Desde 2006, o Fórum Econômico Mundial publica relatórios anuais com a previsão dos principais riscos que podem impactar os negócios. Em 2023, o documento publicado apresentou um top 10 com os riscos mais graves em um curto prazo, sendo oito deles relacionados com mudanças climáticas e crises sociais.
O relatório trouxe ainda os dez principais riscos para o longo prazo, e, na mesma toada, os quatro primeiros estão relacionados às mudanças no clima, aumento dos desastres naturais e dos eventos extremos e à perda da biodiversidade. Esse tipo de previsão está presente nos últimos cinco relatórios, reforçando a cada ano a necessidade de se revisar a forma como a humanidade interage com o ambiente.
Com o início da pandemia do Covid-19, essa necessidade de mudança de paradigmas se evidenciou ainda mais. De uma hora para outra, o mundo precisou lidar com os impactos econômicos e sociais causados pela reclusão das pessoas e com o cenário em que um olhar voltado para a saúde dos stakeholders se tornou essencial para a continuidade dos negócios.
Essa nova dinâmica social também foi capaz de demonstrar, na prática, os benefícios caudados pela redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) provenientes dos transportes e de algumas atividades. Tanto que, em 2020, houve o ganho de quase um mês no marco de sobrecarga da terra, quando se marca a data em que a demanda da humanidade por recursos naturais supera a capacidade da Terra de produzir ou renovar esses recursos ao longo de um ano.
Tais acontecimentos, unidos a discursos de líderes da economia mundial, deram ainda mais voz ao crescente movimento de implementação de agendas ESG (Environmental, Social and Governance) a partir da aplicação de boas práticas nesses âmbitos. Grandes corporações passaram, então, a lançar mão desses três pilares, desenvolvendo sistemas de monitoramento e mitigação de seus riscos, acampando seus colaboradores, parceiros de negócio, fornecedores e outas partes interessadas. Nesse cenário, a sustentabilidade tornou-se uma pauta mais ativa na mesa dos conselhos e da alta direção, de modo que o conjunto de ações que envolvem o ESG passou a ser parte da estratégia das empresas no mundo todo.
Embora em um primeiro olhar possa parecer que toda essa temática ESG está circunscrita ao âmbito das grandes corporações, a realidade é que as médias e pequenas empresas são peças importantes na transição para um cenário mais sustentável.
Para tanto, tais empresas precisam se desprender da crença de que investir em uma gestão ESG significa apenas aumento de gastos, e entender que tal estratégia é capaz de gerar redução de custos e riscos, bem como torná-las mais atrativas. Ao se debruçarem sobre os pilares ambiental, social e de governança, as médias e pequenas empresas fortalecem suas marcas e aumentam a confiança por parte deste público.
Visando a implementação de uma agenda ESG efetiva, as grandes corporações necessariamente precisaram voltar seus olhares para os fornecedores, geralmente empresas de médio e pequeno porte, passando a cobrá-los para que apresentem relatórios, estudos e ações relacionadas ao tema, de forma a corroborarem com seus objetivos e compromissos.
Por essa razão, para o público de empresas menores, entender e gerir melhor seus riscos relacionados aos temas socioambientais e de governança passa a ser uma vantagem competitiva em relação aos concorrentes, fortalecendo parcerias com esses grandes clientes, que estão empenhados em desenvolver atividades com menos impactos ao mesmo tempo em que geram valor para a sociedade.
Porém, muitos questionamentos e inseguranças podem surgir no caminho, principalmente o “Por onde começar?”. Embora exista um longo caminho a ser percorrido, o início dessa jornada precisa, necessariamente, ocorrer por meio da identificação de riscos, impactos e materialidade para que a empresa possa, gradativamente, evoluir em sua maturidade para o desenvolvimento e o aprimoramento de suas ações que tangenciam cada um dos pilares do ESG.
Em dezembro de 2022, a ABNT lançou a PR 2030 como um guia para a identificação de materialidade e maturidade no desenvolvimento de uma agenda ESG, considerando as individualidades de cada negócio. Empresas de pequeno e médio porte, com maior dificuldade em se identificar com grandes frameworks internacionais, passam a ter um instrumento norteador para a identificação, a avaliação e a mensuração de seus riscos e impactos relacionados à temática ESG, proporcionando melhor visibilidade de suas vulnerabilidades e, por fim, construindo informações para fornecer a bancos, no momento de tomada de crédito, a clientes, quando em concorrências e à sociedade, quando cobrados por posicionamentos e melhores resultados.
Os diversos acontecimentos vivenciados nos últimos tempos deixaram claro a importância de uma nova postura visando integrar as questões sociais, ambientais e de governança nas estratégias dos negócios e as pequenas e médias empresas estão sendo chamadas a serem protagonistas dessa transição para uma economia mais sustentável e resiliente, e não podem ficar para trás nessa jornada.
Ao lançarem mão de uma estratégia ESG, geram benefícios para a sociedade e suas partes interessadas, ao mesmo tempo em que melhoram suas imagens, fidelizam clientes, reduzem custos e riscos e aumentam suas chances de se manterem estáveis a longo prazo.
Artigo escrito por Beatriz Busti e Flávia Galdiano Fonsatti são consultoras de Sustentabilidade da Protiviti.
por IMAGE Comunicação
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Fonte: Portal Contnews
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