Sabemos que a liderança feminina é essencial para promover a igualdade de gênero dentro das empresas e, assim, contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e igualitária. Porém, mesmo com todo o conhecimento, preparo, capacidade técnica e comportamental, que possuímos para lidar com as demandas de um cargo alto na hierarquia das companhias, nós mulheres enfrentamos muitos obstáculos para chegar a essa posição de influência.
Apesar do tema ser quase que um tabu para as empresas tradicionais, lideradas pelos homens, sabemos que as competências que formam o perfil da liderança feminina são essenciais para o período de transformação que estamos vivendo no mercado de trabalho, que vem acompanhado dos avanços digitais. Além disso, um ambiente corporativo igualitário, diverso e inclusivo tem a capacidade de gerar resultados que vão além do aspecto financeiro.
Mas, ainda que a sociedade tenha evoluído em comparação há décadas, antigamente, as mulheres não tinham o direito de trabalhar, estudar e votar. Com isso, entre outros fatores, os homens passaram a ser vistos como “superiores” e isso tem se refletido nos dias de hoje. Ao olharmos para o mercado de trabalho, notamos que eles ocupam mais cargos de liderança do que as mulheres. A pesquisa divulgada pela Bloomberg em janeiro deste ano revelou que elas ocupam apenas 31% dos cargos de lideranças em empresas globais. Já no Brasil, esse volume é de 37,4%, de acordo com estudo divulgado pelo IBGE em 2021.
Esses números são apenas a ponta do iceberg, afinal, ao mencionar alguns dos desafios que passei em uma parte da minha jornada profissional, percebo que eles são comuns entre as mulheres, como por exemplo: sentir que não tinha voz, que minhas ideias não tinham vez. Isso acarreta sentimentos de incapacidade, fraqueza e vergonha. A sensação é que por ser mulher, preciso me capacitar 87 vezes mais que um homem para poder “provar” o meu ponto de vista em uma reunião, por exemplo.
Além de tudo isso, temos que lidar com as mensagens que são fortemente pregadas pela sociedade contra nós mulheres que, muitas vezes, nos colocam como inferiores, que somos sensíveis, que falamos demais e que não temos força e muito menos capacidade necessária para assumir cargos de liderança. Entretanto, apesar de todos os desafios que vivemos por conta dessa diferença estrutural, sabemos a força que temos e, por isso, se faz mais que necessário normalizar a presença feminina em cargos de liderança dentro das empresas.
Para isso, precisamos cada vez mais ocupar esses espaços e mostrar na prática do que somos capazes, que não importa o gênero, e sim os atributos. Inclusive, existem estudos que comprovam que o nosso desempenho e resultados no mundo dos negócios são superiores aos dos homens. É o que mostra os dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), onde revela que empresas com mulheres em postos de liderança têm 20% melhor desempenho nos negócios. Além disso, nós mulheres somos multipotenciais e podemos conquistar o que quisermos. Ora mãe, artista, esposa, líder de um time, dona de um negócio, são diversos “cargos” que criamos e ocupamos ao longo da vida.
Acredito fortemente que dentro de todos os seres humanos, contemplamos a energia do masculino e do feminino, que a diversidade é o melhor motor para que as empresas possam ser mais criativas, inovadoras e por consequência, produtivas e lucrativas. Esse mix de talentos, a troca de experiências e características são valiosos para todos. Minhas expectativas são altas em relação ao empreendedorismo feminino no país e fico muito feliz em ver cada vez mais negócios surgindo a partir de mulheres empreendedoras.
Tendo em vista que, existe ainda uma questão de paternidade que à passos bem lentos, estamos caminhando para que essa responsabilidade seja dividida com o homem. E não só isso, acho que a sociedade de forma geral ainda não consegue enxergar uma mulher que seja mãe e líder ao mesmo tempo, ela logo é julgada por “só” cuidar dos filhos ou por não cuidar dos filhos e ser focada no trabalho, parece que não existe um lugar do meio onde todos fiquem satisfeitos. Mas, confio que vamos chegar lá.
E para as mulheres que estão pensando em empreender, gostaria de dizer que estamos juntas! É muito comum nos sentirmos solitárias nessa jornada. Fortaleça-se sempre no seu propósito, no porquê de você estar criando esse negócio, isso vai ajudar muito nos dias difíceis. Em termos mais práticos, crie uma base sólida, faça pesquisas com os seus potenciais clientes, peça ajuda, crie testes para entender se a sua solução faz sentido, e por fim, mas não menos importante, lembre-se de cuidar da sua própria energia. Uma mulher bem nutrida, e aqui não falo apenas de alimentação, me refiro a qualquer coisa que te faça bem, é capaz de ser quem ela quiser e mover o mundo.
Por Débora Spada, cofundadora da Start Empreendedor, edtech criada por empreendedores para empreendedores, com o propósito de apoiar em todas as etapas da jornada de uma startup, da fase inicial a aqueles que já estão prontos para escalar o seu negócio.
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Fonte: Jornal Contábil
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