Muitas pessoas ainda podem desconhecer o conceito de tokenização e até torcer o nariz para esse modelo de negócio no mercado imobiliário. Mas, querendo ou não, é melhor eles se prepararem para essa nova realidade. A presença de tokens nas negociações de imóveis é um caminho irreversível para todos – estando preparados ou não.
Dessa forma, o debate não deve girar em torno daquilo que os criptoativos oferecem às empresas e aos usuários do setor no presente. Isso já está consolidado, pelo menos em uma parcela significativa de organizações. A questão que deve ser discutida agora é justamenteo futuro que aguarda os tokens em um nicho bastante conservador e que necessita de soluções inovadoras.
Não se trata de uma iniciativa exclusiva do mercado imobiliário. A proposta de tokenização está em alta em todos os setores da economia e sociedade. Segundo uma projeção da consultoria MarketsandMarkets, esse setor vai mais que dobrar de tamanho em cinco anos, passando de US$ 2,3 bilhões em 2021 para US$ 5,6 bilhões em 2026, com crescimento médio anual de 19% no período. Já uma estimativa da Grand View Research vai além e acredita que deve movimentar US$ 13,5 bilhões até 2030 em todo o mundo. Números positivos demais para serem ignorados por empresas e investidores.
O que explica esse otimismo em torno de tokens é justamente a aceleração digital dos últimos anos – e que foi impulsionada pela pandemia de covid-19 a partir de 2020. Há uma demanda latente por serviços digitais para pagamentos e transações diversas em vários segmentos. O avanço do Pix e de pagamento sem contato por celular é apenas um exemplo prático dessa realidade.
No caso da negociação de imóveis, mais do que a facilidade para transacionar, o que a tokenização propõe é a criação de um verdadeiro ecossistema digital para facilitar processos nesse mercado. É claro que eles irão facilitar a compra e venda de casas e apartamentos, mas também serão ferramentas de relacionamento, aproximando profissionais, empresas e consumidores. Os primeiros cases começam a surgir no Brasil, permitindo mais agilidade e segurança nas operações.
Diante disso, dois desafios se impõem ao crescimento da tokenização imobiliária no futuro. O primeiro deles, evidentemente, é a escalabilidade desses projetos. Os criptoativos estão crescendo nos últimos anos, mas é preciso ampliar ainda mais a base de usuários e de empresas para que possam fazer a diferença na negociação de imóveis como um todo. Em suma: as pessoas precisam enxergá-los como uma possibilidade para adquirirem a casa própria.
Atualmente, percebe-se que a maioria das soluções é planejada para propriedades de alto padrão – abordando justamente o nicho de pessoas que investem em criptomoedas. Contudo, é possível estimular a entrada de mais consumidores com a criação e desenvolvimento de tokens que façam sentido à realidade delas, incluindo serviços e funcionalidades que agilizam (e não dificultam) a aquisição de um imóvel.
O segundo ponto que emerge para o futuro da tokenização imobiliária é a necessária regulamentação do setor. Os criptoativos são, por característica, descentralizados – ou seja, não são vinculados a nenhum órgão de controle. Entretanto, negociar um imóvel é bem diferente do que comprar um remédio de gripe na farmácia. Há questões fiscais e patrimoniais que fazem parte deste setor.
Assim, é essencial que empresas, profissionais e consumidores se mobilizem no debate público para construir um marco regulatório que proteja todas as partes e, principalmente, não burocratize um modelo de negócio que se destaca justamente pela simplicidade e eficiência nas transações. Com leis e normas adequadas, é possível potencializar essa inovação a longo prazo.
Fazer projeções e previsões futuras para qualquer iniciativa é sempre uma temeridade. Ainda mais para um conceito que mal se consolidou no presente, como é o caso da tokenização imobiliária. Entretanto, os primeiros passos das empresas no setor já deixam claros quais obstáculos surgirão nos próximos meses e anos. Quanto mais cedo nos prepararmos para eles, mais rápido conseguiremos derrubá-los, deixando o caminho livre para a inovação e eficiência que os criptoativos podem oferecer.
Por Rubens Neistein é business manager da CoinPayments, a primeira e maior processadora de pagamentos em criptomoedas do mundo – e-mail: coinpayments@nbpress.com
Primeira e maior processadora de pagamentos em criptomoedas do mundo, a CoinPayments é a forma mais fácil, rápida e segura para os empresários transacionarem em criptomoedas.
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Fonte: Jornal Contábil
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