Quando uma mulher decide empreender, ela enfrenta dificuldades que vão além da gestão do negócio. Para superar os obstáculos, muitas delas encontram em grupos de empreendedoras um ambiente de apoio, aprendizado e colaboração. Esses espaços têm sido fundamentais para o fortalecimento do empreendedorismo feminino, especialmente em periferias, onde elas sofrem as consequências de barreiras estruturais, tanto sociais quanto econômicas.
No Rio de Janeiro, mães moradoras de favelas encontram espaço na ONG Anjos da Tia Stellinha para desenvolverem suas habilidades empreendedoras, a partir de uma visão sistêmica de inclusão produtiva. Por mês, aproximadamente 200 mulheres participam das atividades que incluem capacitação profissional em diversos cursos, entre eles, tecnologia, cuidado, beleza e culinária. O trabalho alcança 14 favelas da capital, entre elas comunidades do Morro dos Macacos.
- Assista ao comentário da diretora do Sebrae Margarete Coelho sobre os desafios do empreendedorismo feminino.
A fundadora da ONG, a assistente social Stellinha Moraes, conta que em um primeiro momento essas mães nem se reconhecem como empreendedoras. Ela explica que a inclusão produtiva das mulheres periféricas explora a transversalidade do empreendedorismo, por isso, a instituição atua na perspectiva social e pessoal com atendimento psicológico, grupos terapêuticos temáticos e oficinas de vínculos.
No grupo do empreendedorismo, temos uma psicóloga que trabalha os obstáculos para essa mulher gerar renda, promovendo o autoconhecimento e autovalor. Isso é necessário porque mesmo depois da capacitação profissional, a maioria ainda não acredita que é boa o suficiente para vender seus produtos ou serviços. Não têm visão de mercado.
Stellinha Moraes, fundadora da ONG Anjos da Tia Stellinha.
À frente da ONG há 13 anos, Stellinha compartilha que, por meio de oficinas de vínculos e rodas de terapia, foram se formando redes de apoio. “Elas possuem dores em comum e se fortalecem não apenas no discurso, mas também na convivência e na amizade. Disso surgem parcerias para vender produtos e fazer negócios”, ressalta.
A coordenadora do Sebrae Rio, Renata Roqui, destaca que a troca de experiências dentro dessas comunidades fortalece a resiliência e a inovação nos negócios liderados por mulheres na periferia. “Compartilhar boas práticas e aprendizados permite que elas encontrem soluções eficazes para seus negócios, reduzindo erros e acelerando o crescimento”, enfatiza.
Na capital fluminense, um dos projetos desenvolvidos pelo Sebrae é o Conexão Terceiro Setor que seleciona instituições do terceiro setor que atuam com empreendedorismo para participar de ações voltadas ao desenvolvimento da instituição, com cursos de formação de lideranças para iniciativas sociais, entre outras. Além disso, as organizações mais bem avaliadas recebem suporte para implantar atividades de inclusão produtiva e geração de renda em seus espaços, integrando as capacitações do Sebrae diretamente às suas rotinas.

Na linguagem da quebrada
Na Zona Leste de São Paulo, o Coletivo Meninas Mahin, há quase 10 anos, promove feiras e eventos com participação de empreendedoras pretas da periferia, proporcionando um espaço de formação e capacitação na prática junto com ações afirmativas. Formada em Administração e especializada em Gênero e Etnias pela USP, a fundadora da iniciativa, Ednusa Ribeiro destaca que o diferencial do Coletivo é falar a linguagem que essas mulheres entendem.
Levamos o conhecimento técnico e acadêmico para perto dessas mulheres com a linguagem da rua, de acordo com a realidade delas.
Ednusa Ribeiro, fundadora do coletivo.
Ednusa explica que o Coletivo atua como rede de apoio ao tirar dúvidas, indicar atividades, fortalecer o networking. “Percebemos que mais do que falar de negócio, era preciso levantar a autoestima dessa mulher, principalmente com o recorte de gênero e raça”, avalia.
Segundo ela, durante as rodas de conversa, as mulheres não falam apenas dos seus produtos ou serviços. “Elas têm oportunidade de discutir a estrutura familiar e psicológica delas. Temos casos de mulheres que não saíam de casa e não tinham independência financeira. Outras que precisavam de autorização do marido para sair. Isso em pleno século XXI”, comenta.
Por meio de seis comunidades no Whatsapp, o Coletivo Meninas Mahin compartilha conteúdos com as empreendedoras. Também abre portas para elas comercializarem seus produtos em lojas e fazem parcerias estratégicas para que as mulheres se capacitem com ferramentas reais do seu cotidiano. Além de São Paulo, as feiras também já foram realizadas no Rio de Janeiro, Bahia, Maranhão, Alagoas e localidades no Rio Grande do Sul.
Fonte: SEBRAE
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