Sabemos que a divulgação do Produto Interno Bruto (PIB) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) é sempre um “exercício de olhar pelo retrovisor”.
Diante da dificuldade de acareação deste indicador, é óbvio ser necessário, pelo menos, um certo tempo para coletar todas as informações. Contudo, a análise dos dados abertos pode nos ajudar a pensar nas perspectivas e na evolução econômica.
O resultado publicado foi, inegavelmente, positivo, não apenas pelo crescimento de 1,2% no segundo trimestre, em relação ao anterior (comparação entre abril/maio/junho e janeiro/fevereiro/março), mas também, e em especial, pelo aumento de 3,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.
Estes elementos, que revelam um desenvolvimento médio de 2,5% no primeiro semestre, ensejou o otimismo nas previsões para o PIB do ano, com algumas casas já entrando na faixa entre 2,5% e 3%.
Só para termos como base, o crescimento composto para os últimos quatro trimestres foi de 2,6%. O número, segundo a economia, pode ser lido sob dois prismas: o da oferta e o da demanda. No primeiro, o foco está no que foi produzido; no segundo, na forma como a renda gerada foi gasta. Claro que, no fim, ambos devem ser iguais, mas cada um carrega uma análise diferente.
Quanto à oferta, em comparação ao mesmo período do ano passado, houve acréscimos de 1,9%, na indústria, e de 4,5%, nos serviços, porém, queda de 2,5%, na agricultura. É importante lembrar que a dimensão do setor de serviços, incluindo o varejo, contempla praticamente dois terços do peso no PIB.
Além disso, no segundo trimestre do ano passado, ainda enfrentávamos resquícios da onda da variante Ômicron do coronavírus no Brasil, bem como uma base muito baixa. E, como se não bastasse, a taxa de investimento no PIB continuou constante em 18,7%, número maior do que os últimos dados, mas ainda bem insuficiente para um crescimento sustentável.
Quanto à demanda, temos uma grande notícia: é bem provável que o progresso, ano a ano, seja natural do consumo privado das famílias, que apontou alta de 5,3%, em decorrência da antecipação do décimo terceiro e dos saques do FGTS, além da recuperação das condições econômicas. Pouco deste resultado veio do consumo do governo, que registrou pequena alta de 0,7% e incremento de 1,5% na formação bruta de capital fixo (investimentos mais variação de estoque) .
O que vimos na economia brasileira, até agora, foi muito melhor do que o esperado. No início do ano, a previsão para o PIB era próxima a 0,5%; agora, entre 2,5% e 3%. A inflação caindo e o restabelecimento do mercado de trabalho trazem perspectivas melhores.
Por outro lado, a base maior do segundo semestre de 2021 e os juros mais altos, além da inflação e do desemprego mais agressivos para as camadas de renda mais baixa, impõem desafios muito maiores.
Ainda que não testemunhamos uma evolução na margem, em termos dessazonalizados, já atingiremos um crescimento de 2,5% no ano, criando boas condições. Todavia, não podemos desanimar, uma vez que o segundo semestre será muito mais desafiador. Manter a atenção e a estabilidade político-econômica é, portanto, essencial.
Fonte: Contábeis
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