Desde o início da pandemia, adaptar-se a uma nova rotina de isolamento social tem sido um grande desafio para os mais diversos setores. A educação, no entanto, mãe de todos os setores, está sofrendo uma mudança irreversível. Assim como eu, professores acostumados a dar aulas dentro de um espaço físico, tiveram que se habituar à nova realidade de educar, interagir, motivar e instigar alunos com um ‘olho no olho’ virtual.
Durante a pandemia, cerca de 48 milhões de estudantes deixaram de frequentar atividades presenciais nas mais de 180 mil instituições de Ensino Básico em todo o Brasil, de acordo com o INEP. Escolas e universidades do âmbito público e privado foram forçadas a mudar o meio de entrega do seu produto e passaram a enfrentar inúmeros novos desafios, que vão desde a adoção de novas tecnologias e treinamento dos professores para uso da mesma, passam por questões importantes de infraestrutura e cibersegurança, e desembocam na adaptação da sua metodologia para manter o interesse dos alunos.
Segundo estudo da UFMG realizado em 2020, 89% dos professores da rede pública não tinham experiência com aulas remotas antes da pandemia, enquanto 42% dos entrevistados afirmaram que seguiam em treinamento, ou até mesmo aprendendo tudo por conta própria. Ao fazer a transição às pressas, no entanto, muitas escolas cometeram o erro de passar as aulas presenciais para o ambiente virtual sem adaptações, ignorando o fato de que a atenção do aluno é diferente frente à uma tela, e que cada aluno tem um ambiente de estudo diferente.
O maior equívoco das escolas na transformação digital, no entanto, tem sido não aproveitar todas as possibilidades que o mundo virtual oferece, como a customização da experiência de usuário, que permite elevar o nível dos estudos e maximizar o ganho dos alunos. Um exemplo de benefício que os estudos à distância podem oferecer é respeitar o ritmo de cada aluno, que pode assistir os conteúdos gravados quantas vezes forem necessárias e pode também acelerar sua aprendizagem se tiver facilidade com determinado tema.
Nesse novo cenário, a sala de aula virtual se torna um espaço para troca de experiências, socialização e aprendizado aprofundado. O professor deixa de ser a pessoa que leva o conhecimento para dentro da sala de aula, pois a informação está disponível para todos em poucos cliques. O nosso papel é desenvolver o senso crítico e ético dos alunos, para que saibam conviver tanto no ambiente físico quanto no virtual, e para que tenham a capacidade de lidar com o volume de informações disponíveis hoje sem cair em armadilhas como fontes que não são confiáveis.
EAD é uma realidade que veio para ficar. Em pesquisa realizada pelo Instituto Península no final de 2020, 44% dos docentes entrevistados afirmaram que sua percepção sobre o futuro da educação está atrelada ao ensino híbrido. Com isso em mente, e no papel de alguém que transita entre o meio acadêmico e corporativo, proponho que as instituições de ensino formem profissionais que serão absorvidos pelo mercado de trabalho no futuro. É importante ressaltar que, com o mundo em constante mudança, ainda não sabemos quais profissões existirão daqui a cinco, dez ou quinze anos, portanto, é preciso formar profissionais que saibam estudar e se desenvolver sozinhos, se adaptar, se comunicar em diferentes meios e solucionar novos problemas.
Proponho que as escolas busquem maneiras de estimular a colaboração em equipe e a troca de experiências e visões diferentes, o desenvolvimento de uma organização mental para que os alunos possam aprender de forma autônoma e uma alta tolerância à diversidade, às mudanças e aos erros, para que se tornem, de fato, inovadores. Algumas ferramentas que têm feito sucesso são o design thinking, as metodologias ágeis e a gamificação das atividades. Além de rever a forma como educamos, precisamos pensar a longo prazo no desenvolvimento desses jovens, no mundo que deixaremos para eles e que eles irão deixar para as próximas gerações.
Por Leonardo Lemes, Diretor de Cibersegurança da Service IT.
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Fonte: Jornal Contábil
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