly. Fonte da matéria: Jornal Contábil