Os recentes indicadores econômicos têm apresentado resultados positivos e feito com que o mercado apresentasse revisões a respeito das expectativas de crescimento da economia brasileira.

Na última segunda-feira (5), o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, comentou sobre os dados positivos, avaliando que o crescimento apresentado do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre deste ano se deu com qualidade.

“Tivemos um crescimento de 1,2% que foi um número que surpreendeu, mas ele surpreendeu no qualitativo, porque vemos basicamente investimento e consumo das famílias, que é onde não esperávamos que viria”, manifesta Campos Neto.

Na quinta-feira (1º), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a economia brasileira registrou crescimento de 1,2% no segundo trimestre deste ano, em comparação com os três primeiros meses do ano.

O resultado foi impulsionado pelo investimento medido pela Formação Bruta de Capital Fixo, que registrou alta de 4,8% no período e pelo consumo das famílias, com alta de 2,6%, maior alta desde o quarto trimestre de 2020, que foi de 3,1%.

No mesmo dia, o secretário da Política Econômica do Ministério da Economia, Pedro Calhman, também considerou a qualidade dos resultados.

“Esse é um crescimento puxado por investimento, que gera maior capacidade de produção no futuro. Então é o melhor tipo de crescimento”, disse Calhman.

Produtividade

Especialistas ouvidos pelo CNN Brasil Business reforçam a qualidade do crescimento, apesar disso, explica que para o longo prazo e a continuidade de um crescimento de qualidade, o país deve se preocupar com o aumento da produtividade.

O economista e diretor do Centro de Cidadania Fiscal (CCif), Bernard Appy, explica que o ritmo de produtividade tem sido baixo nos últimos 40 anos. De acordo com o especialista, para que ocorra esse aumento é necessário melhorar as instituições, corrigir distorções no modelo tributário e aprimorar a formação da mão de obra no país.

Em relatório que analisa a série de produtividade anual da economia brasileira do FGV IBRE, foi comparada a trajetória entre a produtividade por hora trabalhada e uma medida de bem-estar econômico, dada pela renda per capita, entre os anos de 1981 e 2021.

O resultado obtido pelos pesquisadores evidencia a relação estreita entre produtividade e bem-estar no longo prazo, uma vez que entre 1981 e 2021, enquanto a renda per capita cresceu 0,8% ao ano (a.a) a produtividade por hora trabalhada avançou 0,6% (a.a).

Segundo o estudo, outro indício da forte conexão entre produtividade e bem-estar é o fato de que períodos de aumento mais rápido da renda per capita estão associados a uma aceleração do crescimento da produtividade.

Pesquisadores comentam como exemplo que, entre as décadas de 1990-2000 e 2000-2010, o crescimento da renda per capita aumentou de 1% a.aa para 2,3% a.a, uma variação de 1,3 pontos percentuais.

Entre essas duas décadas, o crescimento da produtividade por hora trabalhada acelerou de 0,7% a.a para 1,6% a.a, uma variação de 0.9 p.p.

Além da produtividade, os especialistas ainda ressaltam a disfunção do sistema tributário brasileiro, seus impactos na economia e, consequentemente, a necessidade de uma reforma.

Bernard Appy reforça a importância das correções tributárias por meio de uma reforma ampla.

“Hoje no Brasil temos, nos tributos indiretos – como PIS/Cofins, ISS, etc – uma quantidade enorme de benefícios fiscais, alíquotas diferenciadas. Em tributos como estes, com diferenciações, obriga a economia a se organizar de formas diferentes e, consequentemente, ineficientes”, comenta Appy.

Além disso, o economista ainda lembra que o atual sistema tributário brasileiro gera insegurança jurídica e, consequentemente, afasta investimentos no país, algo importante para o crescimento da economia.

Segundo o economista-chefe da Ryo Asset, Gabriel de Barros, a questão é, de fato, um dos principais pontos para possibilitar resultados de qualidade no longo prazo, elevando o PIB potencial, melhorando o ambiente de negócios e reduzindo o custo de compliance tributário.

O especialista elenca outro ponto que considera importante para a discussão, a necessidade de o Brasil buscar estar no mesmo nível em termos de inovação e tecnologia com os países pares, sendo uma agenda relevante para fomentar e internalizar os ganhos da transição para uma economia de baixo carbono. “Outro vetor relevante de crescimento econômico e atração de investimentos”.

Tanto Appy, como Barros concordam em pontos-chave, por exemplo, a melhoria qualitativa e eficiente dos gastos públicos. Isso vale para diversas áreas em que o gasto público, seja federal ou subnacional, é elevado, mas de baixa efetividade.

Entretanto, os especialistas destacam a educação como sendo fundamental para gerar resultados no longo prazo.

O resultado do PIB brasileiro fez com o que Brasil alcançasse o 7º melhor desempenho entre as principais economias do mundo em 2022 no segundo trimestre no segundo trimestre deste ano, segundo um levantamento da agência de classificação de risco Austin Rating.

Com informações da CNN Brasil

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Fonte: Contábeis
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