*Por Eduardo Henrique, CEO da Wavy

Idealizar, testar, executar, analisar, aprimorar e testar novamente. Esta é a base do ciclo infinito da metodologia Lean Startup, que tem o objetivo de estimular inovação constante e validar o produto com o mercado com frequência, com o menor investimento de tempo e recursos possível, ao mesmo tempo em que se entende o que se pode melhorar para atender as necessidades dos consumidores. Aplicar esses experimentos exige resiliência e coragem para arriscar abordagens pouco convencionais, algo que vivemos todos os dias na Wavy.

Em 2012, tive como missão abrir o escritório do Grupo Movile no Vale do Silício, com o objetivo de aprender como poderíamos nos reinventar, fazendo benchmark com as maiores empresas de tecnologia do planeta e entender como inovam com tanta frequência. Aprendemos que era preciso ter bem mais agilidade no nosso negócio e tomar muito mais risco nas novas iniciativas, além de entregar cada vez mais para os nossos clientes. Deveríamos testar nossas ideias de modo mais fácil, rápido e barato, validando o melhor caminho para seguirmos e dispendendo pouco tempo.

Antes, demorávamos cerca de seis meses para lançar um projeto: gastávamos muito dinheiro, a performance dos produtos era baixa e não traziam grandes resultados. Percebemos que era preciso fazer muito mais experimentos e gerenciar a empresa de forma ambidestra, mantendo o negócio principal saudável, mas apostando forte em inovação – foi a partir daqui, depois de mais de 20 projetos onde cometemos erros memoráveis, que lançamos um protótipo de um app de vídeos para crianças, que foi evoluindo até se transformar no PlayKids, um dos aplicativos para crianças mais rentáveis no mundo.

Diante dessa conquista, as coisas começaram a sair do papel: trouxemos essa nova forma de trabalhar para o universo de todas as empresas do grupo, inclusive para a Wavy, já que, ao utilizar a abordagem de startup enxuta, temos o poder de organizar melhor os processos e investimentos em novos experimentos que visam reinventar a empresa. Um dos nossos maiores desafios é manter um nível de crescimento acelerado para nosso business atual de vendas de SMS para o mercado corporativo, mas ao mesmo tempo testar conceitos e novos produtos altamente disruptivos que usam Inteligência Artificial.

O modelo tradicional de desenvolvimento de empresas não funciona mais

Como exemplo, em poucas semanas, passamos a fazer toda previsão de volume de mensagens e interações nas nossas plataformas sendo previstos por um algoritmo de A.I. Com isso também conseguimos prever o crescimento do faturamento da empresa. Com A.I. também estamos fazendo chatbots inteligentes resolverem mais de 60% dos chamados de consumidores para nossos clientes, com potencial de 80% de redução de custo na plataforma de atendimento. Com isso, esperamos que a Wavy se torne uma empresa que ajuda seus clientes corporativos a criarem experiências valiosas para seus usuários, nos posicionando no mercado como uma plataforma de Customer Experience (Experiências dos Usuários), ao invés de ser apenas um conector para mensagens de texto. Outro exemplo foram os mais de 100 projetos com empresas para a implantação do Whatsapp como ferramenta corporativa de comunicação, tudo isso em menos de 1 ano.

Esses conceitos têm gerado insights muito positivos, porque conseguimos criar hipóteses e validar estratégias muito rapidamente e, com isso, entendemos se os serviços que oferecemos são de fato relevantes e valiosos. Além disso, por aqui conseguimos nos adaptar muito bem a esta forma de trabalho, pois ao mesmo tempo em que operamos normalmente e melhoramos os processos de forma contínua, também estamos testando e buscando inovação das nossas entregas.

Nos anos 2000, segundo uma pesquisa feita pela Harvard Business School, 75% das startups não foram para frente, o que é uma porcentagem alta, e um dos motivos para isso acontecer é que muitas empresas ficaram presas a métodos arcaicos, mesmo com ideias inovadoras nas mãos. No entanto, os empreendedores e executivos que adotaram novos modelos de gestão, como Lean Startup, conseguiram acelerar a validação das suas ideias. Ano passado tive o prazer de ler o segundo livro do Eric Ries, chamado “The Startup Way”, e gostei muito da forma como ele explica a metodologia Lean Startup ajudando empresas maiores a andar mais rapidamente. Senti que, mesmo sem saber, fizemos muita coisa certa no processo de reinventar a Movile, o que me deixa confiante para repetirmos isso com a Wavy.

Esses são apenas exemplos de como o método pode e deve ser aplicado em grandes empresas. A burocracia e falta de incentivo à cultura de inovação – arriscar, não ter medo de errar, e aprender rapidamente com os erros – pode fazer com que empresas estabelecidas vejam seu negócio ser engolido por startups que arriscam e inovam com frequência, validando novas ideias e modelos de negócio de forma acelerada.

Sobre Eduardo Lins Henrique: Cofundador da Movile e CEO da Wavy. Possui vasta experiência em plataformas móveis e faz parte de muitas iniciativas de inovação dentro da empresa. Mudou-se para o Silicon Valley em 2012 e teve papel fundamental em todas as iniciativas de expansão do grupo, além de participação ativa na criação de novos produtos e negócios.

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Fonte Jornal Contábil