Com a chegada do último trimestre de 2025, muitas empresas já se mobilizam para iniciar o planejamento estratégico do próximo ano. No entanto, antes de começar a projetar receitas, definir investimentos ou redesenhar estruturas operacionais para 2026, é fundamental dar um passo atrás e avaliar alguns pontos cruciais, que muitas vezes são ignorados ou tratados de forma superficial. Destacamos, aqui, os principais aspectos que precisam ser cuidadosamente analisados para que o planejamento de fato seja realista, sustentável e assertivo.
Para começar, recomendamos uma análise criteriosa da saúde financeira atual do negócio. Não se trata apenas de dar uma olhada nos números, mas de fazer um diagnóstico completo do momento da empresa, ou seja, ter um balanço patrimonial atualizado e demonstrativos financeiros confiáveis, interpretar esses dados em profundidade e avaliar se a empresa está gerando caixa ou apenas mantendo uma aparência de lucratividade; qual o grau de dependência de capital de terceiros e se existem passivos ocultos ou contingências tributárias que podem estourar em 2026. A análise deve incluir indicadores de liquidez, endividamento, margem operacional e ciclo financeiro. Esse diagnóstico revela se a empresa está em posição de expandir, se precisa cortar custos ou reestruturar dívidas antes de qualquer movimento estratégico.
Outro ponto essencial é analisar a conformidade tributária e os riscos fiscais. Ignorar o peso da carga tributária e qual o regime fiscal mais adequado pode custar caro. O ano de 2026 promete um cenário de maior fiscalização com a evolução dos sistemas da Receita Federal e cruzamentos eletrônicos de dados (SPED, DCTFWeb, eSocial, EFD-Reinf etc.). Portanto, a empresa deve revisar seu regime tributário atual (Simples, Lucro Presumido ou Lucro Real) e simular os impactos de cada modelo; avaliar possíveis créditos tributários ainda não aproveitados; mapear riscos de autuações e passivos fiscais não provisionados; além de investir em compliance fiscal, especialmente se atua em setores com alta complexidade tributária. Essa análise deve ser feita junto ao contador ou consultor tributário e anteceder qualquer definição de expansão ou mudança de modelo de negócios.
Na sequência, recomendamos uma revisão da estrutura de custos e de precificação, que são pontos cegos para muitas empresas e podem acarretar erros clássicos no planejamento. Infelizmente, muitos empresários ainda desconhecem seu real custo fixo mensal, os impactos da variação cambial, inflação de insumos ou mesmo os custos indiretos (como depreciação e custos trabalhistas ocultos). Isso compromete não só o lucro, mas a viabilidade de certos produtos ou unidades de negócio. Por isso, o planejamento para 2026 precisa contemplar uma revisão da estrutura de custos, análise do ponto de equilíbrio e a adoção de ferramentas de gestão, como centros de custos, custos por absorção ou custeio variável, dependendo do porte e maturidade da empresa.
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O cenário macroeconômico e regulamentar também aparecem no ‘roteiro’ para quem vai se preparar para ‘construir’ o planejamento do próximo ano. Planejar sem considerar o ambiente externo é como navegar sem mapa. Por isso, para 2026, algumas variáveis devem estar no radar. É o caso da inflação e da taxa Selic, que impactam diretamente o custo do capital e o comportamento do consumidor; a Reforma Tributária (PEC 45/110), que traz mudanças profundas na forma de tributar o consumo, exigindo adequações sistêmicas e estratégicas; a legislação trabalhista e ESG, que traz pressão por práticas sustentáveis e responsabilidade social em cadeias produtivas e nas relações com o mercado.
Por fim, recomendamos uma análise em relação à capacidade operacional e de capital humano da empresa, visto que não se pode prometer crescimento sem garantir que a empresa tenha capacidade operacional e equipe preparada para sustentá-lo. Isso envolve a avaliação de gargalos produtivos; identificação de pontos de dependência excessiva de pessoas-chave; mensuração da eficiência dos processos atuais; investimentos em capacitação e retenção de talentos. Afinal, o capital humano é, cada vez mais, um diferencial competitivo — especialmente em ambientes que exigem inovação e resposta rápida ao mercado.
Em suma, planejar 2026 não é um exercício de futurologia ou otimismo cego. É um processo técnico, baseado em dados confiáveis, análise crítica e comprometimento com a realidade da empresa. Não se trata apenas de traçar objetivos, mas de entender se a estrutura atual permite atingi-los de forma saudável, legal e sustentável. Empresas que negligenciam esses pontos caminham para decisões míopes, atitude que pode ser fatal. Planejar bem é, acima de tudo, saber onde não investir, onde não crescer, e quando dizer não. O futuro não começa em janeiro. Ele começa agora, com uma análise fria e corajosa do presente.

Por Márcia Abreu e Silvinei Toffanin, sócios da DIRETO Group – empresa de wealth management com quase 30 anos de mercado, especializada na prestação de serviços de consultoria, contabilidade, controladoria, assessoria fiscal, tributária, trabalhista, legal, societária, BPO Financeiro, planejamento financeiro estratégico, gestão e administração de Family Office, criação de Offshores, além de soluções de tecnologia, ciência de dados e inteligência artificial a fim de otimizar custos e aumentar a produtividade dos negócios.
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Contabilidade em SBC é com a Dinelly. Fonte da matéria: Jornal Contábil