Uma ação coordenada da Polícia Civil do Pará, denominada operação “Algoritmo”, foi deflagrada na manhã desta quarta-feira, 28 de maio, visando desarticular um robusto esquema criminoso. Nove mandados judiciais de busca e apreensão foram cumpridos como parte de uma investigação em curso que apura a prática de crimes contra a ordem tributária e lavagem de dinheiro, supostamente perpetrados por um grupo empresarial com atuação diversificada em múltiplos ramos econômicos. O trabalho investigativo, conduzido pela Diretoria de Combate à Corrupção (Decor) e pela Divisão de Repressão à Lavagem de Dinheiro (DRLD) da Polícia Civil paraense, estendeu-se por diversas localidades, incluindo a capital Belém, além de Marabá e Parauapebas no interior do estado, e alcançou também Brasília, no Distrito Federal.

As investigações, que ganharam corpo a partir de minuciosos relatórios de inteligência financeira, revelaram um complexo emaranhado de indícios que apontam para práticas sistemáticas de sonegação fiscal, sofisticadas manobras de ocultação de patrimônio e tentativas deliberadas de burlar bloqueios judiciais preexistentes através de movimentações bancárias consideradas atípicas pelas autoridades.

O Desenrolar da Investigação: Indícios e Modus Operandi

Conforme detalhou o delegado Fausto Bulcão, diretor da Decor no Pará, a operação é fruto de um trabalho investigativo que identificou padrões e operações suspeitas ao longo do tempo. “As investigações, iniciadas a partir de relatórios de inteligência financeira, revelaram indícios de sonegação fiscal, ocultação de patrimônio e tentativas de burlar bloqueios judiciais por meio de movimentações bancárias atípicas”, informou o delegado.

Empresas Sob Suspeita: Saldos Zerados e Sede em Escritório Contábil

Um dos aspectos que mais chamou a atenção dos investigadores e que reforça as suspeitas de um esquema organizado de blindagem patrimonial é o modus operandi de algumas empresas pertencentes ao grupo. “Algumas empresas do grupo operavam com saldos bancários diariamente zerados e estavam sediadas em um escritório de contabilidade, o que reforça as suspeitas de esquema de blindagem patrimonial”, explicou o diretor Fausto Bulcão.

A prática de manter saldos bancários constantemente zerados pode ser uma estratégia para evitar penhoras e dificultar o rastreamento de ativos líquidos, enquanto a utilização de um escritório de contabilidade como sede formal de múltiplas empresas do grupo pode indicar uma tentativa de conferir uma fachada de normalidade ou de centralizar operações financeiras de forma a obscurecer a real titularidade e o fluxo dos recursos.

Apreensões e Medidas Judiciais Decretadas: O Cerco se Fecha

Durante o cumprimento dos nove mandados de busca e apreensão, as equipes policiais lograram êxito em coletar um vasto material que será fundamental para o aprofundamento das investigações.

Material Probatório, Dinheiro em Espécie e Armamento

Foram apreendidos nos locais de busca:

  • Aparelhos celulares, que podem conter comunicações e dados relevantes.
  • Documentos diversos, incluindo contratos e registros empresariais.
  • Materiais contábeis, que serão periciados para identificar a extensão das fraudes fiscais.
  • Equipamentos e dispositivos eletrônicos (computadores, HDs), que podem armazenar informações cruciais sobre as operações financeiras e a estrutura do grupo.
  • Uma considerável quantia de dinheiro em espécie, cuja origem e destino serão investigados.

Adicionalmente, uma pistola de calibre .380, acompanhada de 50 munições intactas, foi apreendida durante a operação e devidamente apresentada na Seccional Urbana de Marabá para as providências legais cabíveis, o que pode indicar a existência de outros crimes conexos.

Quebra de Sigilos e Bloqueio Milionário de Ativos

Para avançar na identificação dos fluxos financeiros e na recuperação de valores possivelmente desviados, a Justiça autorizou medidas cautelares financeiras de grande impacto:

  • Quebra dos sigilos fiscal e bancário dos investigados, permitindo o acesso direto às suas movimentações financeiras e declarações de impostos.
  • Bloqueio de valores nas contas dos investigados e das empresas do grupo, no montante aproximado de cinco milhões de reais. Esta medida visa garantir um eventual ressarcimento aos cofres públicos e o pagamento de multas.

O Compromisso da Polícia Civil e a Continuidade das Investigações

A operação “Algoritmo” não se encerra com as buscas e apreensões. O delegado Fausto Bulcão enfatizou que as investigações prosseguem com rigor e dedicação. “As investigações permanecem em curso, com o objetivo de identificar todos os envolvidos no esquema criminoso. A Polícia Civil do Estado do Pará reitera seu compromisso institucional com o combate rigoroso aos crimes contra a ordem tributária, atuando em defesa do interesse público”, afirmou o diretor da Decor.

A ação contou com o apoio fundamental de diversas unidades, demonstrando a capacidade de articulação e a complexidade da apuração: a Decor/DF (Diretoria de Combate à Corrupção do Distrito Federal), o Núcleo de Inteligência Policial (NIP), a Diretoria Estadual de Combate a Crimes Cibernéticos (DECCC) e a Secretaria da Fazenda do Estado do Pará (Sefa), esta última essencial na análise dos aspectos fiscais e na identificação das fraudes tributárias.

A desarticulação de esquemas sofisticados de sonegação e lavagem de dinheiro, como o investigado na operação “Algoritmo”, é crucial não apenas para a recuperação de ativos e a punição dos responsáveis, mas também para o fortalecimento de um ambiente de negócios mais justo e para a garantia de que os recursos públicos sejam devidamente arrecadados e aplicados em benefício da sociedade.


Resumo dos Pontos Centrais: Operação “Algoritmo” Contra Fraude Fiscal e Lavagem no Pará

  • Ação Coordenada: A Polícia Civil do Pará deflagrou a operação “Algoritmo” na quarta-feira (28/5), cumprindo nove mandados de busca e apreensão em Belém, Marabá, Parauapebas e Brasília (DF).
  • Alvo: Um grupo empresarial suspeito de crimes contra a ordem tributária (sonegação) e lavagem de dinheiro, utilizando estrutura complexa e movimentações atípicas.
  • Indícios de Blindagem: Empresas do grupo operavam com saldos bancários zerados e algumas estavam sediadas em um mesmo escritório de contabilidade.
  • Apreensões: Foram recolhidos celulares, documentos, materiais contábeis, dinheiro em espécie e uma arma de fogo.
  • Medidas Judiciais: A Justiça autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário dos investigados e o bloqueio de aproximadamente R$ 5 milhões.
  • Investigação Continua: As apurações prosseguem para identificar todos os envolvidos e a extensão completa do esquema criminoso, com apoio de diversas unidades policiais e da Sefa/PA.

A operação “Algoritmo” é um exemplo significativo do esforço contínuo das autoridades em combater crimes financeiros complexos que minam a integridade do sistema tributário e econômico do país.


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