O Open Banking é um sistema que vai ajudar a padronizar os serviços financeiros e permitir que os consumidores compartilhem seus dados com todas as instituições financeiras como forma de aumentar a concorrência e, em teoria, trazer mais benefícios para os clientes do sistema financeiro. Com o compartilhamento de dados e do histórico financeiro entre bancos, deverá acontecer uma customização da oferta de serviços, levando em consideração as características de cada consumidor.
Este é um projeto audacioso e muito amplo, por isso sua implantação foi faseada, sendo a primeira iniciada em fevereiro deste ano, quando as informações compartilhadas ainda não envolviam os dados dos clientes, apenas dados das próprias instituições como canais de atendimento, produtos e serviços. A segunda, que começou em julho, quando as instituições já puderam compartilhar dados cadastrais e transacionais relativos a pagamentos, cartões de crédito, financiamentos e empréstimos, com o devido consentimento do cliente. Na terceira, iniciada em agosto, os clientes puderam realizar transações de pagamento e encaminhamento de proposta de operação de crédito em diferentes instituições, usando uma única plataforma. E por último, serão compartilhados os demais dados como por exemplo operações de câmbio, investimentos, seguros e contas-salário.
Somente as instituições financeiras e demais estruturas autorizadas a funcionar pelo Banco Central podem participar do Open Banking e vale lembrar que a regulamentação prevê participantes obrigatórios e voluntários que, de acordo com o porte, dados ou serviços, serão compelidos a aderir. Os maiores bancos já são participantes obrigatórios do Open Banking para o compartilhamento de dados.
Na quarta e última fase do projeto, chamada Open Finance, finalmente as instituições financeiras vão ofertar informações sobre produtos de investimentos, seguros e câmbio de forma aberta, mas o compartilhamento desses dados com outras instituições ocorrerá a partir de 31 de maio de 2022.
E qual é o verdadeiro desafio?
Alguns aspectos são muito relevantes para o correto entendimento deste novo mundo da digitalização financeira:
Primeiro: a adesão ao Open Banking é opcional para os clientes e dependem de consentimento rápido e objetivo para o compartilhamento de dados. Na prática, existe uma barreira de ordem legal que depende da adesão em massa para surtir o efeito desejado e a viabilização de um marketplace financeiro.
Segundo: o cliente pode revogar a autorização a qualquer tempo. Isso deve gerar os “períodos de testes” com idas e vindas do processo de adesão.
Terceiro: absorção do custo operacional. O sucesso do Open Finance tanto para as instituições quanto para os clientes dependerá diretamente da capacidade da absorção de custos diretos e indiretos, sendo capaz de ofertar mais crédito a custos mais baixos e ainda absorver as despesas marginais do processo.
Por último, mas não menos importante, temos ainda a barreira natural que instituições e indivíduos têm de compartilhar seus dados. Em outros países mais maduros economicamente, essa barreira praticamente tornou inócuo o sistema, diminuindo drasticamente o efeito do aumento da concorrência e melhor entendimento dos demandantes de produto.
Enfim, vamos aguardar! Apenas depois de completamente implementado e com os primeiros efeitos da concorrência divulgados, é que teremos a real dimensão do efeito de todo esse sistema.
Por Ubiratan Lima, economista-chefe do Vadu
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Fonte: Jornal Contábil
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