Não há dúvidas de que o agronegócio é a locomotiva da economia brasileira. E o setor lácteo, um dos principais vagões desta locomotiva, está passando por desafios internos há anos, sobretudo, em razão dos custos de produção e logística, afetados pela ausência de políticas públicas estruturantes e efetivas.
De acordo com a ministra da agricultura, Tereza Cristina, o alto custo de produção, agravado por problemas de infraestrutura, somado à margem de lucro cada vez mais espremida, faz o produtor rural perder competitividade. Dada as circunstâncias, certamente os produtores rurais, principalmente os pecuaristas, abandonarão sua atividade ou mudarão de foco, almejando uma maior rentabilidade.
Além disso, as indústrias de laticínios e as cooperativas de produtores, elo crucial do setor, nunca se viram em uma ‘saia justa’ no sentido de orquestrar estratégias a fim de atender os dois públicos exigentes, que estão posicionados em extremos – o produtor rural e o consumidor final. A indústria de derivados do leite, em alguns casos por meio de cooperativas agroindustriais, possui o papel de combinar a oferta e a demanda, uma equação bastante complexa. E, no meio do caminho, há uma série de agentes intermediários como as transportadoras, consultorias, fábricas de insumos, atacadistas, varejistas, entre outros.
Nesse cenário alarmante, há também os novos desafios para os produtores nacionais ganharem novos horizontes, como a tratativa com a China, que abriu seu mercado para o Brasil exportar derivados de leite, e as boas notícias como o recente acordo entre o Mercosul e a União Europeia, que promete “abrir as porteiras”. Mas, apesar do lado positivo, encontramos dúvidas, pois trata-se de uma competição desleal uma vez que não estamos equiparados em termos de igualdade com os produtos estrangeiros, em razão do custo dos encargos brasileiros, principalmente a alta carga tributária.
Somada a essa questão, enfrentamos também o desafio de tornar o agro 4.0. Ou seja, analisar minuciosamente a cadeia produtiva do leite a fim de mapear os processos, identificar os gargalos e aplicar as tecnologias necessárias para a automação em todos os elos da cadeia. Estamos diante da mola propulsora do processo de Transformação Digital do Agronegócio em todos os âmbitos, desde o campo (fazenda), passando pela logística, indústria, processo de produção industrial, distribuição até chegar no varejo.
Citando o ditado popular do meio rural “o que engorda o gado é o olho do dono”, essa premissa não mudará, continuará viva nos produtores rurais. Porém, com o advento das tecnologias e em frente aos novos desafios, este olhar do dono precisa se tornar digital. Em outras palavras – mais urbanas – o “olhar do dono” se fará presente por meio de processos automatizados nas fazendas, como a irrigação, o consumo de energia elétrica, o monitoramento microclimático, o controle zootécnico, os sistemas automatizados de ordenha, o sensoriamento dos animais e ativos, entre outros.
Uma vez que o fator determinante do sucesso atualmente é a batalha pelos preços na prateleira dos supermercados, surge a indagação: em qual momento eu posso atenuar custos para majorar os lucros? A resposta são os investimentos em tecnologia com o objetivo de alcançar uma gestão efetiva a partir dos dados coletados de forma automatizada, que se tornará uma condição indispensável até mesmo em razão da necessidade de cumprir as normas de segurança alimentar e melhorar as métricas da produção.
Para isso, faz-se necessário a escolha de um parceiro com domínio tecnológico e conhecimento mercadológico sobre o ‘negócio do leite’. Isso forma o alicerce, entre pessoas, processos e tecnologias, necessário para suportar a jornada da Transformação Digital, na qual os processos são repensados a partir da ótica dos dados e, assim, soluções assertivas sugeridas para apoiar os processos em toda a cadeia produtiva, de ponta a ponta. A ideia é que as informações direcionem como simplificar, automatizar e controlar as operações com maior assertividade nos custos e na garantia de qualidade por meio da implementação de tecnologias como Analytics, Inteligência Artificial, Machine Learning, IoT, Chatbot, entre outros.
O Brasil é um gigante do agronegócio sob o ponto de vista mundial e essa posição pode ser ampliada se repensarmos as tomadas de decisões e baseá-las em dados, não em achismos, ou seja, adotar uma cultura>
*James Cisnandes Jr. é Head de Agribussiness da Engineering, companhia global de Tecnologia da Informação e Consultoria especializada em Transformação Digital
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Fonte: Jornal Contábil
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