O total de startups no Brasil vem crescendo cada vez mais. De acordo com a Associação Brasileira de Startups, de 2015 a 2019, o número saltou de 4.151 para 12.727 startups criadas, representando um aumento de 207%. Por outro lado, ainda segundo a ABStartups, 9 em cada 10 startups encerram suas atividades antes mesmo de seus negócios entrarem de fato no mercado. Isso provoca o questionamento: qual é a melhor forma de gerir uma startup?
Uma das possibilidades mais efetivas é a prática do OKR – Objectives and Keys Results – Objetivos e Resultados Chaves. Uma ferramenta de execução de estratégia que, para entregar melhor seus benefícios, requer uma forma de pensar diferente do que estamos acostumados, onde é preciso compreender e ajustar os processos e a cultura vigentes.
Implementar OKR em uma startup não é tão diferente do que nas demais empresas, mas é de certa forma mais simples. Como as pessoas se uniram há pouco tempo e estão começando a explorar um determinado produto ou problema, podemos dizer que ainda não há processos bem estabelecidos e nem uma cultura vigente na organização. O que facilita a abordagem, mesmo que cada um carregue seu próprio histórico e vícios, é a união em torno do mesmo ideal. E nesse ponto, as startups são bem diferentes de empresas tradicionais, pois estas carregam mais história, mais vícios e, via de regra, existem muitos silos na organização.
Para que a ferramenta OKR funcione é necessário colocar em prática os ciclos e garantir que a organização e o time entendam os impactos dessa nova ferramenta de gestão no ambiente. Ninguém aprende a metodologia direito sem de fato colocá-la em prática, recomendo treinar facilitadores e garantir a inserção dos OKRs corretamente no sistema de gestão da empresa. Utilizando a abordagem certa, é possível obter bons resultados mais rapidamente do que em grandes companhias, por menos complexidade das conexões, processos vigentes etc.
Porém, existem alguns fatores que podem vir a atrapalhar a implementação da ferramenta. Um problema evidente é o anseio por conseguir resultados imediatos, fazendo com que as pessoas abandonem o esforço no meio do processo e percam os benefícios da adoção. Os produtos que estão sendo testados dificilmente vão dar resultado em curto prazo sem alguns erros no início, a mesma coisa acontece com o OKR. É por isso que se desistirem precocemente, não alcançarão sucesso.
Em geral, falta um pouco de maturidade aos líderes ou fundadores das startups, que costumam ser pessoas mais jovens e que querem tudo o mais rápido possível. É preciso que tenham paciência, independente da idade e da ansiedade em ver o negócio dar certo o quanto antes, para que ajam de forma eficaz e consigam colocar seus sonhos em prática, atingindo os resultados desejados.
O OKR é uma ótima alternativa para gerenciar esse tipo de empresa, pois traz clareza de direção, alinha todos do time em torno dos temas mais importantes, ajudando a não perder o foco. Sabemos que muitas vezes, há boas opções válidas que podem ser exploradas e trazer bons resultados, mas é preciso saber dizer não para algumas delas e priorizar aquelas que de fato vão alavancar o negócio. E no final das contas, o método vai possibilitar atingir os melhores resultados de maneira mais rápida porque todos estão engajados, envolvidos, no processo.
Além disso, a ferramenta também propõe ajustes constantes nos planos das empresas, independentemente do porte, o que é ideal para uma startup. Afinal, normalmente, trata-se de um negócio novo, que precisa rearranjar suas estratégias com frequência, não só em função de mudanças externas, que afetam empresas de todos os portes e tempo de vida, mas também da construção do negócio.
Por Pedro Signorelli tem 20 anos de experiência no mercado corporativo, tornou-se especialista na implementação do método OKR.
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Fonte: Jornal Contábil
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